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segunda-feira, 15 de setembro de 2025

O Carrossel

Fernando era um menino muito pobre. De família humilde, suas dificuldades eram imensas, pois muitas vezes em sua casa faltava até o que comer.

Mas Fernando possuía um coração muito bom, era alegre e prestativo, e o pouco que ele tinha repartia com os outros.

Era entregador numa loja, cujo dono resolvera ajudá-lo apenas para que não ficasse na rua. Seu “salário” era muito pequeno. Na verdade, resumia-se às gorjetas que as pessoas de boa-vontade lhe davam pela sua ajuda.

Um dia voltava ele para casa e aquele tinha sido um dia de pouco movimento; ganhara apenas algumas moedas.

Era quase noite. Passando defronte de uma linda vitrine de confeitaria, ficou parado olhando os doces que ali estavam expostos.

Ouviu um suspiro fundo vindo do seu lado. Virou-se e viu uma garotinha que, de olhos arregalados, fitava um enorme pedaço de bolo com cobertura de chocolate.

A menina, maltrapilha, tinha o aspecto pálido e doentio de quem não se alimentava há muitas horas. Condoído da situação da garota, Fernando perguntou:

— Você está com fome?

Ela balançou a cabeça, concordando, sem tirar os olhos do bolo.

Fernando enfiou a mão no bolso consultando seus magros recursos.

Ele também estava com fome. Porém, certamente em casa sua mãe o estaria esperando com um prato de sopa quente e um pedaço de pão.

Gostaria de comprar alguma coisa para ele, Fernando, com aquele dinheiro que lhe custara tanto ganhar, mas a pequena parecia tão faminta!

Resolveu-se. Entrou na confeitaria, pegou o pedaço de bolo e orgulhosamente, por ter podido comprá-lo com o “seu dinheiro”, ofereceu-o à pequena maltrapilha com amplo sorriso.

O olhar de alegria da menina foi suficiente para recompensá-lo.

Satisfeito, tomou o caminho para seu lar. Próximo de sua casa viu as luzes de um parque de diversões que haviam montado naquele dia.

A música, as luzes e o movimento de pessoas atraíram a atenção de Fernando.

Adorava parque de diversões com seus brinquedos e sua música. Principalmente o carrossel, com os cavalinhos que subiam e desciam rodando sempre ao som de uma música, o encantava.

Ficou parado, olhando. Como gostaria de andar naquele carrossel! Mas, infelizmente, não tinha mais moedas.

O preço de um ingresso para uma volta no brinquedo era o mesmo que gastara comprando o pedaço de bolo para a pequena mendiga. Se não tivesse comprado o doce, agora teria o dinheiro para dar uma volta no carrossel.

Lembrou-se, porém, do rostinho sujo e satisfeito da menina e afastou esse pensamento egoísta da sua cabeça.

“Não tem importância” — pensou — “Mamãe sempre me disse que tudo aquilo que fizermos aos outros, Deus nos dará em dobro. Está, portanto, bem empregado o meu dinheiro”.

Nisso, percebeu um garoto muito bem vestido a seu lado, chupando um sorvete. Vendo Fernando olhar o carrossel, perguntou:

— Quer andar de cavalinho?

— Quero. Mas não tenho dinheiro — respondeu.

O garoto estendeu-lhe dois bilhetes dizendo, indiferente:

— Tome.

— Mas não tenho com que pagar! — gaguejou Fernando.

— Não tem importância. Já estou cansado desses brinquedos. Meu pai é dono desse parque e tenho sempre quantos bilhetes quiser.

Agradecendo, Fernando fitou os bilhetes com os olhos úmidos de emoção, enquanto dizia para si mesmo:

— Minha mãe tinha razão. Eu sabia que Deus ia me retribuir, mas não pensei que fosse tão rápido.

Autoria: Célia Xavier Camargo
Imagem meramente ilustrativa – Fonte: Internet Google.
 

segunda-feira, 1 de setembro de 2025

O Sonho de Laurinho

Laurinho tinha apenas oito anos, mas era muito vivo e inteligente.

Certo dia, na escola, ele ouviu a professora falar sobre a existência da “alma” explicando que ela é imortal e, por isso, já existia antes desta vida e continuaria existindo após a morte do corpo. Para finalizar, a professora, que era espírita, completou:

— O sono é um estado muito parecido ao da morte, porque o espírito se desprende do corpo e vai para onde quiser. A diferença é que, do sono, acordamos todas as manhãs; e, quando ocorre a morte do corpo material, o espírito não volta mais a habitar aquele corpo de carne.

Laurinho escutou com muita atenção e ficou preocupado com as palavras da professora.

Na verdade, não entendia direito como isso poderia acontecer. Aliás, nem sabia se acreditava em “espírito”.

— Será que temos mesmo uma alma ou espírito? — perguntou.

— Nós não temos uma alma ou espírito, Laurinho. “Nós somos” o espírito — respondeu a professora.

Laurinho estava surpreso. Ele nunca ouvira ninguém falar sobre esse assunto!

Assim, voltou pensativo e cheio de dúvidas para casa, e o resto do dia não conseguiu pensar em outra coisa.

À noite, fez uma pequena oração para Jesus, que a mãe ensinara, e deitou-se. Não demorou muito, estava dormindo.

Algum tempo depois, Laurinho acordou. Sentiu sede e levantou-se para beber água.

Reconhecia-se mais leve, bem disposto. Ao olhar para o leito, levou um susto. Viu um outro Laurinho dormindo.

Como poderia estar em dois lugares ao mesmo tempo?!...

