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sexta-feira, 15 de abril de 2022

A Casca de Banana

Laurinha estudava na escola de seu bairro, e estava na terceira série do primeiro grau.

Não se preocupava muito com os estudos, mas conseguia sempre ser aprovada, embora com dificuldade.

Agora, já quase no final do ano, Laurinha ia fazer uma prova muito importante.

Sua mãe aconselhava-a a estudar, mas Laurinha respondia:

— Depois. Agora estou brincando.

— Laurinha, venha estudar, minha filha!

— Mais tarde, mamãe. Agora preciso conversar com minha amiga.

Algumas horas depois a mãezinha atenta a chamava novamente, e ela replicava:

— Amanhã, mamãe. Posso assistir à televisão? Só um pouquinho!

Depois, ficava com sono e ia para a cama e, no dia seguinte, tudo se repetia da mesma maneira.

Até que chegou o dia da prova.

Nervosa, Laurinha foi para a escola e voltou bastante deprimida.

Uma vergonha! Tirara nota ZERO na prova e fora a chacota de toda a classe. Os outros alunos foram bem e acharam as questões fáceis. Só ela não sabia nada, e, portanto, nada respondera.

A professora a chamara na frente, inquirindo a razão daquele tremendo fracasso, porém Laurinha, de cabeça baixa e muito envergonhada, nada respondeu.

Ao chegar em casa contou à sua mãe, chorando muito. Sentia-se humilhada perante os colegas de classe, achava que ninguém gostava dela. E tomou uma decisão:

— Não vou mais à escola! Não quero mais ver ninguém.

A mãe, com carinho, afagou-lhe os cabelos dizendo com ternura:

— Não se comporte dessa maneira, minha filha. Na verdade, você recebeu uma lição merecida. Colheu o que plantou, entende? Como não estudou nada, nada poderia saber, não é? O seu fracasso é, portanto, responsabilidade sua!

A menina fitou a mãe, surpresa, já parando de chorar.

— Pode ser. Mas não volto mais àquela escola. Nunca mais! E, depois, vou perder o ano mesmo!

Sua mãe sorriu, sabendo que não era o momento para insistir no assunto. Laurinha iria refletir e, provavelmente, mudaria de atitude.

Para espairecer, convidou-a para irem juntas à padaria da esquina. No caminho, a menina, que se distraía com o movimento da rua, pisou numa casca de banana que alguém jogara na calçada. Levou o maior tombo!

Rapidamente, toda dolorida e olhando em torno, para ver se alguém presenciara sua queda, Laurinha levantou-se, envergonhada.

A mãezinha viu naquele incidente oportunidade para uma lição e não perdeu tempo:

— Por que você não ficou esparramada no chão?

Laurinha olhou para a mãe, surpresa e sem entender a pergunta.

— O quê? Por que não fiquei no chão? Claro que não!

— Ah! Você não pensou em ficar na calçada, estatelada?

Laurinha replicou, horrorizada:

— Que ideia, mamãe! Naturalmente que não. Levantei o mais rápido possível!

A senhora balançou a cabeça, concordando:

— Isso mesmo, minha filha. É assim que devemos agir sempre. Não acha você que a situação na escola seja mais ou menos a mesma?

Laurinha escutou e pareceu meditar por momentos.

— Pense bem, querida. Em nossas vidas as dificuldades são obstáculos que precisamos superar. E não importa quantas vezes levemos uma queda, temos sempre que nos levantar e seguir em frente.

A menina sorriu e seus olhos se iluminaram.

— A senhora tem razão, mamãe! Uma prova mal feita não significa nada, a não ser que preciso me esforçar mais. Amanhã vou para a escola.

No dia seguinte, logo cedo, Laurinha voltou às aulas e, para alegria sua, a professora deu-lhe uma nova oportunidade para que pudesse recuperar os pontos perdidos.

Afinal, aquele problema que lhe parecera tão grande e sem solução, na verdade era bem pequeno.

E Laurinha, desse dia em diante, sempre que se via em dificuldades e tinha vontade de desistir, lembrava-se da lição que lhe dera uma humilde e desprezada casca de banana.

Autoria: Célia Xavier Camargo – Imagem: Internet Google.
 

sexta-feira, 1 de abril de 2022

A Pipa de Coração

Gabriel era apaixonado por pipas.

