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sábado, 26 de maio de 2012

O PROVEITO COMUM

Dentro da noite muito clara, os companheiros reunidos em casa de Pedro comentavam as dificuldades na divulgação das idéias redentoras.

Muita gente se valia do socorro de Jesus, buscando vantagens próprias.

Certo negociante provocava o ajuntamento popular em determinada região da praia, a fim de estimular a venda de vinhos; carroceiros vulgares intensificavam a propaganda do Reino Celeste, nas cercanias, não com o objetivo de se tornarem melhores, mas para alugarem veículos diversos a doentes de longe, interessados na assistência do Mestre.

O parecer de quase todos os apóstolos era inquietante e desalentador.

Foi quando o Divino Amigo, tomando a palavra, explanou:

— Certo filósofo, mergulhado nos estudos da Revelação Divina, possuía um discípulo que nunca se conformava com a incompreensão do povo quanto às verdades celestes.

Inflamava- se, de minuto a minuto, contra os maus, os ingratos ou os hipócritas, que abusavam dos elevados ensinamentos de que se via portador.

O mestre ouvia-o e guardava silêncio, até que numa linda manhã, vindo um aguaceiro rápido de estio, convidou-o para um breve passeio até o campo próximo, depois de refeita a paisagem.

Não haviam andado meia-milha, quando avistaram vasta faixa de pântano; e o orientador, observando que o charco recebia a água da chuva, explicou: — Eis que o lodaçal recolhe o líquido celeste e com ele faz imundo caldo, mas existem batráquios que se beneficiarão com segurança e eficiência, porquanto, se não chovesse, provavelmente estas águas escuras se transformariam em veneno mortal.

Depois de alguns passos, encontraram poças de enxurrada nos recôncavos de terra dura, e o mentor, analisando-as, acrescentou: — Aqui, a fonte jorrada do firmamento é agora lama desagradável; entretanto, que seria deste chão estéril se a água divina o não visitasse? Amanhã, talvez veremos neste solo perfumada floração de lírios rústicos.

Marcharam adiante e detiveram-se na contemplação de algumas árvores nuas.

A água, nos galhos ressequidos, parecia cinzenta e fétida, mas o instrutor esclareceu: — Nestas árvores abandonadas, a bênção da chuva cristalina se fez pesada e sombria; no entanto, que lhes aconteceria se as dádivas do Alto as não beneficiassem? Possivelmente, morreriam, em breve, até as raízes.

Em poucas semanas, porém, cobrir-se-ão de ramagens fartas, servindo aos lares abençoados dos passarinhos.

Demandaram além e descobriram alguns pessegueiros, cujas flores guardavam as gotas do céu, com tanta beleza, que mais se assemelhavam, dentro delas, a diamantino orvalho, levemente irisado pela claridade solar.

O mestre, indicando-as, disse: — Aqui, as pétalas puras conservaram o dom celeste com absoluta fidelidade e, muito em breve, serão perfume e beleza em excelentes frutos para o banquete da vida.

Logo após, espraiando o olhar pela paisagem enorme, falou ao discípulo espantado: — Jamais censures o manancial do socorro celeste.

Cada homem lhe recebe o valor no plano em que se encontra.

Guardando-lhe os princípios sublimes, o criminoso se faz menos cruel, o pior se mostra menos mau, o imperfeito melhora, o infortunado encontra alívio e os bons se engrandecem para maior amplitude no serviço ao Nosso Pai.

Se possuis raciocínio suficiente para discernir a realidade, não te percas em reprovações vazias.

Aprende com o Supremo Senhor que ajuda sempre, de acordo com a posição e a necessidade de cada um, e distribui com todos os que te cercam os bens do Céu que já podes reter com fidelidade e o Céu te abrirá o acesso a tesouros sem-fim...

Terminada que foi a narrativa, Jesus calou-se.

Os apóstolos, como se houvessem recebido sublime lição em tão poucas palavras, entreolharam- se, expressivamente, silenciosos e felizes.