Lembrou-se, então, do que a professora havia ensinado.

— Que legal! Então, este é meu corpo espiritual e estou fora do corpo de carne!

Achando graça da situação, saiu do quarto e caminhou pela casa. Seus pais ainda estavam acordados e Laurinho viu a mãe fazendo tricô e o pai lendo um livro em sua cadeira de balanço preferida.

Foi até a cozinha beber água, mas não conseguiu segurar o copo, pois sua mão passava por ele sem conseguir pegá-lo.

Viu seu gatinho Xuxu que estava ronronando num canto da cozinha e resolveu brincar com ele.

— Xuxu! Xuxu! — chamou.

O gatinho acordou, sonolento. Laurinho aproximou-se e passou as mãos no animalzinho que, eriçando os pelos, miou e correu a esconder-se no quarto de despejo no meio de um monte de roupas, como se estivesse com medo.

Laurinho resolveu deixar Xuxu em paz e voltar para o quarto.

Ao passar pela sala, viu o vovô Carlos ao lado de sua mãe. O avô, sorridente, disse:

— Cuide de sua mãe para mim, Laurinho. Diga a ela que estou muito bem.

O menino, já com sono, voltou para o quarto e deitou-se.

No dia seguinte, Laurinho despertou cedo para ir à escola. Trocou de roupa e foi até a cozinha onde sua mãe acabava de preparar o café.

Sentaram-se. A senhora comentou, enquanto colocava café na xícara:

— Que estranho! Não sei onde está o seu gatinho. Sempre que sentamos à mesa para as refeições, Xuxu se aproxima para ganhar alguma coisa. Estou acordada há horas e ele ainda não apareceu.

Naquele momento, Laurinho lembrou-se do sonho que tivera e afirmou:

— Eu sei onde ele está.

Levantou-se, foi até o quarto de despejo, abriu a porta e Xuxu saiu se espreguiçando todo.

— Como você sabia que ele estava lá? — Perguntou o pai, curioso.

Laurinho contou o sonho que teve à noite, deixando os pais surpresos. Depois continuou:

— E tem mais. O vovô Carlos, que estava na sala ao seu lado, mamãe, pediu-me que cuidasse de você e que lhe dissesse que ele está muito bem.

Emocionada, a senhora, cujo pai tinha morrido há alguns meses, exclamou:

— Mas, seu avô Carlos já morreu, meu filho!

— Pois eu o vi bem vivo, mamãe. E nem me lembrei que ele já estava morto.

Os pais de Laurinho não continham a satisfação e se abraçaram, percebendo que algo de muito grandioso ocorrera àquela noite.

Eles, que não acreditavam em nada, sentiam agora uma nova esperança em seus corações, graças ao sonho de seu filho Laurinho.

E o menino, de olhos arregalados, disse:

— E não é que minha professora tem razão? A morte não existe!...

Autoria: Célia Xavier Camargo
Imagem meramente ilustrativa – Fonte: Internet Google.
 

sexta-feira, 15 de agosto de 2025

A Lagarta Filomena

Num jardim muito bonito e florido, vivia uma lagarta que se chamava Filomena.

Ela gostava de passear pelas plantas e se alimentar de folhas verdinhas.

Certo dia, durante um passeio, encontrou uma formiguinha com a perna machucada. Condoída, fez um curativo na perna da formiguinha e ajudou-a a retornar para sua casa, o formigueiro.

Tininha, a formiga, ficou muito agradecida.

Alguns dias depois, Filomena saiu para dar umas voltas. Andou... Andou... Andou... E quando quis voltar para casa, não conseguiu: estava perdida.

Sem perceber, Filomena tinha saído do jardim e agora não sabia o que fazer. Para piorar sua situação, caiu de uma grande pedra escorregadia e ficou estendida no chão, com as pernas para cima, sem conseguir se levantar.

Filomena ficou muitas horas no sol quente, sem água e sem alimento. Começou a sentir-se doente e fraca, incapaz de andar.

O local era árido. Só tinha areia e pedras, e ninguém aparecia para socorrê-la.

As horas foram passando e ela foi ficando cada vez mais preocupada.

Já fazia um dia inteiro que Filomena estava estirada no chão, quando ouviu um barulho. Resolveu gritar por socorro.

Tininha estava por perto e escutou gemidos:

— Ai, ui, ai! Socorro!...

A formiga aproximou-se do local de onde partia a voz e qual não foi sua surpresa quando avistou a lagarta:

— Dona Filomena! O que aconteceu?

A pobre lagarta, reconhecendo a formiguinha que ajudara, falou-lhe comovida:

— Ah, Tininha! Foi Deus quem a mandou! Estou aqui há horas sem ninguém para me socorrer.

A formiga desejava fazer alguma coisa para ajudar, mas era tão fraquinha!

Teve uma ideia. Foi até o formigueiro chamar suas irmãs. Assim, trouxeram uma linda folha verde e tenra para Dona Filomena comer e água para matar-lhe a sede. Depois, as formigas curaram seus ferimentos.

Quando a lagarta já estava melhor, levaram-na para casa.

Dona Filomena disse:

— Nem sei como agradecer o auxílio de vocês, principalmente de Tininha, que foi tão boa comigo.

— Não precisa agradecer, Dona Filomena. Só fiz minha obrigação, retribuindo o bem que a senhora me fez.

E, desse dia em diante, tornaram-se grandes amigas.

Assim também acontece em nossas vidas. Todo o bem que fizermos reverterá em nosso próprio benefício. Cada um de nós colherá exatamente aquilo que houver plantado.

