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quarta-feira, 15 de outubro de 2025

A AMIZADE REAL

Um grande senhor que soubera amontoar sabedoria, além de riqueza, auxiliava diversos amigos pobres, na manutenção do bom ânimo, na luta pela vida.

Sentindo-se mais velho, chamou o filho à cooperação. O rapaz deveria aprender com ele a distribuir gentilezas e bens.

Para começar, enviou-o à residência de um companheiro de muitos anos, ao qual destinava trezentos cruzeiros mensais.

O jovem seguiu-lhe as instruções.

Viajou seis quilômetros e encontrou a casa indicada. Contrariando-lhe a expectativa, porém, não encontrou um pardieiro em ruínas. O domicílio, apesar de modesto, mostrava encanto e conforto. Flores perfumavam o ambiente e alvo linho vestia os móveis com beleza e decência.

O beneficiário de seu pai cumprimentou-o, com alegria efusiva, e, depois de inteligente palestra, mandou trazer o café num serviço agradável e distinto. Apresentou-lhe familiares e amigos que se envolviam, felizes, num halo enorme de saúde e contentamento.

Reparando a tranqüilidade e a fartura, ali reinantes, o portador regressou ao lar, sem entregar a dádiva.

- Para quê? – confabulava consigo mesmo – aquele homem não era pedinte. Não parecia guardar problemas que merecesse compaixão e caridade. Certo, o genitor se enganara.

De volta, explicou ao velho pai, particularizadamente, quanto vira, restituindo-lhe a importância de que fora emissário.

O ancião, contudo, após ouvi-lo calmamente, retirou mais dinheiro da bolsa, dobrou a quantia e considerou:

- Fizeste bem, tornando até aqui. Ignorava que o nosso amigo estivesse sob mais amplos compromissos. Volta à residência dele e, ao invés de trezentos, entrega-lhe seiscentos cruzeiros, mensalmente em meu nome, de ora em diante. A sua nova situação reclama recursos duplicados.

- Mas meu pai – acentuou o moço -, não se trata de pessoa em posição miserável. Ao que suponho, o lar dele possui tanto conforto, quanto o nosso.

- Folgo bastante com a notícia – exclamou o velho.

E, imprimindo terna censura à voz conselheiral, acrescentou:

- Meu filho, se não é lícito dar remédio aos sãos e esmolas aos que não precisam delas, semelhante regra não se aplica aos companheiros que Deus nos confiou.

Quem socorre o amigo, apenas nos dias de extremo infortúnio, pode exercer a piedade que humilha ao invés do amor que santifica.

Quem espera o dia do sofrimento para prestar o favor, muita vez não encontrará senão silêncio e morte, perdendo a melhor oportunidade de ser útil. Não devemos exigir que o irmão de jornada se converta em mendigo, a fim de parecermos superiores a ele, em todas as circunstâncias. Tal atitude de nossa parte representaria crueldade e dureza.

Estendamos-lhe nossas mãos e façamo-lo subir até nós, para que nosso concurso não seja orgulho vão. Toda gente no mundo pode consolar a miséria e partilhar as aflições, mas raros aprendem a acentuar a alegria dos entes amados, multiplicando-a para eles, sem egoísmo e sem inveja no coração. O amigo verdadeiro, porém, sabe fazer isto.

Volta, pois, e atende ao meu conselho para que nossa afeição constitua sementeira de amor para eternidade. Nunca desejei improvisar necessitados, em torno de nossa porta e, sim, criar companheiros para sempre.

Foi então que o rapaz, envolvido na sabedoria paterna, cumpriu quanto lhe fora determinado, compreendendo a sublime lição de amizade real.

Livro: Alvorada Cristã – Lição 18 – Médium: Chico Xavier - Espírito: Néio Lúcio.

Imagem meramente ilustrativa - Fonte: Internet Google.
 

quarta-feira, 1 de outubro de 2025

O Menino e o Arco-íris

Toninho era um garoto que, embora não fosse rico, nada lhe faltava.

Tinha tudo! Pais amorosos, uma casa confortável, roupas bonitas e estudava numa boa escola.

Mas Toninho era um garoto que só conseguia ver da vida o que ela tinha de pior. Nas pessoas e nas coisas, procurava sempre o lado negativo.