O Senhor, então, abençoou-os e retirou-se para as margens do lago, fitando, pensativo, as constelações que tremeluziam distantes...

Livro: Jesus no Lar, lição 48 - Médium: Chico Xavier – Espírito: Néio Lúcio.
Fonte da imagem: Internet Google.

sábado, 19 de maio de 2012

O IMPERATIVO DA AÇÃO

Explanavam os aprendizes, acaloradamente, sobre as necessidades de preparação para o Reino Divino.

Filipe, circunspecto, salientava o impositivo da meditação.

Tiago, o mais velho, opinava pelo retiro espiritual; os discípulos do movimento renovador, a seu ver, deviam isolar-se em zona inacessível ao pecado.

João optava pela adoração constante, chegando ao extremo de sugerir o abandono das atividades profissionais, por parte de cada um, a fim de poderem entoar hosanas contínuos ao Pai Amantíssimo.

Bartolomeu destacava a necessidade do jejum incessante, com abstenção de todo contacto com as pessoas impuras.

Chamado à manifestação direta pela palavra indagadora de Simão, Jesus perguntou, nominalmente:

— Pedro, qual é a água que desprende miasmas pestilênciais?

— Sem dúvida — respondeu o apóstolo, intrigado —, é a água estagnada, sem proveito.

Sorridente, dirigiu-se ao filho de Alfeu, indagando:

— Tiago, qual é o peixe que flutua inerte na onda? — É o peixe morto, Senhor — redargüiu o discípulo, desapontado.

— Bartolomeu, qual é a terra que se enche de matagais daninhos à plantação útil? O interpelado pensou, pensou e esclareceu:

— Indiscutivelmente, é a terra boa desprezada, porque o solo empedrado e áspero é quase sempre estéril.

O Mestre, evidenciando sincera satisfação, concentrou a atenção em Tadeu e inquiriu: Tadeu, qual é a túnica que se converte em ninho da traça destruidora?

— É a túnica não usada.

Endereçando expressivo gesto a Judas, interrogou: — Que acontece ao talento sepultado?

— Perde-se por inútil, Senhor.

Logo após, assinalou com o olhar um dos filhos de Zebedeu e falou, mais incisivo: — Tiago, onde se acoitam as serpentes e os lobos? — Nos lugares em ruína ou votados ao abandono.

— André — disse o Cristo, fixando o irmão de Pedro —, qual é, em verdade, a função do fermento?

— Mestre, a missão do fermento é dar vida ao pão.

Em seguida, pousando nos companheiros o olhar penetrante e doce, acrescentou, bem-humorado:

— O tempo está repleto de adoradores e a miséria rodeia Jerusalém.

Se a luz não serve para expulsar as trevas, se o pão deve fugir ao faminto e se o remédio precisa distanciar-se do enfermo, onde encontraremos proveito no trabalho a que nos propomos? O Reino Divino guarda o imperativo da ação por ordem fundamental.

Sigamos para diante e propaguemos a verdade salvadora, através dos pensamentos, das palavras, das obras e de nossas próprias vidas.

O Todo-Sábio criou a semente para produzir com o infinito.

Desce do alto a claridade do Sol cada dia para extinguir as sombras da Terra.

Não é outro o ministério da Boa Nova.

Amar, servindo, é venerar o Pai, acima de todas as coisas; e servir, amando, é amparar o próximo como a nós mesmos.

Pautar-se por estas normas, em nosso movimento de redenção, é praticar toda a Lei.

Livro: Jesus no Lar, lição 45 - Médium: Chico Xavier – Espírito: Néio Lúcio.
Fonte da imagem: Internet Google.

sábado, 5 de maio de 2012

O VENENOSO ANTAGONISTA

Diante da noite, refrescada de brisas cariciantes, Filipe, de mãos calejadas, falou das angústias que lhe povoavam a alma, com tanta emotividade e amargura que aflitivas notas de dor empolgaram a assembléia.