Por isso Jesus, sabiamente, ensinou que devemos fazer aos outros o que queremos que os outros nos façam.

Autoria: Célia Xavier Camargo
Imagem meramente ilustrativa – Fonte: Internet Google.
 

sexta-feira, 1 de agosto de 2025

AS TRÊS ORAÇÕES

Muitas vezes costumamos nos decepcionar com as preces que fazemos. Pedimos alguma coisa e a resposta nunca chega. Então, perdemos a confiança em Deus.

O que, não raro acontece, é que a resposta chega, mas não a compreendemos, por pensarmos que ela tenha que vir conforme o nosso pedido.

Acontece que o Criador sabe o que é melhor para nós.
A respeito disso existe uma antiga lenda que pode ilustrar melhor esse assunto.

Em grande bosque da Ásia Menor, três árvores ainda jovens pediram a Deus lhes concedesse destinos gloriosos e diferentes.

A primeira explicou que aspirava a ser empregada no trono do mais alto soberano da Terra. Após ouvi-la, a segunda declarou que desejava ser utilizada na construção do carro que transportasse os tesouros desse rei poderoso, e a terceira, por último, disse então que almejava transformar-se numa torre, nos domínios desse potentado, para indicar o caminho do céu.

Depois das preces formuladas, um mensageiro angélico desceu à mata e avisou que o Todo Misericordioso lhes recebera as rogativas e lhes atenderia às petições.

Decorrido muito tempo, lenhadores invadiram o horto selvagem e as árvores, com grande pesar de todas as plantas circunvizinhas, foram reduzidas a troncos, despidos por mãos cruéis.

Arrastadas para fora do ambiente familiar, ainda mesmo com os braços decepados, elas confiaram nas promessas do supremo senhor e se deixaram conduzir com paciência e humildade.

Qual não lhes foi, porém, a aflitiva surpresa!...

Depois de muitas viagens, a primeira caiu sob o poder de um criador de animais que, de imediato, mandou convertê-la num grande cocho destinado à alimentação de carneiros; a segunda foi adquirida por um velho praiano que construía barcos por encomenda e a terceira foi comprada e recolhida para servir, em momento oportuno, numa cela de malfeitores.

As árvores amigas, conquanto separadas e sofredoras, não deixaram de acreditar na mensagem de Deus e obedeceram sem queixas às ordens inesperadas que as leis da vida lhes impunham...

No bosque, contudo, as outras plantas tinham perdido a fé no valor da oração, quando, transcorridos muitos anos, vieram a saber que as três árvores haviam obtido as concessões gloriosas solicitadas...

A primeira, forrada de panos singelos, recebera Jesus das mãos de Maria de Nazaré, servindo de berço ao Dirigente mais alto do mundo.

A segunda, trabalhando com pescadores, na forma de uma barca valente e pobre, fora o veículo de que Jesus se utilizou para transmitir sobre as águas muitos dos Seus mais belos ensinamentos.

E a terceira, convertida apressadamente numa cruz em Jerusalém, seguira com Ele, o Senhor, para o monte e, ali, ereta e valorosa, guardara-lhe o coração torturado, mas repleto de amor no extremo sacrifício, indicando o verdadeiro caminho do reino celestial...

Todos nós podemos endereçar a Deus, em qualquer parte e em qualquer tempo, as mais variadas preces. No entanto, precisamos cultivar paciência e humildade para esperar e compreender as respostas de Deus.

Autor desconhecido
Imagem meramente ilustrativa – Fonte: Internet Google.
 

terça-feira, 15 de julho de 2025

A Tartaruga Mensageira

Um dia, há muito tempo atrás, os animais habitantes de uma grande floresta ficaram sabendo que um grupo de homens pretendia derrubar todas as árvores para transformá-las em madeira.

Apavorados, pois isso representaria a destruição deles também, resolveram mandar uma mensagem pedindo socorro a um grupo de pessoas amigas e amantes da natureza.

Os bichos se reuniram para decidir quem seria o portador da mensagem, pois era uma missão muito importante, e o local para onde teriam que ir ficava muito, muito distante.

Apresentaram-se para a tarefa: um passarinho, um esquilo, um macaco e uma tartaruga.

– Eu sou o melhor – disse o passarinho estufando o peito –, porque posso voar e, rapidamente, dar conta do recado.

O esquilo alisou o pelo macio e falou, orgulhoso:

– Eu tenho mais condições de cumprir a missão, porque sou rápido e ágil!

O macaco, coçando a cabeça, afirmou:

– Não! Eu sou o mais indicado porque, pulando de galho em galho chegarei mais depressa ao destino.

Todos riram quando a pequena tartaruga se apresentou. Afinal, tinham urgência que a mensagem fosse entregue rápido, e a tartaruga era, reconhecidamente, muito lenta.

Depois que as risadas se acalmaram, o leão perguntou:

– Por que é que você acha que tem condições de ser a portadora?

– Porque tenho confiança em Deus que o conseguirei! – respondeu a tartaruga com serenidade.

Após muito discutir, os animais decidiram, muito sabiamente, que para maior segurança, todos os quatro levariam uma mensagem igual. Aquele que chegasse primeiro, teria a honra de entregá-la.

E assim, numa bela manhã de sol, partiram os mensageiros levando as esperanças e a confiança de todos os animais.

O esquilo saiu aos pulos, ligeiro; o passarinho abriu as asas e voou rápido pelo céu; o macaco, pulando de árvore em árvore, lá se foi a perder de vista. Só a pobre tartaruga iniciou a jornada com sua marcha lenta, para chacota dos demais.

