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segunda-feira, 23 de março de 2015

AS ROSAS DO INFINITO

Em deslumbrante paisagem da Esfera superior, diversos mensageiros se congregavam em curioso certame. Procediam de lugares diversos e traziam flores para importante aferição de mérito.

Na praça enorme, pavimentada de substância semelhante ao jade, colunas multicores exibiam guirlandas de soberana beleza.

Rosas de todos os feitios e cravos soberbos, gerânios e glicínias, lírios e açucenas, miosótis e crisântemos exaltavam a Sabedoria do Criador em festa espetacular de cores e perfumes.

Envergando túnicas resplendentes, servidores espirituais iam a vinham, à espera dos juízes angélicos.

A exposição singular destinava-se à verificação da existência de luz divina, nos múltiplos exemplares que aí se alinhavam, salientando-se que os espécimes com maior teor de claridade celeste seriam conduzidos ao Trono do Eterno, como preito de amor e reconhecimento dos trabalhadores do bem.

Os julgadores não se fizeram esperados.

Quando a expectação geral se mostrava adiantada, três emissários da Majestade Sublime atravessaram as portas de dourada filigrana e, depois das saudações afetuosas, iniciaram o trabalho que lhes competia. Aquele que detinha mais elevada posição hierárquica trazia nas mãos uma toalha de linho translúcido, o único apetrecho que certamente utilizaria na tarefa de análise das preciosidades expostas.

Cada ramo era seguido de pequena comissão representativa do serviço espiritual em que fora elucidando.

Aproximou-se o primeiro grupo, trazendo uma braçada de rosas, tecidas com as emoções do carinho materno que, lançadas à toalha surpreendente, expediram suaves irradiações em azul indefinível, e os anjos abençoaram o devotamento das mães, que preservam os tesouros de Deus, na posição de heroínas desconhecidas.

Logo após, brilhante conjunto de Espíritos jubilosos deitou ao pano singular uma coroa de lírios, formados pelas vibrações de fervor das almas piedosas que se devotam nos templos ao culto da fé. Safirinas emanações cruzaram o espaço e os celestes embaixadores louvaram os santos misteres de todos os religiosos do mundo.

Em seguida, alegre comissão juvenil trouxe a exame delicado ramalhete de açucenas, estruturadas nos sonhos e nas esperanças dos noivos que sabem guardar a Bênção Divina, e raios verdes de brilho intraduzível se projetaram em todas as direções, enquanto os emissários do Todo-Misericordioso entoaram encômicos aos afetos santificantes das almas.

Lindas crianças foram portadoras de formosa auréola de jasmins, nascidos da ternura infantil, e que, depostos sobre a toalha miraculosa, emitiram alvíssima luz, semelhante a fios de aurora, incidindo sobre a neve.

Depois, pequeno agrupamento de criaturas iluminadas colocou, sob os olhos dos anjos, bela grinalda de cravos rubros, colhidos na renunciação dos sábios e dos heróis, a serviço da Humanidade, que exteriorizaram vermelhas emanações, quais se fossem constituídas de eterizados rubis.

E, assim, cada comissão submeteu ao trabalho seletivo as joias que trazia.

O devotamento dos pais, os laços esponsalícios, a dedicação dos filhos, o carinho dos verdadeiros amigos, a devoção de vários matizes ali se achavam magnificamente representados pelas flores cuja essência lhes correspondia.

Em derradeiro lugar, compareceu a mais humilde comissão da festa.

Quatro almas, revelando características de extrema simplicidade, surgiram com um ramo feio e triste. Eram rosas mirradas, de cor arroxeada, mostrando pontos esbranquiçados a guisa de manchas, a desabrocharem ao longo de hastes espinhosas e repelentes. Depostas, no entanto, sobre a mágica toalha, inflamaram-se de luz solar, a irradiar-se do recinto à imensidão dos Céus.