E interpelado pelo respeitoso carinho de Pedro, que voltou a tanger o problema das tentações, o Mestre contou, pausadamente:

— O Senhor, Nosso Pai, precisou de pequeno grupo de servidores numa cidade revoltada e dissoluta e, para isso, localizou no centro dela uma família de cinco pessoas, pai, mãe e três filhos que o amavam e lhe honravam as leis sábias e justas.

Aí situados, os felizes colaboradores começaram por servi-lo, brilhantemente.

Fundaram ativo núcleo de caridade e fé transformadora que valia por avançada sementeira de vida celeste; e tanto se salientaram na devoção e na prática da bondade que o Espírito das Trevas passou a mover-lhes guerra tenaz.

A princípio, flagelou-os com os morcegos da maledicência; todavia, os servos sinceros se uniram na tolerância e venceram.

Espalhou ao redor deles, logo após, as sombras da pobreza; contudo, os trabalhadores dedicados se congregaram no serviço incessante e superaram as dificuldades.

Em seguida, atormentou-os com as serpentes da calúnia; entretanto, os heróis desconhecidos fizeram construtivo silêncio e derrotaram o escuro perseguidor.

Depois de semelhantes ataques, o Gênio Satânico modificou as normas de ação e enviou-lhes os demônios da vaidade, que revestiram os servos fiéis do Senhor de vastas considerações sociais, como se houvessem galgado os pináculos do poder de um momento para outro; entretanto, os cooperadores previdentes se fizeram mais humildes e atribuíam toda a glória que os visitava ao Pai que está nos Céus.

Foi então que os seres escarninhos e perversos encheram-lhes a casa de preciosidades e dinheiro, de modo a entorpecer-lhes a capacidade de trabalhar; mas o conjunto amoroso, robustecido na confiança e na prece, recebia moedas e dádivas, passando-as para diante, a serviço dos desalentados e dos aflitos.

Exasperado, o Espírito das Trevas mandou-lhes, então, o Demônio da Tristeza que, muito de leve, alcançou a mente do chefe da heróica família e disse-lhe, solene:

— És um homem, não um anjo...

Não te envergonhas, pois, de falar tão insistentemente no Senhor, quando conheces, de perto, as próprias imperfeições? Busca, antes de tudo, sentir a extensão de tuas fraquezas na carne!...

Chora teus erros, faze penitência perante o Eterno! Clama tuas culpas, tuas culpas!...

Registrando a advertência, o infeliz alarmou-se, esqueceu-se de que o homem só pode ser útil à grandeza do Pai, através do próprio trabalho na execução dos celestes desígnios e, entristecendo-se profundamente, acreditou-se culpado e criminoso para sempre, de maneira irremediável.

Desde o instante em que admitiu a incapacidade de reerguimento, recusou a alimentação do corpo, deitou-se e, decorridos alguns dias, morreu de pesar.

Vendo-o desaparecer, sob compacta onda de lamentações e lágrimas, a esposa seguiu-lhe os passos, oprimida de inominável angústia, e os filhos, dentro de algumas semanas, trilharam a mesma rota.

E assim o venenoso antagonista venceu os denodados colaboradores da crença e do amor, um a um, sem necessidade de outra arma que não fosse pequena sugestão de tristeza.

Interrompeu-se a palavra do Mestre, por longos instantes, mas nenhum dos presentes ousou intervir no assunto.

Sentindo, assim, que os companheiros preferiam guardar silêncio, o Divino Amigo concluiu expressivamente:

— Enquanto um homem possui recursos para trabalhar e servir com os pés, com as mãos, com o sentimento e com a inteligência, a tristeza destrutiva em torno dele não é mais que a visita ameaçadora do Gênio das Trevas em sua guerra desventurada e persistente contra a luz.

Livro: Jesus no Lar, lição 40 - Médium: Chico Xavier – Espírito: Néio Lúcio.
Fonte da imagem: Internet Google.