Enfrentaram perigos e obstáculos. Tão logo terminaram as árvores, o macaco teve que continuar também pelo solo.

A certa altura do caminho ocorreu um grande desmoronamento de terras e, como não quisessem se abrigar para não interromper a marcha, o macaco e o esquilo foram atingidos e não puderam prosseguir.

O passarinho passou voando sem maiores dificuldades, mas a tartaruga, vendo o perigo, com tranquilidade escondeu-se na sua carapaça esperando-o passar.

Mais adiante, sobreveio terrível tempestade, e o passarinho, não obstante se agarrasse às árvores para se proteger, foi arrastado pelo vento forte. A tartaruga, porém, novamente parou sua caminhada, escondendo-se em sua carapaça do furor do temporal, esperando o tempo melhorar. Depois, prosseguiu sua jornada.

Em consequência das fortes chuvas, regiões ficaram totalmente inundadas, mas a corajosa tartaruga não desanimou.

Guardando muito bem a carta para que não molhasse, prosseguiu nadando.

E assim, vencendo dificuldades enormes, perigos inesperados e obstáculos difíceis, a tartaruga chegou ao seu destino. Ali ficou sabendo, muito surpresa, que era a primeira a chegar!

Sentiu-se orgulhosa e satisfeita, pois foi cumprimentada por todos, como se fosse uma heroína.

E voltou para casa com os amigos que iriam protegê-los e evitar a destruição da floresta.

Carregada nos braços, ela chegou coberta de glória, para espanto dos animais, que nunca poderiam imaginar que a pequena tartaruga cumpriria missão tão importante.

Os animais então perceberam que todas as criaturas merecem respeito e consideração, e que todos têm condições de vencer. Que, muitas vezes, não são as criaturas que parecem ter as melhores condições que vencem, mas aquelas que se utilizam melhor das possibilidades que possuem.

Perguntaram então à tartaruga, a que ela atribuía sua vitória.

– Creio que sem PACIÊNCIA, PERSISTÊNCIA, CORAGEM e muita FÉ, eu não poderia ter vencido – respondeu ela.

E concluiu com tranquilidade:

– SÓ ASSIM VENCEREMOS!

Autoria: Célia Xavier Camargo
Imagem meramente ilustrativa – Fonte: Internet Google.
 

terça-feira, 1 de julho de 2025

Por Uma Moeda

Fernando era um menino de bom coração, e sensível ao sofrimento dos outros.

Certo dia, passando por uma rua na periferia da cidade, viu uma casa muito pobrezinha e duas crianças magras e pálidas que brincavam à porta.

Num impulso, aproximou-se e puxou conversa com as crianças. Ficou sabendo que não tinham pai e que a mãe estava trabalhando para prover o sustento da casa. Disseram, também, que nada tinham comido ainda naquele dia, e que só iam comer quando a mãe retornasse do trabalho.

Penalizado, Fernando desejou ajudar. Mas, como? Também não tinha recursos e seu pai trabalhava muito para que nada lhes faltasse no lar.

Teve uma ideia. Tinha muitos amigos, e, se ele sozinho quase nada podia fazer, em conjunto eles poderiam fazer muito.

Reuniu os amigos e expôs seu plano. Se cada um contribuísse com um pouco, ajudariam aquela família substancialmente. Todos aprovaram a ideia de Fernando. E mais, entusiasmados, resolveram pedir a colaboração de parentes, amigos e vizinhos, pois, angariando mais recursos, estenderiam a ajuda a outras famílias necessitadas.

E assim foi feito. Não apenas recebendo gêneros alimentícios, roupas, calçados, mas cada um também doando tempo de trabalho, fazendo companhia às crianças, ajudando na higiene doméstica e ensinando os deveres da escola.

Aos poucos, como eles previam, a assistência estendeu-se a outras famílias igualmente necessitadas e que residiam ali por perto.

Todos estavam felizes e otimistas.

Pedindo a colaboração de um dos garotos na escola, que Fernando sabia ser muito rico, ficou grandemente decepcionado, pois o menino respondeu indiferente:

— Nada tenho para dar.

— Como? Você é o menino mais rico da escola! — estranhou.

Como Fernando continuasse a insistir a contragosto o garoto tirou uma pequena moeda do bolso e entregou-a dizendo:

— Esta moeda é só o que posso dar.

Perplexo, Fernando olhou a moeda e teve vontade de não aceitar, por ser de valor insignificante. Porém, pegou a moeda, agradeceu e afastou-se, indignado.

Chegando em casa, comentou com a mãe o acontecido, e terminou dizendo:

— Tive vontade de não aceitar a moeda, que é um insulto às necessidades alheias. Não vale nada!

A mãe fitou-o e disse serena:

— Pois faria muito mal, meu filho. Você deve aprender que, na vida, cada um dá o que tem. E isso, muitas vezes, não tem relação com o que a pessoa acredita possuir.

Surpreso, Fernando perguntou:

— Como assim, mamãe? Não entendo. Ele é muito rico!...

— Exatamente. Mas não aprendeu a dar nada de si. Por isso, meu filho, essa moeda que você despreza tanto é a oportunidade do seu amigo de doar alguma coisa, e que, para ele, representa muito. Compreendeu?

— Compreendi. A senhora quer dizer que a doação é um aprendizado que temos de exercitar — respondeu o menino, admirado das sábias palavras de sua mãe.

— Isso mesmo, meu filho. O egoísmo é uma doença da qual nos libertamos muito lentamente. E o seu amigo está dando os primeiros passos para vencer essa terrível chaga.

Fernando olhou para aquela moedinha que brilhava em sua mão com olhos diferentes e agradeceu a lição que recebera.

