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sábado, 22 de fevereiro de 2014

A BALANÇA

Quando menino eu vivia brigando com meus companheiros de brinquedos. E voltava para casa lamuriando e queixando-me deles.

Isto ocorria, as mais das vezes, com Beto, o meu melhor amigo.

Um dia, quando corri para casa e procurei mamãe para queixar-me do Beto ela me ouviu e disse o seguinte:

- Vai buscar a sua balança e os blocos.

- Mas, o que tem isso a ver com o Beto?

- Você verá... Vamos fazer uma brincadeira.

Obedeci e trouxe a balança e os blocos. Então ela disse:

- Primeiro vamos colocar neste prato da balança um bloco para representar cada defeito do Beto.

Conte-me quais são.

Fui relacionando-os e certo número de blocos foi empilhado daquele lado.

- Você não tem nada mais a dizer?

Eu não tinha e ela propôs: Então você vai, agora, enumerar as qualidades dele. Cada uma delas será um bloco no outro prato da balança.

Eu hesitei, porém ela me animou dizendo:

- Ele não deixa você andar em sua bicicleta? Não reparte o seu doce com você?

Concordei e passei a mencionar o que havia de bom no caráter de meu amiguinho. Ela foi colocando os blocos do outro lado. De repente eu percebi que a balança oscilava. Mas vieram outros e outros blocos em favor do Beto.

Dei uma risada e mamãe observou:

- Você gosta do Beto e ficou alegre por verificar que as suas boas qualidades ultrapassam os seus defeitos. Isso sempre acontece, conforme você mesmo vai verificar ao longo de sua vida.

E de fato. Através dos anos aquele pequeno incidente de pesagem tem exercido importante influência sobre meus julgamentos.

Antes de criticar uma pessoa, lembro-me daquela balança e comparo seus pontos bons com os maus. E, felizmente, quase sempre há uma vantagem compensadora, o que fortalece em muito a minha confiança no gênero humano.

Da obra: Para o Resto da Vida de Wallace Leal V. Rodrigues.

Fonte do texto e imagem: Internet Google.

sábado, 8 de fevereiro de 2014

SURPRESA DE NATAL

Num bairro muito pobre, na periferia de uma grande cidade, morava Paulinho.

De coração bom e generoso, era estimado por todos.

Em sua casa, faltava quase sempre o necessário. O pai trabalhava duro na roça como boia-fria, mas ganhava pouco. A mãe, apesar de dar duro lavando roupas para as famílias mais abastadas, também não recebia muito.

Assim, tudo o que ganhavam era gasto em alimentação, aluguel da casa, água e luz.

Paulinho sonhava com roupas, calçados e brinquedos que via nas vitrines e que nunca poderia ter.

Vestia-se muito pobremente, andava descalço e brincava de faz-de-conta, à falta de um carrinho ou de uma bola.

Apesar de tudo, era feliz, porque amava a todas as pessoas e todos o amavam também.

Pela manhã ia à escola. Ao retornar, ajudava a mãe nos serviços domésticos. Depois, saía para a rua. Sempre aparecia o que fazer.

Prestativo, com sorriso no rosto ajudava a quem estivesse precisando.

Dona Vitória dava-lhe a incumbência de pagar uma conta urgente.

- Claro dona Vitória. Fique tranquila. - respondia ele. Outra hora, passando pela rua, alguém o chamava:

- Paulinho, você faria companhia a Ritinha, enquanto vou fazer compras? Sabe como é, ela é paralítica e pode precisar de alguma coisa enquanto eu estiver ausente...

- Com prazer, dona Benedita.

Aproveito e conto a ela uma história que aprendi na escola.

- Obrigada. Ela fica muito feliz quando você está por perto.

E lá ia Paulinho para a casa de dona Benedita. Entrava, e um lindo sorriso abria-se no rosto da menina de dez anos que, em virtude de uma paralisia infantil não podia andar.

- Ô menino, me ajude a chegar até em casa. Vamos, tenho pressa!
Ninguém gostava do seo José porque era muito ranzinza, mas Paulinho não se incomodava com o jeitão dele.

