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domingo, 15 de junho de 2025

Fósforos de Cor

Andando pela rua, Laurinha ia remoendo seus pensamentos.

Estava chateada porque desejava muito um vestido novo que tinha visto numa loja e não podia comprar.

Pediu à mãe, insistiu, implorou, mas a resposta tinha sido sempre a mesma:

— Não, minha filha. Não temos dinheiro agora. Quem sabe em outra ocasião?

A garota bateu o pé, exigente:

— Não. Quero agora! Depois, aquele vestido não estará mais na loja. E ele é lindo, mamãe. Eu quero, quero e quero!

— Pois não o terá, Laurinha. No momento estou com pouco dinheiro e não posso gastar o que tenho para atender um capricho seu.

A menina chorou, fez birra, bateu o pé, gritando inconformada: — Mas eu quero!

Porém, apesar de toda a pressão de Laurinha, a mãe não cedeu, continuando firme. Ela falou com o pai, julgando que seria mais fácil. Aproximou-se dele dengosa, como sempre fazia quando desejava alguma coisa, sentou-se no seu colo e pediu, com voz suplicante:

— Papai, eu posso comprar um vestido que vi na loja? É lindo!

Todavia, a resposta foi a mesma: Não. Laurinha foi para o quarto amuada, chorou, mas teve que se conformar porque os pais não iriam mudar de ideia.

Alguns dias depois, Laurinha amanheceu com febre. Dona Isabel, cuidadosa e preocupada, não permitiu que a filha fosse à escola, obrigando-a a permanecer na cama.

Como a febre não diminuísse, a mãe levou Laurinha ao médico. Ela estava com princípio de pneumonia.

Por mais de uma semana, a garota ficou na cama, tomando remédios e reclamando por não poder sair de casa e ir à escola.

— Vou ficar boa logo, mamãe? — perguntava ela. — A festa junina da escola está se aproximando e não quero faltar!

— Vamos ver. Depende de você, minha filha. Se tomar os remédios direito, ficar de repouso na cama, quem sabe?

Aquela semana custou a passar. Laurinha, embora inconformada, teve que obedecer. Para passar o tempo, jogava damas com os amigos, via televisão, e, quando estava sozinha, lia, lia muito.

Ela, que nunca tinha se interessado muito por leituras, leu livros que falavam das coisas que são realmente importantes em nossa vida e que devemos valorizar, como a família, a saúde, a educação.

Ao mesmo tempo, Laurinha não pode deixar de notar que seus pais estavam gastando bastante com ela: tinham que pagar a consulta médica, comprar remédios e até uma alimentação melhor que ela estava precisando para se recuperar.

Preocupada perguntou à mãe:

— Mamãe, a senhora disse que estava sem dinheiro e agora está tendo que gastar tanto comigo! Onde arrumou dinheiro?

— É que a saúde, minha filha, é muito importante para nós e para isso sempre daremos um jeito. É diferente de comprar uma roupa, que não é necessária e podemos passar sem ela.

Uma semana depois, a garota estava diferente, mais tranquila, mais serena.

Chegou o dia da festa junina da escola.

Laurinha, recuperada, arrumou-se e foi toda feliz para a festa encontrar com os colegas e amigos.

Lá, passeando entre os postes iluminados, as barracas enfeitadas, as bandeirinhas, ela olhou para a mãe, sorridente e disse:

— Sabe, mamãe, aprendi muito nesses dias. Aprendi que existem coisas que são realmente importantes. Como a saúde, por exemplo. Fiquei brava por não conseguir comprar aquela roupa nova que eu desejava tanto, mas agora nem me lembro mais dela!

Olhando uma colega que riscava fósforos de cor, ela explicou:

— Aprendi que tem coisas na vida que são como fogos de artifício: depois de queimar, não sobram nada. São belos, luminosos, coloridos, mas é só para um momento. Não duram.

Parou de falar, olhou para a mãe com olhar carinhoso e agradecido, completando:

— Mas o amor, este dura para sempre.

Autoria: Célia Xavier Camargo
Imagem meramente ilustrativa – Fonte: Internet Google.
 

domingo, 1 de junho de 2025

O Pedaço de Pão

Num armário de cozinha conversavam um pedaço de bolo, uma torta, algumas rosquinhas e um humilde pedaço de pão.

Dizia o bolo, todo orgulhoso:

— Todos me adoram, pois sou fofo e macio.

Uma rosquinha retrucava do seu canto:

— Pode ser. Mas, para o lanche da família, as crianças não dispensam a minha presença!

E a torta, torcendo o nariz, respondia, irônica:

— Em dias comuns, talvez. Eu, porém, sou sempre indispensável em qualquer mesa de festa. Minha presença é aguardada com muita satisfação, pois sou saborosa e encanto aos mais exigentes paladares.

Diante das palavras dos outros companheiros, o pedaço de pão encolheu-se mais ainda no seu canto, humilhado.

O bolo, fitando-o com ar arrogante, perguntou:

— E você, não diz nada?

O pobre pedaço de pão baixou a cabeça, triste. Sentia-se diminuído diante dos companheiros, e sem valor nenhum. Afinal, era apenas um pão.

A torta retrucou, sarcástica:

— Deixe-o. Não vê que ele não serve para nada? Só se utilizam dele quando não têm coisa melhor. Com tantas iguarias gostosas como nós, seu fim é ficar aqui, mofando neste armário, até ser jogado no lixo.

Triste, o pão não respondeu. Sabia que não tinha importância alguma.

Nisso, ouvem um barulho na cozinha. Alguém se aproxima. Calam-se.

A porta do armário se abre e aparece a dona da casa e seu filho Paulinho.

— O que você deseja comer, meu filho? — pergunta a mãe, atenciosa. — Talvez algumas rosquinhas?