Fez um quadro com a moeda, colocando uma moldura e pendurou-o no seu quarto, em local bem visível, para que nunca mais se esquecesse da lição.

Um ano depois, aquele seu amigo já estava plenamente integrado no grupo e alegremente colaborando, muito feliz da vida, para espanto geral.

Autoria: Célia Xavier Camargo
Imagem meramente ilustrativa – Fonte: Internet Google.
 

domingo, 15 de junho de 2025

Fósforos de Cor

Andando pela rua, Laurinha ia remoendo seus pensamentos.

Estava chateada porque desejava muito um vestido novo que tinha visto numa loja e não podia comprar.

Pediu à mãe, insistiu, implorou, mas a resposta tinha sido sempre a mesma:

— Não, minha filha. Não temos dinheiro agora. Quem sabe em outra ocasião?

A garota bateu o pé, exigente:

— Não. Quero agora! Depois, aquele vestido não estará mais na loja. E ele é lindo, mamãe. Eu quero, quero e quero!

— Pois não o terá, Laurinha. No momento estou com pouco dinheiro e não posso gastar o que tenho para atender um capricho seu.

A menina chorou, fez birra, bateu o pé, gritando inconformada: — Mas eu quero!

Porém, apesar de toda a pressão de Laurinha, a mãe não cedeu, continuando firme. Ela falou com o pai, julgando que seria mais fácil. Aproximou-se dele dengosa, como sempre fazia quando desejava alguma coisa, sentou-se no seu colo e pediu, com voz suplicante:

— Papai, eu posso comprar um vestido que vi na loja? É lindo!

Todavia, a resposta foi a mesma: Não. Laurinha foi para o quarto amuada, chorou, mas teve que se conformar porque os pais não iriam mudar de ideia.

Alguns dias depois, Laurinha amanheceu com febre. Dona Isabel, cuidadosa e preocupada, não permitiu que a filha fosse à escola, obrigando-a a permanecer na cama.

Como a febre não diminuísse, a mãe levou Laurinha ao médico. Ela estava com princípio de pneumonia.

Por mais de uma semana, a garota ficou na cama, tomando remédios e reclamando por não poder sair de casa e ir à escola.

— Vou ficar boa logo, mamãe? — perguntava ela. — A festa junina da escola está se aproximando e não quero faltar!

— Vamos ver. Depende de você, minha filha. Se tomar os remédios direito, ficar de repouso na cama, quem sabe?

Aquela semana custou a passar. Laurinha, embora inconformada, teve que obedecer. Para passar o tempo, jogava damas com os amigos, via televisão, e, quando estava sozinha, lia, lia muito.

Ela, que nunca tinha se interessado muito por leituras, leu livros que falavam das coisas que são realmente importantes em nossa vida e que devemos valorizar, como a família, a saúde, a educação.

Ao mesmo tempo, Laurinha não pode deixar de notar que seus pais estavam gastando bastante com ela: tinham que pagar a consulta médica, comprar remédios e até uma alimentação melhor que ela estava precisando para se recuperar.

Preocupada perguntou à mãe:

— Mamãe, a senhora disse que estava sem dinheiro e agora está tendo que gastar tanto comigo! Onde arrumou dinheiro?

— É que a saúde, minha filha, é muito importante para nós e para isso sempre daremos um jeito. É diferente de comprar uma roupa, que não é necessária e podemos passar sem ela.

Uma semana depois, a garota estava diferente, mais tranquila, mais serena.

Chegou o dia da festa junina da escola.

Laurinha, recuperada, arrumou-se e foi toda feliz para a festa encontrar com os colegas e amigos.

Lá, passeando entre os postes iluminados, as barracas enfeitadas, as bandeirinhas, ela olhou para a mãe, sorridente e disse:

— Sabe, mamãe, aprendi muito nesses dias. Aprendi que existem coisas que são realmente importantes. Como a saúde, por exemplo. Fiquei brava por não conseguir comprar aquela roupa nova que eu desejava tanto, mas agora nem me lembro mais dela!

Olhando uma colega que riscava fósforos de cor, ela explicou:

— Aprendi que tem coisas na vida que são como fogos de artifício: depois de queimar, não sobram nada. São belos, luminosos, coloridos, mas é só para um momento. Não duram.

Parou de falar, olhou para a mãe com olhar carinhoso e agradecido, completando:

— Mas o amor, este dura para sempre.

Autoria: Célia Xavier Camargo
Imagem meramente ilustrativa – Fonte: Internet Google.
 

domingo, 1 de junho de 2025

O Pedaço de Pão

Num armário de cozinha conversavam um pedaço de bolo, uma torta, algumas rosquinhas e um humilde pedaço de pão.

Dizia o bolo, todo orgulhoso:

— Todos me adoram, pois sou fofo e macio.

Uma rosquinha retrucava do seu canto:

— Pode ser. Mas, para o lanche da família, as crianças não dispensam a minha presença!

E a torta, torcendo o nariz, respondia, irônica:

— Em dias comuns, talvez. Eu, porém, sou sempre indispensável em qualquer mesa de festa. Minha presença é aguardada com muita satisfação, pois sou saborosa e encanto aos mais exigentes paladares.

Diante das palavras dos outros companheiros, o pedaço de pão encolheu-se mais ainda no seu canto, humilhado.

O bolo, fitando-o com ar arrogante, perguntou:

— E você, não diz nada?

O pobre pedaço de pão baixou a cabeça, triste. Sentia-se diminuído diante dos companheiros, e sem valor nenhum. Afinal, era apenas um pão.

