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sábado, 28 de maio de 2011

O ENSINAMENTO VIVO


Em observando qualquer edificação ou serviço, Maria Carmem não faltava à crítica.


Ante um vestido das amigas, exclamava sem-cerimônia:


- O conjunto é tolerável, mas as particularidades deixam muito a desejar. A gola foi extremamente malfeita e as mangas estão defeituosas.


Perante um móvel qualquer, rematava as observações irônicas com a frase:


- Não poderiam fazer coisa melhor?


E, à frente de qualquer obra de arte, encontrava traços e ângulos para condenar.


A Mãezinha, preocupada, estudou recursos de dar-lhe proveitoso ensinamento.


Foi assim que, certa manhã, convidou a filha a visitar, em sua companhia, a construção de um edifício de vastas linhas. A jovem, que não podia adivinhar-lhe o plano, seguiu-a, surpreendida.


Percorreram algumas ruas e pararam diante do arranha-céu a levantar-se.


A senhora pediu a colaboração do engenheiro-chefe e passou a mostrar à filha os vários departamentos. Enquanto muitos servidores abriam acomodações para os alicerces, no chão duro, manobrando picaretas, veículos pesados transportavam terra daqui para ali, com rapidez e segurança. Pedreiros começavam a erguer paredes, suarentos e ágeis, sob a atenciosa vigilância dos técnicos que orientavam os trabalhos. Caminhões e carroças traziam material de mais longe. Carregadores corriam na execução do dever.


O diretor das obras, convidado pela matrona a pronunciar-se sobre a edificação, esclareceu gentil:


- Seremos obrigados a inverter volumoso capital para resgatar as despesas. Requisitaremos, ainda, a colaboração de centenas de trabalhadores especializados. Carpinteiros, estucadores, vidraceiros, pintores, bombeiros e eletricistas virão completar-nos o serviço. Qualquer construção reclama toda uma falange de servos dedicados.


A menina, revelando-se impressionada, respondeu:


- Quanta gente a pensar, a cooperar e servir!...


- Sim – considerou o chefe, sorrindo expressivamente -, edificar é sempre muito difícil.


Logo após, mãe e filha apresentaram as despedidas, encaminhando-se, agora, para velho bairro.


Vararam algumas travessas e praças menores agradáveis e chegaram
à frente de antiga casa em demolição. Viam-se-lhe as linhas nobres, no estilo colonial, através das alas que ainda se achavam de pé. Um homem, apenas ali se encontrava, usando martelo de tamanho gigantesco, abatendo alvenaria e madeirame. Ante a queda das paredes a ruírem com estrondo, de minuto a minuto, a jovem observou:


- Como é terrível arruinar, deste modo, o esforço de tantos!


A Mãezinha serena interveio, então, e falou, conselheiralmente:


Chegamos filha, ao fim do ensinamento vivo que buscamos. Toda a realização útil na Terra exige a paciência e o suor, o trabalho e o sacrifício de muita gente. Edificar é muito difícil. Mas destruir e eliminar é sempre muito fácil. Bastará uma pessoa de martelo à mão para prejudicar a obra de milhares. A critica destrutiva é um martelo que usamos criminosamente, ante o respeitável esforço alheio. Compreendeu?


A jovem fez um sinal afirmativo com a cabeça e, daí em diante, procurou ajudar a todos ao invés de macular, desencorajar e ferir.


Livro: Alvorada Cristã – Médium: Chico Xavier – Espírito: Néio Lúcio.
Fonte da imagem: Internet

sábado, 21 de maio de 2011

O EXÉRCITO PODEROSO


O exército poderoso, à nossa disposição, está constituído, na atualidade, por vinte e três soldadinhos do progresso.


Separam-se, movimentam-Se, entrelaçam-se e dominam o grande país das idéias.


Sem eles, cresceríamos para a sombra, quando não para a brutalidade.


Em companhia desses auxiliares pequeninos, penetramos os santuários da ciência e da arte, aperfeiçoando a vida.


Quem os não conhece?


Estão nos documentos mais importantes.


Fazem as mensagens telegráficas e as receitas dos médicos.


Dão notícias de outras regiões e de outros climas.


Contam as surpresas do Céu, explicam alguma coisa das estrelas longínquas.