Desde pequeno seu pai lhe ensinara a fazer pipas e a soltá-las.

Era com imensa alegria que ele levava a pipa para o campo e corria, soltando a linha, até vê-la subir no ar, cada vez mais alto.

Margarida, uma amiga de Gabriel, sempre pedia:

— Gabriel, você me deixa soltar a sua pipa? Só desta vez!

Mas ele respondia:

— Não. Isso não é coisa de menina. Além disso, você não sabe, e vai estragar minha pipa.

E a menina, inconformada, reclamava:

— Mas eu deixo você andar na minha bicicleta! E ler meus livros!

Certo dia, Gabriel tinha feito uma linda pipa nova e a garota tornou a pedir para que ele a deixasse soltá-la.

— Não adianta, Margarida. Você não vai colocar a mão na minha pipa nova.

A menina afastou-se dele e foi embora, muito brava e revoltada.

Após as aulas, passando perto da casa de Gabriel, Margarida viu que ele estava se divertindo num balanço, junto de outra amiga. Viu também que ele havia deixado a pipa nova encostada em uma árvore.

Ela se aproximou e, sem que ele percebesse, pegou a pipa e saiu correndo.

Chegando em casa, foi logo empinar a pipa. Com satisfação, viu que ela subiu e soltou mais linha. De repente, tentou puxar e não conseguiu: a pipa estava presa num galho. Com medo de que Gabriel, procurando a pipa e não a encontrando, viesse atrás dela, puxou com força e a pipa rasgou, caindo no chão, toda estragada.

Margarida, assustada, recolheu os restos e correu a escondê-los em seu quarto.

Não demorou muito, apareceu Gabriel.

— Roubaram minha pipa, Margarida. Você viu quem foi?

— Não, não vi.

Ela entrou em sua casa e deixou-o na rua, sozinho.

A mãe notou que Margarida estava estranha. Na hora de dormir perguntou a ela:

— Você não está bem, minha filha, parece triste. Quer contar o que aconteceu?

A menina começou a chorar e contou para a mãe o que tinha acontecido.

— Não tive intenção de estragar a pipa dele, mamãe. Só quis ter o gostinho de brincar um pouco com ela! Agora não sei o que fazer!

A mãe abraçou-a, carinhosa:

— Eu sei, minha filha. Porém você cometeu um gesto feio: pegou o brinquedo dele sem pedir. E depois, acabou estragando-o.

— O que devo fazer, mamãe?

— Faça uma prece e peça que Jesus a ajude. Lembre-se de tudo o que já aprendeu. Consulte sua cabecinha, pense bem. Amanhã tenho certeza que você acordará com a solução. Agora, boa noite. Durma bem, minha filha.

Margarida pensou... pensou... pensou...

Lembrou-se de que pegar a pipa do amigo sem permissão dele, mesmo tendo a intenção de devolver, foi um desrespeito e que, numa situação semelhante, não gostaria que fizessem o mesmo com ela.

No dia seguinte, tinha decidido o que fazer.

Após as aulas, comprou papel, muniu-se do necessário e fez uma pipa. Muitas vezes tinha visto Gabriel trabalhar e sabia como fazê-lo.

Mais tarde, enchendo-se de coragem, procurou o amigo e contou-lhe o que tinha acontecido, terminando por dizer:

— Peço-lhe desculpas, Gabriel. Não tive intenção de estragar sua pipa. Mas, para compensá-lo, aqui está outra que fiz especialmente para você.

— Aqui está, Gabriel. Espero que goste! — pegou a pipa e entregou ao garoto.

O menino ficou comovido ao ver sua pipa nova. Tinha o formato de um coração.

Depois, ele abraçou Margarida com carinho:

— Margarida, eu reconheço que sempre fui muito chato com você. Por isso, também tenho que lhe pedir desculpas. De hoje em diante, tudo vai ser diferente.

— Amigos?

— Amigos!

Dali a pouco, Gabriel já estava testando sua pipa nova, todo feliz da vida, enquanto Margarida o observava, satisfeita por ter resolvido o problema.

Gabriel virou-se para Margarida e sugeriu com um sorriso:

— Bom trabalho. Ela ficou ótima! Quer experimentar?

Autoria: Célia Xavier Camargo – Imagem: Internet Google.