A torta retrucou, sarcástica:

— Deixe-o. Não vê que ele não serve para nada? Só se utilizam dele quando não têm coisa melhor. Com tantas iguarias gostosas como nós, seu fim é ficar aqui, mofando neste armário, até ser jogado no lixo.

Triste, o pão não respondeu. Sabia que não tinha importância alguma.

Nisso, ouvem um barulho na cozinha. Alguém se aproxima. Calam-se.

A porta do armário se abre e aparece a dona da casa e seu filho Paulinho.

— O que você deseja comer, meu filho? — pergunta a mãe, atenciosa. — Talvez algumas rosquinhas?

— Não, mamãe. Estão um pouco moles. Gosto delas sequinhas.

— Bem, talvez um pedaço de bolo? Ou de torta?

— Não, não. São muito doces — retrucou o garoto.

E, fitando o pedaço de pão, o menino apanhou-o com carinho enquanto afirmava:

— Quando estou realmente com fome, mamãe, não dispenso o meu pedaço de pão!

Com alegria, o pão deixou o armário, sob os olhares consternados dos companheiros.

Também nós, na vida, por mais insignificantes que nos sintamos, temos o nosso valor e uma tarefa a cumprir.

Por isso, não devemos nos considerar melhores do que os outros, deixando que o orgulho se instale em nosso coração.

Também não devemos nos considerar piores do que os outros. Cada um de nós é diferente e único, mas todos somos irmãos perante Deus.

Todos nós temos valor.

Autoria: Célia Xavier Camargo
Imagem meramente ilustrativa – Fonte: Internet Google.
 

quinta-feira, 15 de maio de 2025

Exemplo de Humildade

Há muito, muito tempo atrás, numa humilde e pequena estrebaria, alguns animais conversavam, trocando ideias sobre suas vidas.

E o boi, muito manso, dizia com sua voz grave e pacienciosa:

— Tudo o que fazemos é trabalhar de sol a sol. Puxo o arado revolvendo a terra para a semeadura, e conduzo a carroça com tranquilidade e alegria executando meu trabalho sem reclamar. O senhor pode contar comigo, que estou sempre firme no serviço, mas jamais recebi uma única palavra de encorajamento.

O cavalo, que ruminava num canto, concordou balançando a cabeça:

— Também tenho dado o melhor de mim, levando o senhor para todo lado, caminhando grandes distâncias sob o sol abrasador, a chuva fria ou o frio inclemente. Mas, tenho recebido apenas o chicote no lombo como paga pelos meus serviços.

O burrico levantou a cabeça, tristonho, e suspirou:

— Tenho carregado cargas muito pesadas e nunca reclamei, nem me recusei a cumprir minhas tarefas, todavia nunca recebi uma ração extra em agradecimento pelos meus esforços.

A vaca, que amamentava seu bezerrinho recém-nascido, ergueu os olhos grandes e úmidos e comentou:

— Também eu tenho sentido na pele a ingratidão do homem. Não contente em tirar-me o leite com que alimenta seus filhos, não raro desagrega nossa família, matando-nos por prazer para alimentar-se de nossas carnes, utilizando-nos a pele para a confecção de calçados e roupas.

A ovelhinha, que tudo ouvia em silêncio, e que de olhar sonhador observava através da porta, o céu de um azul profundo e limpo, recamado de estrelas, suspirou e disse com sua voz meiga:

— Concordo que todos têm sua parcela de razão. Também eu não estou livre de maus tratos, embora colabore sempre com a minha lã para que o homem confeccione agasalhos com que se protege do frio. Mas sabem o que ouvi dizer outro dia? Que é aguardado um Messias com toda ansiedade. Dizem que ele virá do céu para amar os homens na Terra, e para conduzi-los ao regaço de Nosso Pai.

E os animais, atentos e curiosos, sentindo uma esperança nova, pediam-lhe a uma só voz:

— O que mais dizem desse Messias enviado por Deus? Conte-nos... conte-nos...

E a ovelhinha, orgulhosa das suas informações, prosseguia:

— Dizem também que ele dará a cada um segundo suas próprias obras. Por isso, tenhamos confiança em Deus que nunca nos desampara.

Mais reconfortados e confiantes, os animais naquela noite sonharam com o Messias, que cada um imaginava conforme seus gostos e necessidades, e que seria o Salvador do Mundo.

No dia seguinte viram que se aproximava, vindo pela estrada, um homem que conduzia um burrico, carregando uma jovem de belo e doce semblante.

Como não tivessem conseguido alojamento para passarem a noite, contentaram-se com aquela humilde estrebaria.

Pareciam exaustos da longa viagem e a jovem aguardava um filho para breve.

Com espanto, os animais viram o homem ajeitar as palhas, improvisando um leito para a jovem.

Algumas horas depois nascia um lindo bebê, sob as vistas carinhosas e atentas dos animais.

No céu uma grande estrela surgira, prenunciando um acontecimento incomum, e, rodeando a manjedoura, transformada em improvisado berço para o recém-nascido, os animais sentiram-se compensados por todo o sofrimento das suas vidas, conscientes da grande importância daquele acontecimento.

E, na paz e quietude do ambiente singelo, reconheceram naquela criança o Messias, o Cristo de Deus, que nascera na Terra para ensinar o Amor, mas que preferira como testemunhas mudas do seu nascimento, não os homens, mas os humildes, laboriosos e dóceis animais da criação.

Autoria: Célia Xavier Camargo
Imagem meramente ilustrativa – Fonte: Internet Google.
 

quinta-feira, 1 de maio de 2025

Resposta de Deus

Jandira, uma menina de oito anos de idade, desde muito pequena se acostumara a passar por toda sorte de privações.