Fornecem avisos preciosos.


São emissários do carinho entre os filhos e as mães distantes.


Raros recordam os benefícios imensos que todos devemos a esses ajudantes minúsculos. No entanto, eles nos servem sem recompensa. Nada reclamam pelo trabalho que nos prestam. Alimentam as raízes dos valiosos conhecimentos dos administradores, dos juizes, dos médicos, dos artistas, sem qualquer remuneração.


Instrumentos das luzes espirituais que se transmitem, de cérebro a cérebro, enriquecem a vida; porém, assim como quase nunca nos lembramos de louvar a água, o vento e a planta, que representam gloriosas dádivas do Altíssimo, muito raramente lhes observamos os serviços. Jamais se cansam. Vivem no pensamento, de onde se expandem, amparando-nos os interesses e as realizações.


Os maus se utilizam deles para fazer a guerra; os bons empregam-nos na edificação da paz e do conforto, para a redenção e felicidade do mundo.


Esses soldadinhos humildes e prestimosos são as letras do alfabeto. Sem a cooperação deles, o mundo não seria tão belo e a vida não seria tão boa, porque o acesso ao reino espiritual se tornaria extremamente difícil.


Aprender a trabalhar com esses pequenos auxiliares da inteligência é buscar tesouros imperecíveis.


O castelo da cultura humana começa sobre a colaboração deles e vai até à pátria divina, onde mora a sabedoria dos anjos.


Livro: Alvorada Cristã – Médium: Chico Xavier – Espírito: Néio Lúcio.
Fonte da imagem: Internet

sábado, 14 de maio de 2011

A GALINHA AFETUOSA




Gentil galinha, cheia de instintos maternais, encontrou um ovo de regular tamanho e espalmou as asas sobre ele, aquecendo-o carinhosamente. De quando em quando, beijava-o, enternecida. Se saía a buscar alimento, voltava apressada, para que lhe não faltasse calor vitalizante. E pensava garbosa: - "Será meu pintainho! será meu filho!”.


Em formosa manhã de céu claro, notou que o filhotinho nascia robusto.


Criou-o, com todos os cuidados. No entanto, em dourado crepúsculo de verão, viu-o fugir pelas águas de um lago, sobre as quais deslizava contente. Chamou-o, como louca, mas não obteve resposta. O bichinho era um pato arisco e fujão.


A galinha, desalentada por haver chocado um ovo que lhe não pertencia à família, voltou muito triste, ao velho poleiro; todavia, decorrido algum tempo e encontrando outro ovo, repetiu a experiência.


Nova criaturinha frágil veio à luz. Protegeu-a, com ternura, dedicou-se ao filho com todas as forças, mas, em breve, reparou que não era um pintainho qual fora, ela mesma, na infância. Tratava-se dum corvo esperto que a deixou em doloroso abatimento, voando a pleno céu, para juntar-se aos escuros bandos de aves iguais a ele.


A desventurada mãe sofreu muitíssimo. Entretanto, embora resolvida a viver só, foi surpreendida certo dia, por outro ovo, de delicada feição. Recapitulou as esperanças maternas e chocou-o. Dentro em pouco, o filhote surgia. A galinha afagou-o, feliz, com o transcurso de algumas semanas, observou que o filho já crescido perseguia ratos à sombra. Durante o dia, dava mostras de perturbação e cego; no entanto, em se fazendo a treva, exibia olhos coruscantes que a amedrontavam. Em noite mais escura, fugiu para uma torre muito alta e não mais voltou. Era uma coruja nova, sedenta de aventuras.


A abnegada mãe chorou amargamente. Porém, encontrando outro ovo, buscou ampará-lo. Aninhou-se, aqueceu-o e, findos trinta dias, veio à luz corpulento filhote. A galinha ajudou-o como pôde, mas, em breve, o filho revelou crescimento descomunal. Passou a mirá-la de alto a baixo. Fêz-se superior e desconheceu-a. Era um pavãozinho orgulhoso que chegou mesmo a maltratá-la.


A carinhosa ave, dessa vez, desesperou em definitivo. Saiu do galinheiro gritando e dispunha-se a cair nas águas de rio próximo, em sinal de protesto contra o destino, quando grande galinha mais velha a abordou, curiosa, a indagar dos motivos que a segregavam em tamanha dor.