— Não, mamãe. Estão um pouco moles. Gosto delas sequinhas.

— Bem, talvez um pedaço de bolo? Ou de torta?

— Não, não. São muito doces — retrucou o garoto.

E, fitando o pedaço de pão, o menino apanhou-o com carinho enquanto afirmava:

— Quando estou realmente com fome, mamãe, não dispenso o meu pedaço de pão!

Com alegria, o pão deixou o armário, sob os olhares consternados dos companheiros.

Também nós, na vida, por mais insignificantes que nos sintamos, temos o nosso valor e uma tarefa a cumprir.

Por isso, não devemos nos considerar melhores do que os outros, deixando que o orgulho se instale em nosso coração.

Também não devemos nos considerar piores do que os outros. Cada um de nós é diferente e único, mas todos somos irmãos perante Deus.

Todos nós temos valor.

Autoria: Célia Xavier Camargo
Imagem meramente ilustrativa – Fonte: Internet Google.
 

quinta-feira, 15 de maio de 2025

Exemplo de Humildade

Há muito, muito tempo atrás, numa humilde e pequena estrebaria, alguns animais conversavam, trocando ideias sobre suas vidas.

E o boi, muito manso, dizia com sua voz grave e pacienciosa:

— Tudo o que fazemos é trabalhar de sol a sol. Puxo o arado revolvendo a terra para a semeadura, e conduzo a carroça com tranquilidade e alegria executando meu trabalho sem reclamar. O senhor pode contar comigo, que estou sempre firme no serviço, mas jamais recebi uma única palavra de encorajamento.

O cavalo, que ruminava num canto, concordou balançando a cabeça:

— Também tenho dado o melhor de mim, levando o senhor para todo lado, caminhando grandes distâncias sob o sol abrasador, a chuva fria ou o frio inclemente. Mas, tenho recebido apenas o chicote no lombo como paga pelos meus serviços.

O burrico levantou a cabeça, tristonho, e suspirou:

— Tenho carregado cargas muito pesadas e nunca reclamei, nem me recusei a cumprir minhas tarefas, todavia nunca recebi uma ração extra em agradecimento pelos meus esforços.

A vaca, que amamentava seu bezerrinho recém-nascido, ergueu os olhos grandes e úmidos e comentou:

— Também eu tenho sentido na pele a ingratidão do homem. Não contente em tirar-me o leite com que alimenta seus filhos, não raro desagrega nossa família, matando-nos por prazer para alimentar-se de nossas carnes, utilizando-nos a pele para a confecção de calçados e roupas.

A ovelhinha, que tudo ouvia em silêncio, e que de olhar sonhador observava através da porta, o céu de um azul profundo e limpo, recamado de estrelas, suspirou e disse com sua voz meiga:

— Concordo que todos têm sua parcela de razão. Também eu não estou livre de maus tratos, embora colabore sempre com a minha lã para que o homem confeccione agasalhos com que se protege do frio. Mas sabem o que ouvi dizer outro dia? Que é aguardado um Messias com toda ansiedade. Dizem que ele virá do céu para amar os homens na Terra, e para conduzi-los ao regaço de Nosso Pai.

E os animais, atentos e curiosos, sentindo uma esperança nova, pediam-lhe a uma só voz:

— O que mais dizem desse Messias enviado por Deus? Conte-nos... conte-nos...

E a ovelhinha, orgulhosa das suas informações, prosseguia:

— Dizem também que ele dará a cada um segundo suas próprias obras. Por isso, tenhamos confiança em Deus que nunca nos desampara.

Mais reconfortados e confiantes, os animais naquela noite sonharam com o Messias, que cada um imaginava conforme seus gostos e necessidades, e que seria o Salvador do Mundo.

No dia seguinte viram que se aproximava, vindo pela estrada, um homem que conduzia um burrico, carregando uma jovem de belo e doce semblante.

Como não tivessem conseguido alojamento para passarem a noite, contentaram-se com aquela humilde estrebaria.

Pareciam exaustos da longa viagem e a jovem aguardava um filho para breve.

Com espanto, os animais viram o homem ajeitar as palhas, improvisando um leito para a jovem.

Algumas horas depois nascia um lindo bebê, sob as vistas carinhosas e atentas dos animais.

No céu uma grande estrela surgira, prenunciando um acontecimento incomum, e, rodeando a manjedoura, transformada em improvisado berço para o recém-nascido, os animais sentiram-se compensados por todo o sofrimento das suas vidas, conscientes da grande importância daquele acontecimento.

E, na paz e quietude do ambiente singelo, reconheceram naquela criança o Messias, o Cristo de Deus, que nascera na Terra para ensinar o Amor, mas que preferira como testemunhas mudas do seu nascimento, não os homens, mas os humildes, laboriosos e dóceis animais da criação.

Autoria: Célia Xavier Camargo
Imagem meramente ilustrativa – Fonte: Internet Google.
 

quinta-feira, 1 de maio de 2025

Resposta de Deus

Jandira, uma menina de oito anos de idade, desde muito pequena se acostumara a passar por toda sorte de privações.

Não conhecera o pai, e a mãe a abandonara quando tinha pouco mais de quatro anos. Uma vizinha, apiedando-se dela, levou-a para casa.

Mas a vizinha tinha muitos filhos e logo Jandira percebeu que não poderia morar ali, que não era bem-vinda.

Com cinco anos saiu da casa que a acolhera, cansada de apanhar, e foi para a rua, acompanhando umas crianças que conheceu e que também não tinham família. Assim, Jandira foi morar com os novos amigos num casebre abandonado.