Não conhecera o pai, e a mãe a abandonara quando tinha pouco mais de quatro anos. Uma vizinha, apiedando-se dela, levou-a para casa.

Mas a vizinha tinha muitos filhos e logo Jandira percebeu que não poderia morar ali, que não era bem-vinda.

Com cinco anos saiu da casa que a acolhera, cansada de apanhar, e foi para a rua, acompanhando umas crianças que conheceu e que também não tinham família. Assim, Jandira foi morar com os novos amigos num casebre abandonado.

Aprendeu a pedir esmolas para poder sobreviver. Comia do que lhe davam. Apesar de todas as dificuldades da sua curta vida, Jandira jamais foi uma criança revoltada. Tinha o coração amoroso e bom, e todos a estimavam. Acreditava em Deus e tinha certeza de que Ele não a deixaria desamparada, conforme ouviu alguém ensinar certa vez.

Certo dia, enquanto pedia esmola na cidade, Jandira viu aproximar-se um homem de aspecto distinto, muito bem-vestido.

– Por caridade, uma esmola! – pediu.

Ouvindo a voz da criança, Manoel olhou e viu uma menina de rostinho sujo, roupas rasgadas, que o fitava com grandes olhos vivos e confiantes. Como estivesse com pressa, deu uma moeda sem se deter.

No dia seguinte, encontrou a garota no mesmo lugar. Ela sorriu e estendeu a mãozinha pedindo uma esmola. Novamente Manoel deu uma moeda, contra seus hábitos, e ouviu o agradecimento da menina.

– Que Deus o abençoe e que nunca lhe falte nada.

Impressionado, seguiu adiante com passos rápidos, mas não conseguiu esquecer o rostinho da garota durante todo o dia.

Na manhã seguinte, lá estava ela no mesmo lugar. A menina aproximou-se dele com uma florzinha na mão, sorridente.

– É sua. Trouxe para o senhor.

Surpreso, Manoel sentiu necessidade de parar para conversar.

– Como se chama? – perguntou.

– Jandira.

– Quantos anos tem, Jandira?

– Acho que tenho oito ou nove anos, senhor. Não sei ao certo.

– Não vai à escola? – indagou ele.

– Não. Nunca pude estudar, apesar de ter muita vontade de aprender a ler e a escrever.

– Onde você mora, Jandira? – perguntou, impressionado.

– Num barraco, com outras crianças.

– Por quê? Não tem família?

– Minha mãe foi embora quando eu era muito pequena. Tenho apenas pai.

– Como se chama seu pai? – quis saber ele.

A menina respondeu com seriedade.

– Deus.

– Deus? Esse é o nome do seu pai? – ele perguntou, pensando não ter entendido direito.

– Sim. Deus não é o Pai de todo mundo? – respondeu ela com simplicidade.

– Ah! É verdade.

– Então, Ele não deixa que me falte nada. Tenho tudo do que preciso. Um teto para me abrigar da chuva e do frio, tomo banho num chafariz e, quando sinto fome, peço uma esmola e ganho dinheiro para comprar o que comer. Às vezes ganho comida e nem preciso pedir esmolas, e ainda posso repartir com os outros o que recebo.

Sensibilizado, Manoel perguntou:

– O que mais você gostaria de ter, Jandira?

– Nada. Eu não preciso de nada.

– Diga. Gostaria de poder ajudar – insistiu Manoel.

A menina pensou um pouco e, com os olhos rasos d’água, respondeu baixinho:

– Gostaria de ter uma família de verdade.

Manoel sentiu um aperto no coração e as lágrimas afloraram em seus olhos. Sentia-se culpado. Era rico, tinha tudo. Uma casa grande, emprego bom e não tinha filhos. Morava apenas com a esposa e nunca pensara em ajudar ninguém. E aquela criança pedia tão pouco da vida!

Tomou uma resolução. Sua esposa sempre quisera filhos e iria gostar.

Fitou a menina à sua frente, e disse:

– Agora tudo vai ser diferente, Jandira. Deus, apesar de dar-lhe tudo, como você afirmou, encarregou-me de ser seu pai aqui na Terra. Aceita? Além de um pai, terá também uma mãe.

Sem poder acreditar em tamanha felicidade, Jandira pulou nos braços de Manoel, cheia de alegria.

– Deus o mandou? Aceito! Eu sabia que ele não deixaria de atender às minhas preces. Antes de dormir – explicou – sempre pedia ao Pai do Céu que me dê um pai de verdade aqui na Terra.

Nesse momento, Jandira lembrou-se dos companheiros:

– Ah!...E meus amigos? Não posso abandoná-los!

– Não irá abandoná-los, Jandira. Como minha filha, terá condições de ajudá-los. Tenho dinheiro. Arrumaremos uma casa de verdade, alguém que tome conta deles e terão tempo de estudar para serem mais tarde criaturas dignas e úteis à sociedade.

A menina batia palmas de alegria.

– Que bom! Que bom!

Em seguida, olhou Manoel com muito carinho e, segurando a mão dele, perguntou:

– Posso chamá-lo de papai?


O nosso carinho e o nosso abraço a todos os pais do mundo.
FELIZ DIA DOS PAIS!

Autoria: Célia Xavier Camargo
Imagem meramente ilustrativa – Fonte: Internet Google.
 

terça-feira, 15 de abril de 2025

A Menina Malcriada

Aninha era uma menina muito malcriada.

