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quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

O Ladrão de Bananas

Deixando a mata onde vivia, um macaquinho aventurou-se por outras bandas. Estava faminto.

Os homens destruíram a mata, e o solo ficara árido, seco, sem vegetação. Derrubaram as árvores, depois colocaram os enormes troncos em caminhões que, roncando assustadoramente, os levaram para longe; o resto fora queimado.

E o macaquinho, assim como os outros animais e aves, foi obrigado a abandonar seu refúgio, procurando um lugar onde pudesse se abrigar.

Logo, encontrou um sítio bonito com grandes árvores. No meio de um gramado, havia uma casa simpática, cercada de flores. Um homem saiu da casa e, acompanhado por um cão, foi tratar da criação. Ele deu comida conversando com os animais: galinhas, patos, porcos e cavalos; depois, tirou leite da vaca. Para cada um tinha uma palavra gentil.

O macaquinho resolveu que iria morar ali.

Ganhando coragem, aproximou-se com cuidado. O cachorro, sentindo sua presença, pôs-se a farejar e foi no seu encalço latindo feroz.

Aos guinchos, assustado, rapidamente o macaquinho subiu numa árvore e ficou escondido no meio da folhagem.

— O que houve, Pingo? Viu alguma coisa? — perguntou o dono ao cão.

Debaixo da árvore, o cachorro continuava a latir sem parar, olhando para o alto. Aproximando-se, o dono olhou para cima e viu o macaquinho que tremia de susto.

— Ora, é apenas um macaco, Pingo. Deixe-o em paz.

Nos outros dias, o homem viu o macaquinho que se aproximava cada vez mais. Uma manhã, ao acordar, encontrou o bichinho a procurar restos de comida no terreiro.

Cheio de compaixão, pegou algumas bananas e deixou-as sobre um mourão da cerca.

Arisco, o bichinho só se aproximou depois que o homem entrou em casa.

Desse dia em diante, todas as manhãs o homem deixava algumas bananas para o novo amigo. Deu-lhe o nome de Miquinho.

Ele habituou-se a ter a presença do animal por perto quando estava trabalhando.

No meio da sua plantação, ele tinha algumas bananeiras. Homem bom, mas severo, ele avisou:

— Miquinho, eu só não admito que roube meus cachos de bananas. Entendeu?

O macaco olhou-o e deu um guincho estridente, como se tivesse entendido.

Apesar dessa recomendação, o homem começou a perceber que alguém estava mexendo nas suas bananeiras. De vez em quando, um cacho desaparecia.

— É você que está roubando minhas bananas, Miquinho?

Com seus olhos de gente, pequenos e arregalados, o macaco olhava para o amigo e balançava a cabeça negativamente.

Em dúvida, o homem se calava, mas não sabia o que pensar. Quem mais poderia estar roubando suas bananas?

Certa noite caiu uma grande tempestade. O vento forte agitava as árvores, enquanto raios e trovões cortavam os ares. Os animais ficaram agitados, temerosos. No sítio, ninguém dormiu.

Na manhã seguinte, quando o dono acordou, viu o estrago que o temporal fizera. Árvores tinham sido arrancadas, o paiol fora destelhado, e no terreiro tudo estava fora do lugar.

Pegando sua velha caminhoneta, resolveu ir à cidade buscar material para fazer os reparos.

Havia percorrido algumas centenas de metros, quando viu Miquinho que, ao lado da estrada, o acompanhava pulando de árvore em árvore. O bichinho guinchava alto, desesperado, como se quisesse falar com ele.

O homem parou o veículo e desceu.

— O que está acontecendo, Miquinho? Por que esse barulho todo?

Mas o macaquinho continuava a guinchar, olhando e apontando para a estrada. Depois, pegou a mão do dono e puxou-a, como se quisesse que ele o acompanhasse.

Curioso, o homem o acompanhou e, logo depois da curva, com surpresa, viu o estrago que a chuva fizera: a ponte fora completamente destruída!

O rio, agitado, mostrava grande correnteza pelas fortes chuvas que caíram na região.

Ele pegou Miquinho no colo, abraçando-o:

— Se não fosse você, meu amigo, essa hora eu teria caído no rio. Obrigado.

Voltando para o sítio, o dono foi fazer uma vistoria nas plantações, para verificar os estragos. Nisso, encontrou um rapaz que saia de um pequeno abrigo que fizera para guardar ferramentas.

— O que está fazendo em minha propriedade? E por que está com esse cacho de bananas nos braços? — perguntou, sério.

Muito envergonhado, o rapazinho explicou:

— Moro aqui perto e estamos passando necessidade. Então, quando não temos nada para comer, venho aqui e pego um cacho. Ontem fui surpreendido pela chuva e o vento, sendo obrigado a me abrigar aqui. Acabei adormecendo e só acordei agora. O senhor me perdoe, mas não sou ladrão.

Condoído da situação do rapaz, pensou: – E se fosse eu que estivesse passando fome e precisasse roubar para comer?