- Claro, seo José! Como vai sua saúde? Melhorou da bronquite?

Assim, escorando o velho, com muita paciência e boa vontade, Paulinho acompanhou conversando alegremente.

Ele era assim com todos.

Generoso, não apenas ajudava, mas repartia sempre o que ganhava.

Certo dia encontrou uma pedra muito bonita. Era lisinha e brilhava como o Sol, limpou-a bem e guardou-a com carinho. Mais adiante, porém, encontrou André um menino pequeno que chorava.

Tinha levado um tombo e o joelho estava doendo. Paulinho, não teve dúvidas. Tirou a pedra do bolso da calça e afirmou:

- Está vendo esta pedra, André?

- Ela é mágica e vai tirar a sua dor. Fique com ela. É sua!

O garotinho olhou encantado para a pedra e parou de chorar, abrindo um sorriso agradecido.

Na escola, Paulinho ganhou um livro de histórias e logo pensou:
- Vou dar para Ritinha.

Certamente, ela precisa mais dele do que eu. Posso fazer um montão de coisas, mas minha amiga Ritinha só pode ficar naquela cama ou na cadeira de rodas.

O Natal se aproximava. A cidade estava toda bonita, cheia de luzes, de cores e de alegria. Paulinho tinha muita vontade de ganhar um presente, mas sabia que era impossível. Seus pais não tinham dinheiro para isso. Contudo, sempre de bom ânimo, ele pensava:

- Para que quero presente? Jesus já me deu tanta coisa! Tenho saúde, pais amorosos, amigos... Nada me falta!

No dia de Natal, Paulinho saiu de casa. Queria encontrar os amigos.

Mas, todos tinham desaparecido.

Não encontrou ninguém.

Voltou para casa um pouco triste. Afinal, era Natal, dia em que se comemora o nascimento de Jesus, e ele queria cumprimentar seus amigos.

À tardezinha vieram lhe avisar que dona Benedita queria falar com ele.

Sem demora, dirigiu-se até a casa dela. Estranhou que estava tudo escuro. Já era noite e as luzes continuavam apagadas. Bateu devagarzinho.

A porta se abriu e – oh! Surpresa! – as luzes se acenderam e ele foi recebido com uma salva de palmas.

Olhou ao redor. A pequena casa de dona Benedita estava cheia de gente. Todos os seus amigos estavam ali, até o seo José! Tinha árvore de Natal e enfeites pelas paredes.

- Mas... Mas o que está acontecendo? – gaguejou espantado ao ver todo aquele povo ali reunido.

Ritinha sorriu e explicou:

- Resolvemos fazer uma festa para você, Paulinho! Por tudo o que você tem feito a todos nós, receba o nosso agradecimento.

- E, tirando de debaixo das cobertas uma caixa, falou:

- Este é o meu presente! FELIZ NATAL!

Sem poder acreditar no que estava acontecendo, com lágrimas nos olhos, Paulinho viu a cara de um cachorrinho malhado de preto e branco, com uma fita vermelha amarrada no pescoço.

Tomou o animalzinho nos braços, acariciando lhe o pelo sedoso.

- Nem sei como agradecer, Ritinha! Sempre quis ter um cachorrinho!

- Pois não agradeça. Você merece muito mais!

Todos o abraçaram desejando-lhe boas festas, inclusive seus pais, também presentes, muito orgulhosos do filho. Cada um lhe entregou um pacote. Dona Vitória, uma roupa que tinha costurado especialmente para ele. Seo José, um par de sapatos que fora do seu filho. O pequeno André entregou- lhe um carrinho, outro um estojo e assim ganhou uma porção de presentes.

Enxugando as lágrimas, Paulinho abriu os braços e só conseguiu dizer cheio de emoção:

- Obrigado! Obrigado! FELIZ NATAL para todos!

E naquela noite, tiveram uma festa animada e agradável exemplificando a fraternidade e a solidariedade que deve prevalecer no coração de todas as criaturas, lembrando a terna mensagem de Jesus.

Autor: Tia Célia (Célia Xavier de Camargo) - Publicado no Jornal O Imortal – Dezembro de 1999.
Fonte do texto e imagem: Internet Google.