Por qualquer motivo se irritava, jogava-se no chão aos gritos, batendo os pés.

Rasgava todos os livros e revistas que possuía, quebrava os brinquedos caros que ganhava de presente dos pais e brigava sempre com os poucos amiguinhos que ainda tinha.

Resultado: em pouco tempo ficou sozinha. Tornara-se uma criança tão desagradável que ninguém mais queria brincar com ela.

Seus pais, carinhosos e pacientes, diziam-lhe com brandura:

— Não faça assim, Aninha!

— Não quebre a boneca que é tão linda!

— Não rasgue o livro que tem uma história tão interessante!

— Não bata nos seus amiguinhos!

Mas, qual! Não adiantava aconselhar.

Depois, Aninha punha-se a berrar que queria outros brinquedos, livros e revistas novas, e não parava de gritar enquanto não lhe satisfaziam a vontade.

Sua mãe, muito bondosa, já estava desanimada. Não sabia como agir.

Aninha era sua filha única e a criara com excesso de carinho, atendendo-lhe aos menores caprichos. Agora queria voltar atrás e não conseguia.

Desesperada, elevava os olhos em prece, suplicando a Deus que a ajudasse, mostrando-lhe como agir, inspirando-lhe qual atitude tomar. Já não sabia mais o que fazer. Não adiantavam conselhos e orientações. Aninha não mudava.

Certo dia, Aninha tinha sido excessivamente malcriada. Sua mãe, em lágrimas, orou com especial fervor suplicando o auxílio do Pai Celestial.

Naquela noite, Aninha dormiu.

Dormiu e sonhou.

Sonhou que se encontrava em sua própria casa. Viu seu corpo adormecido, sem saber explicar o que estava acontecendo.

Sentiu-se mais leve e “boiando” dentro do quarto. A princípio achou graça e divertiu-se com a situação.

Logo, porém, viu entrar no quarto uns seres estranhos que queriam brigar com ela. Acusavam-na de ser má, egoísta e prepotente.

Olhando-os bem, começou a reconhecer aquelas figuras. Eram personagens dos livros e revistas que rasgara. Estavam zangados porque haviam perdido a sua casa. Com a destruição dos livros e revistas não tinham onde ficar.

Aninha, assustada, procurava se defender, gritando por socorro, mas ninguém apareceu para ajudá-la.

Tentou sair do quarto, fugindo pela porta aberta, mas nesse instante apareceram seus brinquedos avançando em sua direção. Todos estragados, faltando peças, a boneca com a perna quebrada, o carrinho sem rodas, o cachorrinho sem orelhas... Enfim, todos em pedaços!

Apavorada, viu seus amiguinhos que apreciavam a cena pela janela. Gritou por socorro, suplicou por ajuda, mas eles riam dos seus apuros.

Gritou por sua mãe e seu pai, mas parece que não ouviam seus pedidos de ajuda.

Depois de muito gritar, lembrou-se de que sua mãe a ensinara a orar.

Então, em lágrimas, suplicou:

— Jesus, me ajude! Não sabia quanto mal estava fazendo. Quero me modificar!

Nesse instante sentiu que caía num buraco muito fundo e acordou em sua cama. A mãe, apreensiva, estava ao seu lado fitando-a, preocupada.

— O que foi, minha filha? Você estava tendo um sono tão agitado!

Aninha abraçou-se à mãe dizendo-lhe, em prantos:

— Ah! Mamãe, se você soubesse! Tive um terrível pesadelo. Mas serviu-me de lição. Prometo ser diferente de hoje em diante.

E realmente, a partir desse dia, para surpresa geral, Aninha tornou-se uma menina dócil, boazinha e obediente. Passou a cuidar dos seus livros, revistas e brinquedos com carinho, e nunca mais brigou com seus amiguinhos nem desrespeitou qualquer pessoa.

Autoria: Célia Xavier Camargo
Imagem meramente ilustrativa – Fonte: Internet Google.
 

terça-feira, 1 de abril de 2025

O Amor Transforma

Em uma cidade pequena, mas populosa, cheia de enormes prédios, com muito fluxo de carros, caminhões, motos circulando, com constante e intenso barulhos de buzinas e sirenes, os dias passavam voando, parecia que o relógio andava mais rápido e que as horas passavam depressa, com uma velocidade assustadora.

As pessoas eram impacientes, irritadas, rancorosas e egoístas. Elas não se cumprimentavam, não eram solícitas umas com as outras, não sorriam e eram embrutecidas.

O lugar era triste, porque refletia as atitudes dos moradores daquela região. Tudo parecia sombrio.

Mas um dia, um ônibus com crianças e jovens da cidade vizinha, utilizaram a praça local para se reunir e foi então que tudo mudou!

A mudança começou pela observação, olhares atentos e curiosos avistavam de longe o que acontecia.

Como a cidade era pequena, a notícia se espalhou velozmente...

Naquela praça, estavam reunidas evangelizados e evangelizadores, alegres, solícitos, pacientes, bondosos e amorosos.

Eles transformaram aquele lugar pelo exemplo, pois onde passavam cultivavam o verdadeiro amor!

Aquelas crianças, jovens e evangelizadores, estavam felizes pela oportunidade do aprendizado, pelo Estudo do Evangelho e por seguirem os passos do Mestre Jesus. Todos já eram conscientes do Amor de Deus e pelas atitudes demonstravam a gratidão pelo Nosso Pai Amoroso!

Realmente o amor e o exemplo transformam.

Amar de todo coração, esta é a lição!

Autora: Aline Radde de Castro
Imagem meramente ilustrativa – Fonte: Internet Google.