Aprendeu a pedir esmolas para poder sobreviver. Comia do que lhe davam. Apesar de todas as dificuldades da sua curta vida, Jandira jamais foi uma criança revoltada. Tinha o coração amoroso e bom, e todos a estimavam. Acreditava em Deus e tinha certeza de que Ele não a deixaria desamparada, conforme ouviu alguém ensinar certa vez.

Certo dia, enquanto pedia esmola na cidade, Jandira viu aproximar-se um homem de aspecto distinto, muito bem-vestido.

– Por caridade, uma esmola! – pediu.

Ouvindo a voz da criança, Manoel olhou e viu uma menina de rostinho sujo, roupas rasgadas, que o fitava com grandes olhos vivos e confiantes. Como estivesse com pressa, deu uma moeda sem se deter.

No dia seguinte, encontrou a garota no mesmo lugar. Ela sorriu e estendeu a mãozinha pedindo uma esmola. Novamente Manoel deu uma moeda, contra seus hábitos, e ouviu o agradecimento da menina.

– Que Deus o abençoe e que nunca lhe falte nada.

Impressionado, seguiu adiante com passos rápidos, mas não conseguiu esquecer o rostinho da garota durante todo o dia.

Na manhã seguinte, lá estava ela no mesmo lugar. A menina aproximou-se dele com uma florzinha na mão, sorridente.

– É sua. Trouxe para o senhor.

Surpreso, Manoel sentiu necessidade de parar para conversar.

– Como se chama? – perguntou.

– Jandira.

– Quantos anos tem, Jandira?

– Acho que tenho oito ou nove anos, senhor. Não sei ao certo.

– Não vai à escola? – indagou ele.

– Não. Nunca pude estudar, apesar de ter muita vontade de aprender a ler e a escrever.

– Onde você mora, Jandira? – perguntou, impressionado.

– Num barraco, com outras crianças.

– Por quê? Não tem família?

– Minha mãe foi embora quando eu era muito pequena. Tenho apenas pai.

– Como se chama seu pai? – quis saber ele.

A menina respondeu com seriedade.

– Deus.

– Deus? Esse é o nome do seu pai? – ele perguntou, pensando não ter entendido direito.

– Sim. Deus não é o Pai de todo mundo? – respondeu ela com simplicidade.

– Ah! É verdade.

– Então, Ele não deixa que me falte nada. Tenho tudo do que preciso. Um teto para me abrigar da chuva e do frio, tomo banho num chafariz e, quando sinto fome, peço uma esmola e ganho dinheiro para comprar o que comer. Às vezes ganho comida e nem preciso pedir esmolas, e ainda posso repartir com os outros o que recebo.

Sensibilizado, Manoel perguntou:

– O que mais você gostaria de ter, Jandira?

– Nada. Eu não preciso de nada.

– Diga. Gostaria de poder ajudar – insistiu Manoel.

A menina pensou um pouco e, com os olhos rasos d’água, respondeu baixinho:

– Gostaria de ter uma família de verdade.

Manoel sentiu um aperto no coração e as lágrimas afloraram em seus olhos. Sentia-se culpado. Era rico, tinha tudo. Uma casa grande, emprego bom e não tinha filhos. Morava apenas com a esposa e nunca pensara em ajudar ninguém. E aquela criança pedia tão pouco da vida!

Tomou uma resolução. Sua esposa sempre quisera filhos e iria gostar.

Fitou a menina à sua frente, e disse:

– Agora tudo vai ser diferente, Jandira. Deus, apesar de dar-lhe tudo, como você afirmou, encarregou-me de ser seu pai aqui na Terra. Aceita? Além de um pai, terá também uma mãe.

Sem poder acreditar em tamanha felicidade, Jandira pulou nos braços de Manoel, cheia de alegria.

– Deus o mandou? Aceito! Eu sabia que ele não deixaria de atender às minhas preces. Antes de dormir – explicou – sempre pedia ao Pai do Céu que me dê um pai de verdade aqui na Terra.

Nesse momento, Jandira lembrou-se dos companheiros:

– Ah!...E meus amigos? Não posso abandoná-los!

– Não irá abandoná-los, Jandira. Como minha filha, terá condições de ajudá-los. Tenho dinheiro. Arrumaremos uma casa de verdade, alguém que tome conta deles e terão tempo de estudar para serem mais tarde criaturas dignas e úteis à sociedade.

A menina batia palmas de alegria.

– Que bom! Que bom!

Em seguida, olhou Manoel com muito carinho e, segurando a mão dele, perguntou:

– Posso chamá-lo de papai?


O nosso carinho e o nosso abraço a todos os pais do mundo.
FELIZ DIA DOS PAIS!

Autoria: Célia Xavier Camargo
Imagem meramente ilustrativa – Fonte: Internet Google.
 

terça-feira, 15 de abril de 2025

A Menina Malcriada

Aninha era uma menina muito malcriada.

Por qualquer motivo se irritava, jogava-se no chão aos gritos, batendo os pés.

Rasgava todos os livros e revistas que possuía, quebrava os brinquedos caros que ganhava de presente dos pais e brigava sempre com os poucos amiguinhos que ainda tinha.

Resultado: em pouco tempo ficou sozinha. Tornara-se uma criança tão desagradável que ninguém mais queria brincar com ela.

Seus pais, carinhosos e pacientes, diziam-lhe com brandura:

— Não faça assim, Aninha!

— Não quebre a boneca que é tão linda!

— Não rasgue o livro que tem uma história tão interessante!

— Não bata nos seus amiguinhos!

Mas, qual! Não adiantava aconselhar.

Depois, Aninha punha-se a berrar que queria outros brinquedos, livros e revistas novas, e não parava de gritar enquanto não lhe satisfaziam a vontade.

Sua mãe, muito bondosa, já estava desanimada. Não sabia como agir.