Lembrou-se de Jesus quando afirmou que devemos fazer aos outros tudo o que gostaríamos que os outros nos fizessem.

O homem procurou saber onde ele morava e, depois, deixou-o ir embora levando o cacho de bananas. Em seguida, virando-se para o macaco, disse:

— E eu que pensei que fosse você o ladrão de bananas! Fui injusto e me arrependo. Você me perdoa, amigo?

Miquinho, guinchando feliz, pulou no colo dele, desmanchando-lhe os cabelos.

Mais tarde, o homem foi até a casa do rapaz e, confirmando a situação de miséria em que ele vivia com a mãe e dois irmãos menores, propôs:

— Estou precisando de um ajudante no sítio. Quer trabalhar comigo?

O rapaz sorriu, agradecendo a Deus pelo socorro que lhes tinha mandado.

E o homem, agora com a consciência tranquila, retornou para o sítio com seu amigo Miquinho, certo de que Jesus estava contente com ele.

Autoria: Célia Xavier Camargo – Imagem: Internet Google.
 

segunda-feira, 15 de novembro de 2021

Aprendendo a Ser Mãe

Vitória era uma menina boa, inteligente e criativa. Todavia era arteira e não aceitava quando a impediam de fazer alguma coisa.

A mãe, preocupada com sua segurança e bem-estar, alertava:

— Vitória, não mexa com fósforos. Você pode se queimar.

E a garota, respondia:

— Não vou me queimar, mamãe. Tenho seis anos e já sou grande!

A mãe achava graça, abraçava a filha com amor, e guardava a caixa de fósforos no alto do armário, onde a pequena não poderia alcançar.

E assim acontecia sempre. Quando Vitória brincava de casinha com as amigas, a mãe tinha que estar sempre atenta para que não se machucassem. Ora era uma faca, que a menina pegava para fazer comidinha, ora era o ferro elétrico que ela ligava para passar roupa; de outras vezes, subia numa grande mangueira que havia no quintal para apanhar mangas e assim por diante. A mãe não podia “descansar” um minuto.

E Vitória reclamava, batendo o pé, indignada:

— Mamãe! Sei o que estou fazendo. Já sou grande!

A mãe a colocava no colo e explicava, com carinho:

— Minha filha, você ainda tem muito que aprender. Quando você nasceu em nosso lar, Deus me fez responsável por sua vida. Minha tarefa é cuidar, educar e proteger você, de modo que nada de mal lhe aconteça. Como as mães de suas amiguinhas permitiram que elas viessem brincar aqui em casa, tenho que cuidar delas também. Entendeu?

— Entendi, mamãe.

— Ótimo. Mamãe não faz por mal e nem quer ser desmancha prazeres. Quando você crescer e tiver filhos vai entender melhor. Agora, vá brincar!

No entanto, tudo continuava como antes.

Certo dia, Vitória foi com sua mãe fazer compras. Na volta, um cãozinho de rua as seguiu. Tinha o pelo curto, branco com manchas marrons. Parecia abandonado.

Vitória ficou encantada. Adorava cachorros. E aquele era tão pequeno e desprotegido!

— Mamãe, podemos levá-lo para casa?

— Não, Vitória. Ele tem dono.

— Foi abandonado, mamãe. Tenho certeza. Vamos levá-lo.

A mãe recusava e a menina insistia. Conversavam paradas em frente a uma padaria. O dono, um simpático português, entrou no meio da conversa:

— Queira desculpar-me, senhora, mas realmente esse cãozinho não tem dono. Vem sempre aqui porque costumo lhe dar um prato de leite.

Vitória, com os olhos brilhando e um sorriso radiante, de mãos postas, suplicou:

— Viu, mamãe, não lhe disse? Por favor! Vamos levá-lo para nossa casa. Ele terá um lar!

Diante de tanta insistência, a mãe acabou concordando.

— Está bem, Vitória. Com uma condição. Que você se responsabilize por cuidar dele: dar ração, água, banho e tudo o mais.

A garota concordou, feliz. Pegando o filhote no colo, acariciou-o e disse:

— Vamos, Bilu. Serei sua mãe e cuidarei de você.

Desse dia em diante, Vitória só pensava no animalzinho. Cuidava dele com muito amor. Quando ela ia para a escola, ele queria acompanhá-la; quando ela voltava, ele a esperava no portão, e a primeira coisa que a menina fazia era abraçá-lo. Mas ela reconhecia que Bilu dava trabalho e estava sempre cuidando dele, vigiando:

— Bilu, não suba no muro! Não coma porcaria do chão! Não vá para a rua, um carro pode pegar você! — E assim por diante.

Quando acabava o dia, ela estava cansada, mas feliz, por tê-lo a seu lado.

