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quinta-feira, 15 de setembro de 2016

A DOENÇA DE LULU

O sol já declinara no horizonte. Vovó Amélia, reunida aos garotos, como de costume conversava sobre a vida.

Zezinho comentava:

- Sabe, Vovó, hoje dois garotos brigaram na escola, por causa de uma bola.

- Ah! Mas isso é muito feio. Devemos sempre viver em paz com todos.

- Ora, Vovó, eles já trazem essa rixa de muito longe e por qualquer motivo estão se desentendendo - voltou a falar Zezinho, enquanto os outros garotos faziam sinal de assentimento.

- Bem. Se é assim, creio que a coisa se torna mais complicada, exigindo reparação imediata. Lembremos o ensino de Jesus, que nos manda reconciliar com os nossos adversários, enquanto estamos a caminho com eles. Somente assim viveremos felizes e em paz.

- É, a professora de religião já falou do perdão, mas não adiantou muito. Quem sabe a senhora teria uma história sobre o perdão para nos contar. Poderíamos, então, contar prá eles e, talvez assim, resolvessem acabar a contenda - comentou Lívia.

- Ah! Agora lembrei-me de uma história muito bonita e que fala sobre a lei do perdão.

Fiquem em silêncio, que a contarei. E, após breve pausa, a Vovó, começou:

- Esta é a história de Lulu, a lebre que morava na Floresta Alegre.

Conta-se que outrora Lulu tinha uma grande plantação de cenouras. Ela mesma cultivava com muito esmero, dali tirando o seu sustento e de sua família.

Todos colaboravam na sua preservação. Tudo aconteceu quando, um dia, Lulu foi colher cenouras para o almoço. Notou que muitas delas haviam desaparecido, não sabia como.

Recolheu a quantidade necessária para a refeição daquele dia e seguiu para casa de cenho franzido. Ficara preocupada. Quem teria retirado as cenouras?

Na hora do almoço, toda a família reunida, indagou:

- Algum de vocês colheu cenouras, de ontem para hoje?

Responderam negativamente.

- Pois alguém anda surrupiando nossas cenouras e precisamos estar atentos para impedir que isto volte a acontecer. Quem quiser cenouras, que as plante - acrescentou Lulu, visivelmente irritada.

Todos os seus familiares resmungaram agitados e descontentes, após suas palavras.

Resolveram montar guarda na plantação, dali por diante. Por nenhum momento, esta deveria ficar sem os atentos olhos de algum deles.

Os dias se passaram. Mas, apesar da vigilância cerrada, as cenouras continuavam desaparecendo.

Lulu quase foi à loucura. Prometeu que ela mesma montaria guarda naquele dia, e assim o fez.

Após muito esperar, já quase desistira. De repente, percebeu um pé de cenoura sendo rapidamente puxado para o interior da terra.

Correu para ver quem era. Contudo, somente depois de mais quatro pés succionados, conseguiu divisar o invasor responsável.

Um pequeno filhote de lebre cavara um túnel subterrâneo e era quem estava lesando a plantação de Lulu.

Entretanto, Lulu não quis saber se era filhote ou adulto; partiu para cima do intruso e o obrigou a devolver as cenouras, falando em seguida:

- Vá embora daqui e aprenda a trabalhar.

- Mas, Senhora...- assustado, o filhote tentava argumentar.

Lulu não o deixou prosseguir:

- Não me interessa o que você tenha a dizer. Só quero que abandone minha plantação, agora mesmo.

Cabisbaixo e triste, este afastou-se derramando uma lágrima, que Lulu não chegou a perceber.

Passaram-se os dias sem nenhuma novidade na plantação. Lulu, porém, não havia perdoado. Guardando a mágoa dentro de si, adoeceu e, pouco a pouco, o seu corpo definhava, como se fosse o prelúdio de um fim próximo.

Todos já temiam que tal pudesse acontecer, dado a fraqueza que a possuía, quando resolveram apelar para o Dr. Corujão, na esperança de que este solucionasse a enfermidade que a deixava abatida e em quebranto.