Aninha era sua filha única e a criara com excesso de carinho, atendendo-lhe aos menores caprichos. Agora queria voltar atrás e não conseguia.

Desesperada, elevava os olhos em prece, suplicando a Deus que a ajudasse, mostrando-lhe como agir, inspirando-lhe qual atitude tomar. Já não sabia mais o que fazer. Não adiantavam conselhos e orientações. Aninha não mudava.

Certo dia, Aninha tinha sido excessivamente malcriada. Sua mãe, em lágrimas, orou com especial fervor suplicando o auxílio do Pai Celestial.

Naquela noite, Aninha dormiu.

Dormiu e sonhou.

Sonhou que se encontrava em sua própria casa. Viu seu corpo adormecido, sem saber explicar o que estava acontecendo.

Sentiu-se mais leve e “boiando” dentro do quarto. A princípio achou graça e divertiu-se com a situação.

Logo, porém, viu entrar no quarto uns seres estranhos que queriam brigar com ela. Acusavam-na de ser má, egoísta e prepotente.

Olhando-os bem, começou a reconhecer aquelas figuras. Eram personagens dos livros e revistas que rasgara. Estavam zangados porque haviam perdido a sua casa. Com a destruição dos livros e revistas não tinham onde ficar.

Aninha, assustada, procurava se defender, gritando por socorro, mas ninguém apareceu para ajudá-la.

Tentou sair do quarto, fugindo pela porta aberta, mas nesse instante apareceram seus brinquedos avançando em sua direção. Todos estragados, faltando peças, a boneca com a perna quebrada, o carrinho sem rodas, o cachorrinho sem orelhas... Enfim, todos em pedaços!

Apavorada, viu seus amiguinhos que apreciavam a cena pela janela. Gritou por socorro, suplicou por ajuda, mas eles riam dos seus apuros.

Gritou por sua mãe e seu pai, mas parece que não ouviam seus pedidos de ajuda.

Depois de muito gritar, lembrou-se de que sua mãe a ensinara a orar.

Então, em lágrimas, suplicou:

— Jesus, me ajude! Não sabia quanto mal estava fazendo. Quero me modificar!

Nesse instante sentiu que caía num buraco muito fundo e acordou em sua cama. A mãe, apreensiva, estava ao seu lado fitando-a, preocupada.

— O que foi, minha filha? Você estava tendo um sono tão agitado!

Aninha abraçou-se à mãe dizendo-lhe, em prantos:

— Ah! Mamãe, se você soubesse! Tive um terrível pesadelo. Mas serviu-me de lição. Prometo ser diferente de hoje em diante.

E realmente, a partir desse dia, para surpresa geral, Aninha tornou-se uma menina dócil, boazinha e obediente. Passou a cuidar dos seus livros, revistas e brinquedos com carinho, e nunca mais brigou com seus amiguinhos nem desrespeitou qualquer pessoa.

Autoria: Célia Xavier Camargo
Imagem meramente ilustrativa – Fonte: Internet Google.
 

terça-feira, 1 de abril de 2025

O Amor Transforma

Em uma cidade pequena, mas populosa, cheia de enormes prédios, com muito fluxo de carros, caminhões, motos circulando, com constante e intenso barulhos de buzinas e sirenes, os dias passavam voando, parecia que o relógio andava mais rápido e que as horas passavam depressa, com uma velocidade assustadora.

As pessoas eram impacientes, irritadas, rancorosas e egoístas. Elas não se cumprimentavam, não eram solícitas umas com as outras, não sorriam e eram embrutecidas.

O lugar era triste, porque refletia as atitudes dos moradores daquela região. Tudo parecia sombrio.

Mas um dia, um ônibus com crianças e jovens da cidade vizinha, utilizaram a praça local para se reunir e foi então que tudo mudou!

A mudança começou pela observação, olhares atentos e curiosos avistavam de longe o que acontecia.

Como a cidade era pequena, a notícia se espalhou velozmente...

Naquela praça, estavam reunidas evangelizados e evangelizadores, alegres, solícitos, pacientes, bondosos e amorosos.

Eles transformaram aquele lugar pelo exemplo, pois onde passavam cultivavam o verdadeiro amor!

Aquelas crianças, jovens e evangelizadores, estavam felizes pela oportunidade do aprendizado, pelo Estudo do Evangelho e por seguirem os passos do Mestre Jesus. Todos já eram conscientes do Amor de Deus e pelas atitudes demonstravam a gratidão pelo Nosso Pai Amoroso!

Realmente o amor e o exemplo transformam.

Amar de todo coração, esta é a lição!

Autora: Aline Radde de Castro
Imagem meramente ilustrativa – Fonte: Internet Google.
 

sábado, 15 de março de 2025

A Lição da Formiga

Na escola de Otávio organizava-se uma festa e os alunos, animados, ultimavam os preparativos. Alguns penduravam enormes cordões de bandeirinhas coloridas, outros faziam cartazes, outros varriam o chão, outros ainda limpavam as mesas e cadeiras.

Na cozinha, preparavam-se bolos e tortas, doces e salgados, para serem servidos durante a festa.

Trabalhavam com amor, enquanto conversavam e se divertiam.

Otávio era o único que não quisera colaborar em nada.

A professora, atenta e dedicada, solicitou-lhe várias vezes que ajudasse nesse ou naquele setor de serviço, mas ele recusava-se terminantemente a auxiliar no esforço de todos.

Certo momento, a professora ordenou-lhe, severa:

— Já que você se recusa a colaborar na organização de nossa festa, a exemplo dos demais, terá uma outra tarefa: deverá entregar-me amanhã, sem falta, uma redação sobre o tema: A Vida das Formigas.