Os três anjos puseram-se de joelhos. Inesperada comoção encheu de lágrimas os olhos espantados da enorme assembleia. E porque alguns dos presentes chorassem, com interrogações imanifestas, o grande juiz do certame esclareceu, emocionado:

- Estas flores são as rosas de amor que raros trabalhadores do bem cultivam nas sombras do inferno. São glórias do sentimento puro, da fraternidade real, da suprema consagração à virtude, porque somente as almas libertas de todo o egoísmo conseguem servir a Deus, na escória das trevas. Os acúleos que se destacam nas hastes agressivas simbolizam as dificuldades superadas, as pétalas roxas simbolizam o arrependimento e a consolação dos que já se transferiram da desolação para a esperança, e os pontos alvos expressam o pranto mudo e aflitivo dos heróis anônimos que sabem servir sem reclamar…

E, entre cânticos de transbordante alegria, as rosas estranhas subiram rutilantes do Paraíso.

Ó vós, que lutais no caminho empedrado de cada dia, enxugai as lágrimas e esperai! As flores mais sublimes para o Céu nascem na Terra, onde os companheiros de boa vontade sabem viver para a vitória do bem, com o suor do trabalho incessante e com as lágrimas silenciosas do próprio sacrifício.

Livro: Contos e Apólogos – Médium: Chico Xavier – Espírito: Irmão X.

Fonte da imagem: Internet Google.

sábado, 7 de março de 2015

LIÇÃO ESPÍRITA

Internara a filhinha num Lar de crianças sem pais.

Vendendo ilusões, fora antes vendida a um bordel, quando ludibriada nos sentimentos de menina-moça.

Comprometera-se não visitar a filha, a fim de fazê-la ignorar a origem. Desejava-a feliz, fosse educada, que se lhe desse uma profissão digna e despediu-se, emocionada, de alma amarfanhada.

Quatro anos depois, sucumbindo ao peso de cruel enfermidade, buscou rever a filha. Apresentou-se como se lhe fora tia. A pequena, porém, chamou-a “mamãe”.

Sem ocultar as lágrimas, reiterou a condição de tia, cuja irmã desencarnara em situação dolorosa…

Sentia-se desencarnar e informara ao diligente benfeitor da filha que eram poucos os seus dias na Terra.

Suplicou desvelado carinho para a menina.

Recusou-se receber qualquer assistência e partiu…

Um ano após, volveu, renovada.

- Gostaria que o senhor me ouvisse – solicitou.

E narrou que a enfermidade psíquica de uma amiga de infortúnio levara-as a um Centro Espírita, que funcionava no bairro de angústias, onde viviam.

Encontrara ali amparo, assistência moral, orientação.

A pesado sacrifício, começou a frequentar a Casa. À medida que recobrava a saúde, oportunamente, deparou-se naquele recinto com o homem que a infelicitara.

Dominada pelo ódio, que lhe irrompeu intempestivo, acusou-o diante de todos, apontando-o como o destroçador da sua vida…

- É verdade! – Retrucara o acusado – Naquele tempo, eu era igualmente um enfermo… do espírito.

E rogou-lhe perdão.

Ela se comoveu. Afinal, sob o ódio havia o amor magoado.

Tornaram-se amigos.

Há pouco tempo ele lhe prometera matrimônio.

Dissera que a amava.

Aceitara-o.

Ele retirou-a do “comércio carnal” em que vivia e alugara um apartamento onde a hospedou com dignidade.

Respeitavam-se.

Casaram-se logo depois.

- Seria possível, agora, conduzir a filha para o lar? – Indagou, ansiosa.

- Sem dúvida – concordou o amigo.

Prometeu, então, retornar depois, em companhia do esposo.

Ao fim da semana, jovial, fazia-se acompanhar do cônjuge.

Comprovaram a situação nova: moral e legal.

Quando a filhinha foi abraçá-la e o dirigente do Lar explicou que se tratava da sua genitora, respondeu a menina:

- Eu sabia! Orava a Jesus para que Ele me trouxesse minha mamãe de volta.

Reabilitados, agora abrem as mãos da caridade aos que padecem, laborando no santuário onde receberam a medicação espírita para a paz.

A lição espírita promove o homem e reabilita-o.

Só é legítima a crença que soergue e enobrece o crente.

O Espiritismo, por tal razão, é o Consolador, pois que, enxugando as lágrimas, liberta o que chora, levantando-o e dignificando-o, a fim de que não volte à furna do desespero donde se evadiu.

Livro: Espelho D’alma – Médium: Divaldo P. Franco – Espírito: Ignotus.

Fonte da imagem: Internet Google.