A mísera respondeu, historiando o próprio caso.


A irmã experiente estampou no olhar linda expressão de complacência e considerou, cacarejando:


- Que é isto amiga? não desespere. A obra do mundo é de Deus, nosso Pai. Há ovos de gansos, perus, marrecos, andorinhas e até de sapos e serpentes, tanto quanto existem nossos próprios ovos.


Continue ajudando em nome do Poder Criador; entretanto, não se prenda aos resultados do serviço que pertencem a Ele e não a nós, mesmo porque a escada para o Céu é infinita e os degraus são diferentes. Não podemos obrigar os outros a serem iguais a nós, mas é possível auxiliar a todos, de acordo com as nossas possibilidades. Entendeu?


A galinha sofredora aceitou o argumento, resignou-se e voltou mais calma, ao grande parque avícola a que se filiava.


O caminho humano estende-se, repleto de dramas iguais a este. Temos filhos, irmãos e parentes diversos que de modo algum se afinam com as nossas tendências e sentimentos. Trazem consigo inibições e particularidades de outras vidas que não podemos eliminar de pronto. Estimaríamos que nos dessem compreensão e carinho, mas permanecem imantados a outras pessoas e situações, com as quais assumiram inadiáveis compromissos. De outras vezes, respiram noutros climas evolutivos.


Não nos aflijamos, porém.


A cada criatura pertence à claridade ou a sombra, a alegria ou a tristeza do degrau em que se colocou.


Amemos sem o egoísmo da posse e sem qualquer propósito de recompensa, convencidos de que Deus fará o resto.




Livro: Alvorada Cristã – Médium: Chico Xavier – Espírito: Néio Lúcio.

sábado, 7 de maio de 2011

NA SEMENTEIRA DO AMOR




Ajuda sempre, filho meu.


Pensa no bem, exalta-lhe a grandeza e intensifica-lhe os dons na Terra.


A glória mais expressiva do perdão não reside tanto na superioridade daquele que o dispensa, mas sim na soma de benefícios gerais que virão depois dele, O mais alto valor do concurso fraterno não está contido no socorro às necessidades materiais de ordem imediata e, sim, no estimulo à confiança e à fraternidade.


Somente os espíritos em desequilíbrio extremo, fundamente cristalizados no mal, menosprezam as manifestações do bem.


Sei que é difícil julgar o destino de uma dádiva e, por vezes, teu pensamento se perde, inutilmente, em complicadas conjeturas.


“Terei dado para o bem? terei dado para o mal?” — interrogas a ti mesmo.


Mas, se não deste quanto possuis, se apenas concedeste migalhas do tesouro que o Senhor te confiou, não poderás ajudar ao próximo, tranquilamente, em nome do mesmo generoso Senhor que tudo te emprestou no mundo, a título precário?


Claro que te não rogo favorecer o crime e a desordem visíveis ao nosso olhar. Entretanto, se te posso pedir alguma coisa, em tempo algum te negues à cooperação fraterna.


Não abandones o enfermo, receando aborrecimentos, e nem fujas ao irmão desditoso que caiu nas malhas da justiça, temendo dissabores.


Se tua bondade não for compreendida, aprende a esperar.


Não é mais cristão aquele que serve por amor de servir, sem qualquer expectativa de remuneração?


Não te esqueças de que o Mestre foi conduzido ao madeiro da angústia, por ajudar e amar sempre...


Erra, auxiliando.


Será melhor assim, porque todos estamos sob o olhar da Vigilância Divina.


O homem que ajuda por vaidade e ostentação, quase sempre, em pouco tempo, cria para si mesmo o hábito de auxiliar, atingindo sublimes virtudes. Aquele, porém, que muito fiscaliza os beneficiados e raciocina com excesso quanto ao “dar” e ao “não dar” converte-se, não raro, em calculista da piedade, a endurecer o coração, por séculos numerosos.


Ouve! Estamos à frente do tempo infinito...


É imprescindível semear.


Não adubes o vício e o crime. Todavia, não olvides que é necessário plantar muito amor, para que o amor nos favoreça.




Livro: Alvorada Cristã – Médium: Chico Xavier – Espírito: Néio Lúcio.