— Mas professora, isso não é justo! — reclamou o garoto. — Só eu tenho que fazer esse trabalho?

— Engano seu, Otávio. Não é justo é você estar sem fazer nada enquanto seus colegas trabalham e se esforçam a benefício de todos.

Fez uma pausa e, vendo a indecisão de Otávio, completou:

— Pode começar já, caso contrário não conseguirá terminar até amanhã.

— Mas, como fazer isso? Não sei por onde começar! — retrucou o garoto.

— É simples. Observe as formigas no jardim!

Muito embaraçado, Otávio encaminhou-se para o jardim da escola. Suspirando, sentou-se no chão e pensou: Bolas! Onde é que vou encontrar formigas?

Nisso, viu uma formiguinha que passou apressada entre seus pés. Seguiu-a com o olhar e logo em seguida reparou em duas outras que seguiam apressadas, no mesmo sentido.

Curioso, levantou-se e acompanhou-as. Um pouco adiante, viu uma formiga que voltava carregando um pedaço de pão que, não obstante pequeno, era muitas vezes maior do que ela.

Sorriu, divertido, e, ao mesmo tempo, admirado: — Aonde será que ela vai levar aquele pedacinho de pão duro? — pensou.

Olhou em volta e, um pouco à frente, viu um grande pedaço de sanduíche que alguém jogara. Em torno dele, dezenas de formigas trabalhavam diligentes. Algumas cortavam em pedaços menores e outras os transportavam.

Quando o pedaço era ainda muito pesado para suas pequenas forças, uniam os esforços e carregavam juntas.

Seguindo o trajeto que faziam, Otávio percebeu que entravam num formigueiro, deixavam a carga e retornavam ao trabalho.

— Que interessante! — murmurou Otávio, impressionado com a cooperação e a união existente entre as pequenas operárias. — São tão pequenas e tão unidas e trabalhadeiras!

Nesse momento, lembrou-se da festa da escola e que só ele não estava colaborando. Levantou-se, envergonhado, procurou a professora pedindo que lhe desse uma tarefa.

Sorridente, a mestra perguntou:

— Muito bom! Mas o que fez você mudar de ideia, Otávio?

— As formigas que a senhora mandou que eu pesquisasse. Vivem unidas num sistema de cooperação fraterna e amiga. Se elas podem trabalhar, eu também posso.

Parou de falar, fitando a professora e disse:

— Só que, ajudando na festa, não terei muito tempo para preparar a redação. Preciso mesmo entregar amanhã cedo?

A mestra sorriu, satisfeita, e, colocando a mão sobre a cabeça do menino falou, com carinho:

— Não, Otávio. Não há necessidade de fazer a redação. Você já aprendeu sua lição.

Autoria: Célia Xavier Camargo
Imagem meramente ilustrativa – Fonte: Internet Google.
 

sábado, 1 de março de 2025

Aproveitando as Férias

Caminhando pela rua, Celso ia desanimado. Chutou uma lata e pensou:

— As férias não estão sendo como eu sonhei.

Durante o ano letivo, tendo que fazer tarefas e enfrentar provas, ele ansiava pelas férias escolares prometendo a si mesmo não fazer nada, nadinha. Queria descansar!

Até para a sua mãe Celso avisou, irredutível:

— Mamãe, nas férias não quero fazer nada. Nada de trabalho, nada de atividades. Não me acorde! Quero dormir bastante!

A mãe concordou. Agora, Celso dormia até o meio-dia, acordando somente à hora do almoço. Depois, ficava o resto do dia sem fazer nada. No começo achava essa vida ótima, depois, sem saber por que, começou a sentir-se irritado e descontente, reclamando de tudo.

Os colegas insistiam para que fosse com eles jogar futebol ou ir à piscina, mas o menino recusava dizendo:

— Não vou, não. Quero descansar!

Certo dia uma amiguinha de Celso, passando por sua casa e vendo-o no portão, convidou:

— Tem um grupo que vai levar sopa numa favela e estou indo juntar-me a eles. Quer ir também?

— Está brincando? Com esse sol e esse calor que está fazendo? Nem pensar!

Passou-se uma semana... Duas semanas...

Na terceira, Celso não aguentava mais a monotonia.

Observando a mãe lavar roupas, o menino desabafou:

— Mamãe, não sei o que está acontecendo comigo. Estou sem ânimo. Perdia a fome. Não tenho conseguido dormir direito à noite. Passo horas acordado, sem sono. E, o pior, é que vivo cansado!

A mãezinha enxugou as mãos no avental, olhou o filho desanimado e sorriu, compreensiva:

— É exatamente porque você não está tendo nenhuma atividade útil, meu filho, Quanto menos fizer, mais cansado ficará.

Sentou-se ao lado de Celso num banco ali perto e continuou:

— Para podermos viver, Deus nos dotou de energias. Essas energias têm que ser bem utilizadas por nós. Por isso sentimos necessidade de trabalho, de movimento, de atividades.

— Mas quando terminou o ano letivo eu estava muito cansado e não queria ver livros na minha frente!

— Muito justo, porque você estudou e se esforçou bastante durante o ano, meu filho, e precisava descansar. Agora, já está descansado e precisando movimentar o corpo e a mente. Existem outros tipos de atividades que nos distraem, alegram e animam. Ler um bom livro, fazer um esporte, uma visita, ajudar alguém, são coisas úteis e agradáveis.

Celso pensou um pouco e concluiu que a mãe tinha razão.

Naquela tarde, acompanhou os amigos ao clube para uma partida de futebol. Voltou para casa com outro aspecto.

No dia seguinte encontrou a menina que ia levar sopa na favela e dispôs-se a acompanhá-la. Viu tanta necessidade e sofrimento, que se comoveu. Ajudou a distribuir a sopa e o pão, conversou com as crianças, visitou as famílias e voltou para casa, com novo ânimo.

