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quarta-feira, 15 de novembro de 2023

Novo Filho, Novo Irmão!

Carlos estava na pré-adolescência, idade em que a revolta e a irritação eram constantes. Queixava-se de tudo e nunca estava contente com nada. Reclamava da família, da escola, da comida, das roupas, da casa, dos amigos.

Em razão disso, as pessoas começaram a se afastar dele, pois não há quem goste de alguém sempre mal-humorado.

Certo dia, ele estava particularmente desagradável. Havia brigado com sua irmãzinha, quebrado um brinquedo dela de propósito e batido no cachorro.

A mãe o repreendeu com carinho, dizendo:

— Meu filho, para vivermos bem com as pessoas, é preciso que aprendamos a amar e respeitar a todos os que convivem conosco e a tudo o que nos cerca. Todos nós o amamos, mas ninguém é obrigado a aguentar o seu mal humor constante. O que está acontecendo? Você tem tudo e está sempre aborrecido! Deixe de ser tão egoísta. Tem gente que tem bem menos do que você e não reclama. Pense nisso!

Carlos, vermelho de raiva, e mais irritado ainda com as palavras da mãe, afastou-se resmungando:

— Ninguém me entende nessa casa! Tudo é culpa minha!

Atravessou o jardim para sair; ao abrir o portão, parou, vendo um garoto de rua.

Em outra ocasião, ele teria escorraçado o menino. Contra sua vontade, porém, ficara pensativo. As palavras da mãe continuavam a vibrar em seus ouvidos. Sabia que ela tinha razão. Sentia seus amigos distantes, evitando se aproximar dele; a irmãzinha que sempre o estimara, agora o olhava receosa.

— Estou com fome. Tem pão velho? — perguntou o garoto com olhar triste.

As palavras do menino o tocaram fundo. Deve ser duro sentir fome — pensou.

Com o coração mais amolecido, Carlos entrou correndo e voltou em seguida com um copo de leite e um sanduíche que ele mesmo tinha preparado.

Enquanto o menino comia, sentou-se perto dele na calçada, e pôs-se a conversar.

— Meu nome é Carlos. E o seu? — perguntou.

— Pedro.

— E onde você mora, Pedro? — perguntou

— Moro num bairro bem afastado, com umas pessoas que me acolheram. Não tenho família — disse o garotinho, baixando a cabeça, tristonho.

Ao ver Pedro lamentar não ter família, Carlos retrucou, sem pensar:

— Invejo você, Pedro. Ter família é muito chato! Especialmente mãe, que pega muito no pé da gente. Gostaria mesmo é de viver sozinho!

O garoto ergueu a cabeça e Carlos percebeu que seus olhos estavam cheios de lagrimas.

— Você não sabe o que é viver sozinho, Carlos. Não ter uma casa, não ter família, não ter pai, nem mãe; não ter alguém que lhe faça um carinho, que o oriente, até que ralhe com você. Alguém com quem você possa conversar, falar dos seus problemas, das suas dúvidas. Alguém que, quando você estiver doente, lhe dê remédio e fique a seu lado. Você não sabe o que é ser sozinho. Especialmente, sem ter uma mãe.

Carlos percebeu que dera uma mancada, e, constrangido concordou:

— Tem razão, Pedro. Falei sem pensar. Mas, e a família que o acolheu? Não e boa?

— É muito boa. Olha, não conheci meu pai, e quando minha mãe ficou doente e morreu, essa família me socorreu. Então, não quero ser ingrato, devo muito a ela. Apesar de extremamente pobre, me ajudou quando mais precisei. Mas não é a mesma coisa. Sinto falta da “minha mãe”, entende?

— Entendo.

Naquele momento é que Carlos sentiu a importância de ter uma família, de ter uma mãe. Seu coração encheu-se de um sentimento novo que brotava em seu íntimo e do qual ele nunca se dera conta, preocupado consigo mesmo: O AMOR.

Os dois meninos não perceberam é que, ali mesmo, abraçando-os com amor, estava a mãezinha de Pedro, desencarnada.

Na mente de Carlos brotava uma ideia. Uma imensa compaixão por Pedro fez com que ele o convidasse para entrar.

— Venha. Quero que conheça minha mãe.

Entraram. Carlos apresentou Pedro à mãezinha. Ele estava tão diferente, emocionado, que ela percebeu logo que algo tinha acontecido com o filho.

— Seja bem-vindo, Pedro. Mas, o que houve, meu filho?

— Mamãe! Sei que o Dia das Mães se aproxima e costumo dar-lhe um presente. A senhora aceitaria qualquer presente que eu lhe desse?

— Claro, meu filho! Porém, não preciso de presentes. Tenho vocês!

— Mas eu quero dar-lhe um presente, mamãe.

— Seja o que for, aceito com prazer, meu filho.

Aproximando-se de Pedro, que ouvia a conversa sem entender nada, Carlos colocou o braço em seus ombros, e, com os olhos rasos d’água, falou:

— Aceita um novo filho, mamãe? De quebra, terei um outro irmão!

— Mas...e a família de Pedro, meu filho?

Carlos contou à mãe a situação do novo amigo, mas ela, ainda em dúvida, questionou:

— Pedro, e essa família com a qual você mora? São seus amigos! Não ficariam tristes sem você?