Às pressas, correram a chamá-lo. Este não se fez esperar. Chegando à casa de Lulu, depois de cumprimentar a todos, pediu para ficar a sós com a doente, a fim de examiná-la.

Após alguns instantes, verificando que nada tinha de anormal no funcionamento de seu organismo, começou a conversar, no intuito de saber como tudo acontecera e desde quando estava assim.

A enferma, sentando-se com dificuldades, disse ao Dr. Corujão tudo o que lhe tinha acontecido nos últimos meses.

Quando Lulu se referiu ao incidente com o filhote de lebre, o Dr. Corujão, arqueando as sobrancelhas, falou:

- Ah! Minha amiga. A causa de sua doença é mágoa. Mágoa que você guardou no coração.

- Como assim? - perguntou Lulu, sem entender.

- Então você não sabe? A mágoa retida no coração aniquila não só as forças da alma, mas também compromete a saúde do corpo.

- Tem certeza? - argumentou a doente.

- Claro que tenho. Já vi casos assim antes; e, foi só o doente perdoar a quem o tinha ofendido para a enfermidade ceder lugar à saúde e à felicidade.

- E como posso fazer para perdoar? Não tenho forças para tanto.

- Faça o seguinte. Levante-se; dirija-se à plantação e colha o máximo que puder de cenouras. Em seguida, leve-as ao seu adversário. Assim vai se sentir mais aliviada.

- Puxa! Mas, sequer sei onde mora o pequeno! – exclamou Lulu.

- Não se preocupe. Eu o localizarei.

Apoiada na asa do Dr. Corujão, Lulu dirigiu-se à plantação, colhendo as cenouras como fora orientada.

Enquanto isso, o Dr. Corujão saiu à procura do filhote de lebre. Informado de onde morava, partiu em busca de Lulu.

Esta havia colhido cenoura suficiente para alimentar uma pequena família, por vários dias.

Auxiliada pelo Dr. Corujão, nossa amiga foi até a residência do pequeno filhote, batendo palmas à entrada.

Logo depois este surgiu, magro, sujo e com os olhos um tanto assustados. Confuso, falou, ao ver Lulu:

- A senhora é a dona das cenouras, não é? Juro que não colhi mais nada em sua plantação e, se o fiz naqueles dias, foi porque minha mãezinha está muito doente, impossibilitada de trabalhar. Eu não sabia o que fazer, pois não tenho pai, nem irmãos, e preciso cuidar dela.

- Sua mãe ainda está doente? - perguntou o Dr. Corujão.

- Está sim. Acho que ela não resistirá por muito tempo, pois, além de muito enferma, quase não tem se alimentado. Mal tenho conseguido algumas raízes, insuficientes para reerguer lhe o ânimo. Em virtude de sua doença, não posso cultivar nada. Tenho que estar constantemente ao seu lado.

Lulu começou a chorar e, cheia de arrependimento, abraçou o pequeno filhote com tanto amor que ficou curada de repente. A partir daquele instante cuidou não só dele, mas de sua mãezinha, qual se fossem familiares muito queridos.

Com isso, em breves dias a mãe do pequeno estava restabelecida, ficando para todos a lição inesquecível do perdão das ofensas.

Desde então, sentindo-se uma só família, viveram todos felizes, livres de mágoas e ressentimentos.

A Vovó silenciou, após o relato, dando ensejo a que os garotos assim falassem:

- Puxa Vovó! Achamos que se contarmos esta história para os nossos coleguinhas, eles irão se reconciliar.

- É verdade. Aproveitemos a oportunidade, pois, precisamos combater o ressentimento com o amor que Jesus ensinou. Só assim, seremos realmente felizes.

Naquela noite, com a permissão da Vovó, as crianças ficaram conversando até tarde, e sentiam-se leves, felizes e serenas, com a lição recebida.