Corado e sorridente, entrou em casa e relatou à mãe tudo o que fizera. Estava com outro aspecto e tinha um brilho diferente no olhar.

Sentou-se e comeu sem reclamar. Com as atividades do dia, sentia-se cansado, mas satisfeito. Naquela noite dormiu logo e teve sono tranquilo. No dia seguinte acordou cedo, bem disposto e animado, afirmando:

— Mamãe, eu quero aproveitar minhas férias!

Autoria: Célia Xavier Camargo
Imagem meramente ilustrativa – Fonte: Internet Google.
 

sábado, 15 de fevereiro de 2025

Ano Novo, vida nova!

Caminhando pela rua, sem pressa, Roberta, de oito anos, encaminhou-se para o parquinho próximo de sua casa. Sentou-se no balanço preferido e ali ficou quieta, pensando na vida.

O ano tinha sido bom. Apesar de não ter se dedicado especialmente aos estudos, havia sido aprovada na escola, e sentia-se aliviada.

A festa de Natal tinha sido muito boa, com comida à vontade, frutas, doces, chocolates e balas. Além disso, ganhara vários presentes, inclusive uma nova bicicleta, exatamente a que desejava.

No entanto, apesar de estar tudo bem, algo a incomodava. Lembrando do Natal, cuja data representava o aniversário de Jesus, chegou à conclusão de que só pensara em si mesma. O ano estava para terminar e isso lhe dava certa tristeza.

Como o ano novo chegaria dentro de alguns dias, Roberta pensou que gostaria de mudar sua vida para que ela fosse melhor ainda.

Mas mudar o quê?

Em relação à escola, deveria estudar mais, não apenas para passar de ano, mas para aprender realmente.

Ao pensar na escola, imediatamente a imagem de Tereza surgiu em sua mente. Era uma colega com quem teve uma briga por um motivo qualquer, e não tinham se falado mais. E ela sentia falta da amiga.

Lembrando da festa de encerramento do ano letivo, Roberta reviu o momento em que um grupo de alunas apresentou lindos números de dança. Ela tinha se emocionado porque o balé era seu sonho! Sempre quis aprender a dançar! Quem sabe a hora tinha chegado?

Nesse momento, Roberta viu uma garotinha bem pobre que chegou ao parquinho, tímida, sem saber o que fazer. Enquanto a mãe dela, parada na calçada, entretinha-se a conversar com uma moça, a menina ficou parada, indecisa.

Intimamente, Roberta tomou uma decisão:

— Isso mesmo! O ano novo será diferente! E vou começar agora.

Então, Roberta deixou o balanço e aproximou-se da menina, convidando:

— Quer balançar? Venha, eu ajudo você!

Sentou a garotinha e pôs-se a balançá-la, enquanto a menina ria, feliz. Logo estavam amigas. Roberta ficou sabendo que o nome dela era Carolina, tinha 4 anos e morava num bairro bem distante. Quando a mãe da garotinha chegou, elas conversaram e Roberta disse:

— Tenho alguns brinquedos e quero dar para Carolina. Tenho também roupas e calçados que não me servem mais, além de doces e balas que ganhei no Natal. Venham comigo até minha casa. É aqui pertinho.

A mãe ficou toda contente e agradecida:

— Você não imagina o que isso significa para nós. Sem dinheiro, nada pude comprar para Carolina no Natal. Nem comida nós temos em casa.

Penalizada, Roberta levou mãe e filha até sua casa, apresentou-as a sua mãe e, como o almoço estivesse pronto e seu pai já tivesse chegado, sentaram-se e almoçaram todos juntos.

Ao se despedir, a mulher estava emocionada. Sentia-se agradecida pela ajuda e pelo acolhimento que tivera naquele lar. Carolina jogou-se nos braços de Roberta e disse:

— Obrigada, Roberta. Você agora é minha amiga do coração!

Ao receber o abraço a garotinha, Roberta sentiu que jamais tinha experimentado tal sensação de bem-estar, paz e felicidade.

Mais tarde, ela foi até a casa de Tereza. Tocou a campainha e, para sua surpresa, foi a própria colega que abriu a porta. Ao vê-la, a menina arregalou os olhos, surpresa.

— Roberta! Você, aqui em casa?...

— Vim para lhe pedir desculpas, Tereza. Sinto muito o que aconteceu naquele dia.

— Roberta, eu é que devo lhe pedir desculpas. Falei coisas que não devia e acabamos brigando. Você me perdoa?

As duas trocaram um olhar e caíram na risada.

— Bem, acho que somos amigas de novo, não é?

Elas se abraçaram com carinho, contentes por terem resolvido a questão.

Deixando a casa de Tereza, Roberta voltou para seu lar e contou a sua mãe o que tinha acontecido, que tinha feito as pazes com Tereza e concluiu:

— Mamãe, graças a Deus agora está tudo bem entre nós.

— Fico feliz, minha filha, que você e Tereza tenham se acertado. Nunca estaremos bem se alguém tiver algo contra nós.

— Tem razão, mamãe. Estou aliviada. Ah! Também resolvi que o ano novo seja diferente, por isso gostaria de lhe pedir: posso estudar balé no ano que vem?

— Se você realmente deseja, é claro que pode!

— Obrigada, mamãe! Vou telefonar para a professora e me matricular no curso.

Nos próximos dias, Roberta fez uma programação de tudo o que gostaria de fazer para o próximo ano, e aproveitou para realizar algumas coisas que estavam faltando antes do fim do ano: fez visita aos seus avós e a um colega que estava enfermo, deu banho no cachorro; arrumou seu quarto separando o que iria precisar daquilo que poderia dispor e muitas outras coisas.