Surpreso e encantado com a ideia de Carlos, sem poder nem acreditar nessa felicidade, ele respondeu:

— Não, senhora. São meus amigos sim, gosto muito deles e serei sempre grato. Ajudaram-me numa hora de necessidade, quando minha mãe morreu e fiquei só. Mas acredito que para eles seria um alívio não ter mais uma boca para alimentar. Sabe como é, a vida está tão difícil!...

— E você gostaria de vir morar conosco? Bem, parece que Carlinhos não pediu sua opinião e precisamos saber o que você realmente deseja!

O menino sorriu, emocionado:

— Eu ficaria muito feliz de ter uma nova família!

Também comovida com a situação de Pedro, a mãe não teve mais dúvidas. Correu para eles, abraçando-os, emocionada dizendo ao filho:

— Carlos, seu pai e eu sempre quisemos adotar mais um filho, porém tínhamos medo da sua reação. Seu pai e sua irmãzinha também ficarão muito felizes.

Depois, dirigindo-se a Pedro, completou:

— Seja bem-vindo, meu filho, ao seu novo lar.

E naquele dia, a alegria voltou àquela casa, com as bênçãos de Deus.

Carlos tornou-se um rapazinho mais compreensivo, bem-humorado e feliz, porque deixara de pensar apenas em si mesmo, estendendo amor a outro mais necessitado.

Alguns dias depois, reunidos para almoçar, a família atual e aquela que ajudara Pedro, comemoraram o Dia das Mães em conjunto, como se todos fossem parte de uma única família.

Ali, junto deles, radiante de alegria estava a mãezinha de Pedro, que envolveu a todos com infinito amor e gratidão.

Autoria: Célia Xavier Camargo
Imagem meramente ilustrativa – Fonte: Internet Google.
 

quarta-feira, 1 de novembro de 2023

Mãos Unidas

A família reunida em torno de uma mesa fazia o Evangelho no Lar.

O tema da noite era a Caridade e, após a leitura do texto evangélico, cada um fez seu comentário. A pequena Sônia, de cinco anos, falou:

— Papai, eu vi na televisão que o Natal está chegando e as lojas estão cheias de brinquedos!

— Sim, minha filha. Mas essa é uma deturpação da ideia do Natal, que deveria ser dedicado a Jesus, cujo nascimento comemoramos no dia 25 de dezembro — esclareceu Antônio.

Orlando, de oito anos, lembrou:

— Além disso, tem muita gente que não pode comprar presentes. Vi outro dia no jornal que, em virtude de uma grande chuva numa região, muitas famílias perderam tudo e estão desabrigadas.

A mãe, dona Clara, disse cheia de piedade:

— Tem razão, meu filho. Ao lado dos felizes do mundo, também há muito sofrimento e dor que nos compete amenizar. Aqui mesmo, em nossa cidade, existem bairros muito pobres onde as pessoas não têm o que comer, e muito menos terão condições de pensar em comprar presentes no Natal.

O mais velho, Ricardo, de 12 anos, que estava bastante pensativo, propôs:

— A lição de hoje é sobre a Caridade, lembrando-nos que precisamos dividir o que possuímos, ajudando os mais necessitados. Que tal se partíssemos para a ação, fazendo alguma coisa?

Satisfeitos por ver que a semente do evangelho germinava, os pais concordaram:

— Muito bem lembrado, Ricardo. O que vocês sugerem?

— Eu dou minhas roupas velhas e alguns brinquedos! — exclamou Soninha.

— Eu também vou separar algumas roupas e brinquedos. Além disso, tenho sapatos e tênis que não me servem mais — disse Orlando.

— Ótimo! — afirmou Ricardo que, por ser o mais velho, parecia o chefe da pequena equipe. — Mas isso não basta. É pouco. Precisamos pedir ajuda para todas as pessoas conhecidas: vizinhos, parentes, amigos, colegas de classe, professores.

Os demais concordaram animados, batendo palmas.

Das palavras passaram à ação e, em poucos dias, as doações começaram a chegar: eram gêneros alimentícios, roupas, calçados, brinquedos, remédios, livros e até alguns utensílios domésticos e móveis.

Os pais levaram as crianças para conhecer os bairros mais pobres da periferia e eles voltaram sensibilizados, chegando à conclusão de que precisavam de mais auxílio, pois a quantidade de necessitados era enorme.

Ricardo foi à emissora de rádio local e transmitiram-se pedido de ajuda para a “Campanha Mãos Unidas”, como passaram a chamar, e a resposta não tardou.

Choveram donativos de todos os lados, do campo e da cidade, dos bairros mais ricos e até dos pobres. Todos queriam colaborar.

No dia de Natal, encerrando a “Campanha Mãos Unidas”, puseram tudo num caminhão e foram levar o resultado obtido para as famílias carentes.

Uma grande quantidade de pessoas que haviam colaborado os acompanhou e todos estavam muito felizes. Cada um ajudou como pôde, até se vestindo de palhaço para distribuir balas e alegrar a criançada.

Foi uma grande festa. No encerramento, Antônio fez uma prece, agradecendo a Deus em nome de todos, pelas bênçãos desse dia, no que foi acompanhado por uma multidão de pessoas de todos os credos religiosos.

Todos retornaram para seus lares cheios de felicidade e bem-estar, especialmente a família de Antônio, pois não fosse o empenho das três crianças, não teriam este ano um Natal realmente diferente e dedicado a Jesus e aos menos afortunados.

Autoria: Célia Xavier Camargo
Imagem meramente ilustrativa – Fonte: Internet Google.