“Perdoai para que Deus vos perdoe” – “Jesus”


Médium: Samuel Nunes Magalhães – Espírito: José Renato

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

A DESCOBERTA

Ronaldo é um garoto de sete anos, de olhos vivos, esperto! Entre os amigos é conhecido por "pé de vento", pois sempre ganha nas corridas que apostam.

Ronaldo mora em um bairro que tem várias ruas sem saída, e a dele é uma dessas. É muito gostoso brincar ali, já que quase não existe movimento de carros.

Ronaldo seria muito feliz se não houvesse algo que ele acha bastante desagradável!

- Uhmmm...!! Que será?

É que na sua rua não há padaria, nem mercadinho, nenhum comércio. E como ele é o encarregado de comprar pão e outras pequenas necessidades da casa, praticamente todos os dias ele precisa ir até à pracinha do bairro, onde estão as lojas.

Ronaldo faz isso muiiiiito contrariado. Na hora de sair ele faz a maior cara feia e vai reclamando:

- tudo eu! Tudo eu nesta casa!

Numa manhã, Ronaldo se levantou e ficou esperando que mamãe o lembrasse de ir buscar o pão, mas D. Geni apenas falou:

- oi, Filho, dormiu bem? Vamos tomar café? Fiz umas torradas com o pão que sobrou de ontem.

- torrada? Arrrght!!! Detesto torrada!

Na hora do almoço, mamãe fritou um ovo para cada um. Apesar de ser sábado, dia em que ela fazia seu delicioso pastel de carne moída...

Ronaldo começou a desconfiar daquelas modificações que estavam ocorrendo em casa...

À Tardinha, o garoto foi convidado para ir ao aniversário de Júlio, seu melhor amigo. Estava um pouco frio e ele pensou em vestir sua camisa de flanela xadrez, tão quentinha... Mas, ao apanhá-la no armário, notou que mamãe não costurara sua manga que havia despregado.

Ronaldo ficou pensativo... Mamãe cuidava com tanto carinho de tudo, a tempo e ahora.. Como não costurara sua camisa?!?!?!

Os dias foram passando e as coisas não melhoravam. Mamãe continuava sem tempo para contar estórias ou fazer as guloseimas de que ele tanto gostava. Papai não achava tempo para irem ao futebol, ou para ajudá-lo a consertar os brinquedos que estragavam.

Um dia, não aguentando mais a situação, Ronaldo chegou perto de D. Geni e falou:

- Mãe, vocês não gostam mais de mim? Nem você, nem papai têm tempo para brincar comigo, ninguém me ajuda a arrumar os brinquedos, você não faz meus pasteizinhos no sábado...

- Claro que amamos você, meu filho. É que meu tempo e o de papai, não está dando para fazermos tudo que fazíamos quando você nos ajudava. Papai e eu notamos o quanto o aborrecia ir comprar o pão, o leite e a nos auxiliar em algum servicinho, e resolvemos que nós mesmos os faríamos. Aí, o tempo não dá mesmo...

Muito sem graça, gaguejando e embaraçado, Ronaldo falou:

- mas eu não achei que precisassem tanto de mim, afinal eu sou tão pequeno ainda...

- Acontece, filhinho - continuou mamãe - que dentro de nossas possibilidades todos podemos cooperar.

- como assim, Mamãe???

- Veja Ronaldo, que para atravessarmos um riacho precisamos da cooperação da ponte, para termos o mel precisamos da cooperação das abelhas, para termos energia elétrica precisamos do trabalho das usinas. Todo mundo coopera, auxilia para o bem de todos. Assim também na família: se cada um fizer um pouquinho, todos sairão ganhando.

- Acho que estou entendendo... - falou Ronaldo.

E dando um gostoso beijo na mamãe, o garoto pegou sua bola para brincar com os amiguinhos, mas antes disse a D. Geni:

- Mamãe, à tardinha vou até a padaria buscar pão fresco para o nosso lanche, tá? E voltarei a fazer meus serviços pra cooperar com alegria, tá?
Fonte: AME/JF

Fonte do texto e imagem Web Google.