No dia 31 de dezembro, sentia-se em paz consigo mesma e com o mundo.

Quando soou a meia-noite e os festejos começaram, o céu ficou todo iluminado com a queima de fogos de artifício. A cidade ganhou vida nova, com buzinas de carros soando, gritos de alegria e pessoas que deixavam suas casas para cumprimentar vizinhos, parentes e amigos.

Sob o céu iluminado, a mãe olhou para a filha e disse com amor:

— Feliz Ano Novo, minha filha!

— Feliz Ano Novo, mamãe!

Roberta agora tinha certeza do que queria: ANO NOVO, VIDA NOVA!

Autoria: Célia Xavier Camargo
Imagem meramente ilustrativa – Fonte: Internet Google.
 

sábado, 1 de fevereiro de 2025

A Caminho da Praia

Gabriel estava muito contente. Tinham tido um belo Natal em família e o Ano Novo começava bem.

Seu pai tinha resolvido que iriam passar alguns dias na praia e era preciso correr com os preparativos.

Tanta coisa para arrumar! Tanta coisa para levar! Roupas, calçados, esteira, guarda-sol, cadeiras. Ah! Não poderiam esquecer a bola, os patins, as raquetes, o boné e o protetor solar! — pensava Gabriel.

Na véspera do dia combinado todos se deitaram cedo. Sairiam antes de o sol raiar. Gabriel nem conseguiu dormir. Estava ansioso demais e não via a hora de colocarem o pé na estrada.

Depois de muita confusão, acomodaram-se no carro e partiram eufóricos.

Viajaram muitas horas sem problemas. Tudo era festa.

Por volta do meio-dia já estavam todos cansados e com fome. O pai prometeu que parariam para almoçar no primeiro restaurante que encontrassem.

Nisso, viram um carro estacionado à beira da estrada. Pareciam estar com problemas e Jorge, o pai de Gabriel, resolveu parar e ver se eles precisavam de ajuda.

Roberto, o irmão mais velho, reclamou:

— O senhor vai parar, papai? Ah! Não para não! Estamos cansados e com fome. Além disso, nem conhecemos essa gente!

Jorge virou-se para o filho e afirmou, sério:

— Roberto, temos que ser solidários, meu filho! E se fôssemos nós que estivéssemos em dificuldade numa estrada deserta? Também não gostaríamos de receber ajuda?

— Claro! — respondeu o garoto de má vontade, suspirando.

Jorge desceu, enquanto a família ficou no carro aguardando. O outro veículo estava com defeito e Jorge, que entendia de mecânica, dispôs-se a examinar.

Não demorou muito, e as famílias estavam conversando fora dos carros. As mães trocavam informações, enquanto as crianças brincavam, comiam bolachas e bebiam água.

Descobriram, por coincidência, que iriam para a mesma cidade do litoral.

Jorge terminou o conserto e despediram-se, já como velhos amigos. Cláudio abraçou Jorge dizendo:

— Nem sei como lhe agradecer, Jorge. Se não fosse você, não sei o que faria. A cidade mais próxima está longe e o socorro demoraria a chegar.

— Não me agradeça, Cláudio. Tenho certeza de que faria o mesmo por mim.

Reiniciaram a viagem e algumas horas depois chegaram ao destino.

Ver o mar é sempre uma alegria e eles estavam muito animados.

O dia ensolarado era um convite que eles não podiam deixar de aproveitar. Não viram mais a família de Cláudio e até se esqueceram do incidente na estrada.

Certa manhã, a praia estava cheia de gente e de guarda-sóis. Gabriel estava brincando com um baldinho cheio de água, quando viu um siri. Saiu correndo atrás do bichinho, mas por mais que se esforçasse, não conseguia alcançá-lo.

Quando cansou da brincadeira, Gabriel quis voltar para junto dos pais e dos irmãos, mas só viu gente desconhecida. Não sabia mais onde estava.

Era muito pequeno e estava exausto. Olhava para cima, e o sol a pino não deixava que visse o rosto das pessoas.

Desesperado, sem saber para onde ir, pôs-se a chorar gritando:

— Mamãe! Papai!...

Mas ninguém atendia aos seus chamados.

Gabriel estava cansado de gritar quando ouviu uma voz conhecida dizer:

— Ei, menino, onde estão seus pais?

— Não sei. Estou perdido. Buáááá! Buááááá!

Olhando-o atentamente, o homem perguntou:

— Mas você não é o Gabriel?!...

— Sou.

— Então não se preocupe. Pare de chorar. Vamos procurar seus pais. Lembra-se de mim? Sou Cláudio, o homem que vocês ajudaram na estrada.

Cláudio dirigiu-se a um alto-falante ali perto e mandou avisar Jorge que o pequeno Gabriel estava com ele.

Logo em seguida apareceram os familiares do menino. Mostrando grande alívio, a mãe abraçou o filhinho, chorando de alegria.

Jorge, surpreso, agradeceu o amigo Cláudio.

— Graças a Deus que você encontrou meu filho. Estávamos desesperados e já não sabíamos onde procurar. Nem sei como lhe agradecer!

Cláudio abriu um grande sorriso e respondeu:

— Não precisa! Tenho certeza de que faria o mesmo por mim.

Roberto olhou para o pai com lágrimas nos olhos:

— Ainda bem que Cláudio reconheceu Gabriel. E isso foi graças a você, papai! Agora entendo que tinha toda razão quando parou à beira da estrada para ajudar aquelas pessoas. É dando que recebemos.