Se um amiguinho se aproximasse após ter tomado um banho, de roupas limpas, cabelos penteados, ele olhava o outro dos pés à cabeça procurando algo para criticar: — Que sapatos mais feios!

Em casa, a comida era sempre feita com carinho pela mãe, ansiosa para agradá-lo. Ele provava e já franzia o nariz, exclamando:

— Está uma droga! Muito salgada!

A mãe ficava triste, porém nada podia fazer. Debalde procurava fazê-lo mudar de comportamento, ensinando-lhe que tudo tem seu lado bom e que era preciso enxergar a vida com outros olhos.

Contudo, Toninho não se modificava. Ao contrário, parecia que a cada dia ele estava ficando pior.

Ninguém gostava dele. Os colegas na escola evitavam sua presença, temendo suas críticas. E, com isso, ele foi ficando cada vez mais sozinho e mal-humorado.

Sua mãezinha, preocupada com ele, fazia sentidas preces a Jesus, rogando-lhe a ajudasse a modificá-lo. O que seria dele no futuro se continuasse assim? A vida lhe seria um fardo muito difícil de suportar.

Certo dia, porém, brincando no quintal, ao passar correndo por debaixo de uma árvore, Toninho não viu um galho e esbarrou violentamente nele. De imediato, sentiu uma dor terrível nos olhos, não conseguia abrir as pálpebras e lacrimejava muito.

A mãe levou-o ao médico. Examinando Toninho, o médico acalmou os receios da mãe, dizendo-lhe:

— Graças a Deus não foi nada grave. Os olhos foram arranhados levemente pelo galho. Todavia, há necessidade de manter repouso e ficar com os olhos vendados.

O médico colocou uma pomada, fez um curativo em cada olho, tampando lhe completamente a visão, depois recomendou:

— Voltem dentro de dois dias.

Amparado pela mãe, Toninho saiu do consultório médico reclamando.

— Não se lamente, meu filho. Agradeça a Deus, pois você poderia ter ficado cego — considerou a mãezinha, paciente.

Aqueles dois dias foram um tormento para o menino. Chorou, se lastimou, bateu os pés no chão, fez birra, mas acabou se conformando. Afinal, o médico disse que se quisesse sarar, teria que ficar com os olhos vendados.

Naquele período aprendeu até a andar pela casa, embora trombando nos móveis; já conseguia saber se estava fazendo sol ou não, pelo calor no corpo; sentia o perfume das flores, a carícia do vento e tudo o que não dava importância antes.

No final dos dois dias, estava mais tranquilo e foi muito satisfeito que, à hora marcada, voltou ao médico.

Ao sair do consultório, após ter retirado os curativos, a emoção foi muito grande ao ver de novo a rua, as pessoas caminhando, os carros no trânsito, o céu, as árvores...

Toninho até chorou de felicidade.

Puxando-o pela mão, a mãe lhe disse:

— Vamos rápido, meu filho. Veja como o tempo está feio. Acho que não tarda a chover mais!

Toninho olhou para o alto, fitando o céu, cheio de nuvens escuras e sorriu, retrucando:

— Não acho que o céu esteja feio, mamãe. Acho até que está muito bonito! E veja o lindo arco-íris que surgiu entre as nuvens! Parece que ele está me saudando e dizendo: “Bem-vindo à vida, Toninho!”.

A mãe o olhou surpresa, ao notar a mudança que se operara nele, e Toninho explicou:

— Sabe, mamãe, estes dois dias me fizeram ver as coisas de outra maneira. Não poder enxergar, ver sempre tudo escuro é horrível, e fez-me dar valor ao que me cerca. Mais do que isso. Entendi que antes, mesmo tendo visão perfeita, na realidade eu enxergava menos do que um cego. Compreendo agora porque a senhora vivia tentando fazer-me mudar de comportamento. Vejo agora que tudo é belo na natureza, as pessoas, as coisas que nos cercam.

A mãe suspirou e, olhando para o Alto, intimamente agradeceu a Jesus a lição que seu filho tinha recebido.

Autoria: Célia Xavier Camargo
Imagem meramente ilustrativa – Fonte: Internet Google.