Autoria: Célia Xavier Camargo
Imagem meramente ilustrativa – Fonte: Internet Google.
 

quarta-feira, 1 de janeiro de 2025

Natal Com Jesus

Aproveitando a aproximação de dezembro, a professora falava sobre o assunto, ponderando com os alunos:

— Nossas aulas estão terminando e logo vocês estarão de férias. Natal está chegando e hoje vamos falar sobre esse assunto tão importante para nós que somos cristãos. Todos os dias devemos nos lembrar de Jesus e procurar estar junto dele! Contudo, Natal é um momento especial porque toda a cristandade comemora nesse dia a vinda do Cristo ao mundo. Então, gostaria de saber: Como vocês esperam comemorar o Natal?

O entusiasmo foi geral. O assunto era palpitante! Cada criança falou sobre suas expectativas para a festa: As visitas de parentes que viriam de longe, os preparativos e as compras que estavam sendo feitos para o grande momento e, especialmente, os presentes que esperavam ganhar.

A professora ouviu com atenção as informações infantis, deixando que falassem à vontade. Depois, considerou, com um sorriso:

— Ótimo! Vejo que estão animados e sabem o que querem! Mas será que alguém se lembrou de que o aniversariante é Jesus, e, portanto, a festa é para Ele?

Silêncio geral. Os alunos trocaram entre si olhares surpresos e constrangidos. Ninguém havia pensado nisso!

Um aluno quebrou o silêncio, arriscando:

— Bem, se o aniversariante é Jesus, então, devemos pensar como Ele gostaria que preparássemos a comemoração, não é?

Todos concordaram. Porém, como fazer isso? Perguntar a Jesus?

Um outro garoto, que ouvia pensativo, disse:

— Bem, professora, acho que só podemos fazer isso buscando nos ensinamentos de Jesus. Minha mãe me ensinou que o Cristo gostava de estar sempre junto com os sofredores e necessitados do mundo.

— Excelente, Joãozinho. Alguém se lembra de mais alguma coisa?

Dorinha, menina estudiosa e disciplinada, comentou:

— Professora, outro dia abri a Bíblia ao acaso e li um trecho que Jesus dizia que, ao darmos uma festa, não deveríamos convidar os ricos, mas os que não nos poderiam retribuir a gentileza.

— Muito bom, Dorinha. Você provou que entendeu a mensagem do Mestre.

Ismael, o menorzinho da turma, que acompanhava tudo com atenção, levantou-se e disse:

— Professora, meu pai fala que Jesus ama a todo mundo: as pessoas, os bichinhos, as plantas. É verdade?

— Sem dúvida, Ismael. O amor do nosso Mestre se reflete em toda a natureza.

— Então, acho que Jesus não gostaria de chegar em nossa casa e encontrar a mesa cheia de animais mortos. Eu não gosto!

Diante da ponderação daquela criança, que lembrava o respeito à vida, os demais se calaram. A professora passou o olhar pela sala, onde os alunos se mantinham em silêncio, pensativos, e sugeriu:

— A classe já se manifestou abordando coisas importantes que devem ser analisadas com seriedade. Gostaria que o grupo refletisse sobre o assunto e encontrasse a melhor solução para festejarmos o Natal de Jesus. Vocês terão até o final desta aula para resolver, está bem? Depois desse tempo, voltarei para saber o que decidiram.

As crianças passaram a refletir no assunto, cada um dando sua sugestão. Afinal, depois de muita conversa, resolveram. A decisão foi unânime e estavam todos entusiasmados.

Retornando, a mestra olhou para a classe e indagou:

— E então? Chegaram a uma decisão?

O líder a turma, levantou-se e informou:

— Sim, professora. Depois de tudo o que foi falado, decidimos que a melhor maneira de festejarmos o Natal, é fazer visitas aos hospitais. Jesus cercava-se especialmente dos sofredores e doentes, e onde encontrá-los em maior número a não ser num hospital? Deve ser muito triste ser criança e ter que passar o Natal separado da família, não é? Podemos ensaiar um teatro, levar alegria, músicas, brincadeiras e algumas guloseimas que eles possam comer. O que a senhora acha?

A professora acompanhava comovida a explicação do aluno, que era interrompida pelos demais com palmas e gritos de alegria. Com lágrimas nos olhos, ela aprovou:

— Parabéns, vocês decidiram sabiamente. Por certo este ano teremos um Natal diferente!

A partir daquele dia, com a cooperação das famílias que aderiram eufóricas à ideia dos filhos, arrecadaram recursos para realizar o projeto, ganharam doces e presentes. Cada aluno contribuiria com suas tendências, mostrando o que tinha de melhor. Assim, surgiram atores para um pequeno teatro; palhaços, mágicos e, como não poderia faltar, ensaiaram músicas natalinas.

Chegou o grande dia.

Era véspera de Natal. Em um grande comboio se dirigem para o primeiro hospital. Foi um momento inesquecível! Médicos, enfermeiras, atendentes, todos aprovaram a iniciativa. Os pacientes, então, nem se diga! Acompanhavam com olhos brilhantes de animação e alegria as apresentações variadas e cheias de humor. Receberam presentes, balões coloridos e doces. Naturalmente, os alunos haviam se informado antes para saber o que os pacientes poderiam comer, inclusive os diabéticos, que receberam guloseimas especiais.

Notadamente no Hospital do Câncer, a emoção foi maior, diante das crianças pálidas, abatidas, muitas sem cabelos, com feridas, mas todas demonstrando no olhar a felicidade daquele momento.

O ambiente saturado de luz se derramava em bênçãos de paz, de amor e de alegria para todos.

Certamente, tanto as crianças enfermas quanto os alunos daquela classe, jamais esqueceriam esse Natal, quando tiveram a oportunidade de sentir a presença de Jesus, tão viva e tão forte entre eles!

Autoria: Célia Xavier Camargo
Imagem meramente ilustrativa – Fonte: Internet Google.