Na véspera do Dia das Mães, mãe e filha estavam sentadas no quintal observando Bilu que corria, latindo feliz, atrás de uma borboleta. Vitória olhou para a mãe e disse:

— Mamãe! A senhora me disse que eu só entenderia o trabalho que dou quando crescesse e tivesse um filho. Não precisei crescer para isso. Bilu já me dá muito trabalho e preocupação. É como se ele fosse meu filho!

A mãe sorriu achando graça do jeito sério da filha. Vitória sorriu também e trocaram um grande e carinhoso abraço, enquanto a menina exclamava:

— FELIZ DIA DAS MÃES, mamãe! Ainda não comprei seu presente.

A mãe suspirou, satisfeita, entendendo que Deus sabe o que faz e que dá a cada um, na vida, as experiências que precisa para aprender e amadurecer. Sua filhinha estava crescendo e tornando-se melhor.

— Não precisa comprar nada, minha filha. Você já me deu o melhor presente que eu poderia desejar: Você!

Autoria: Célia Xavier Camargo – Imagem: Internet Google.
 

segunda-feira, 1 de novembro de 2021

Peixinho Azul

O peixinho azul vivia feliz com sua família.

Nadando nas águas verdes e azuis do mar, brincava com outros peixinhos coloridos.

Peixinho Azul ajudava seus pais a cuidar da casa e do jardim.

À noite, ouvia as histórias que a vovó contava sobre a Baleia Azul.

Aprendia que ela era grande e que alimentava-se de plantas e pequenos animais marinhos.

O Peixinho Azul sentia medo da Baleia Azul, por isso a mamãe e o papai peixes sempre lhe diziam para não sair de casa sozinho.

Numa manhã, Azul saiu a nadar e, sem perceber, foi se afastando de casa. Encontrou vários amigos: o cavalo marinho, a sardinha e o peixe boi.

Continuou a nadar. De repente veio uma onda muito grande e o levou para longe.

- "Socorro. Socorro, socoooooooorro!" Gritava, assustado, mas ninguém ouvia seus gritos, pois ele estava muito longe de casa.

Olhou para os lados e viu que todos os peixes corriam e se escondiam entre as pedras e as plantas.

O que estaria acontecendo?

Peixinho Azul foi se esconder dentro de uma concha e ficou esperando...

Os pais de Azul estavam preocupados porque não encontravam o filhinho.

Será que a Baleia Azul encontrou nosso Peixinho Azul? Mamãe peixe chorava.

Azul estava assustado, mas ficou quietinho no seu esconderijo.

De repente, a baleia apareceu, enorme, bufando. Sua boca era muito grande.

Com os movimentos da baleia, a concha onde Azul estava escondido, começou a rolar. Foi rolando, rolando, rolando...

Azul avistou a sua casa e muito contente, saiu da concha e foi correndo abraçar seus pais, prometendo-lhes que nunca mais os desobedeceria.

No dia seguinte, Peixinho Azul contou aos amigos o que lhe havia acontecido e deu um conselho a todos.

- Devemos obedecer nossos pais. Eles sabem o que é melhor para nós, porque nos amam.

Adaptação da história infantil "Peixinho dourado vai passear", de Teresinha Casasanta. Editora do Brasil S/A, 46. Edição.
Fonte da imagem: Internet Google.
 

sexta-feira, 15 de outubro de 2021

O Coelhinho Barnabé

O Coelhinho Barnabé morava num lindo sítio cercado de árvores, de flores, e nada lhe faltava. Tinha tenras cenouras e frescas folhas de alface que lhe davam para comer todos os dias, apanhadas da horta, e tinha água fresca à vontade.

No sítio moravam muitos outros animais: vacas, bois, cabras, galinhas, galos, patos, cavalos, jumentos e um cachorro que era muito seu amigo, de nome Tico.

Barnabé e seus pais ocupavam uma confortável casinha de madeira, construída especialmente para eles, dentro do terreiro. Porém o Coelhinho Barnabé queria muito mais.

Certo dia chegou uma ratazana contando maravilhas da cidade de onde viera.

Dona Ratazana falava do grande movimento de carros nas ruas, da comida que era encontrada em qualquer lugar e ninguém passava fome. Falou das pessoas que passavam e atiravam restos de comida e guloseimas no chão, e que ela se banqueteava todos os dias.

Os olhos de Barnabé ficaram brilhantes de animação e seu focinho tremeu todo de desejo de conhecer a tal cidade.

Começou a achar muito sem graça a vida no campo, sem movimento, sem pessoas. E a partir desse dia, passou a sonhar em ir para a cidade.

Como fazer isso? Seus pais não permitiriam, com certeza. Sempre lhe diziam que o melhor lugar para se ficar é a casa onde mora a família, isto é, o Lar.

Pensou... pensou... pensou... e resolveu. Sairia durante a noite, quando seus pais estivessem dormindo.

Assim resolveu, assim fez.

No dia seguinte economizou algumas cenouras, umas folhas de alface, e, colocando tudo numa mochila, preparou-se para fugir.

Quando a noite chegou, fingiu que estava dormindo, e esperou que tudo se aquietasse. Depois, pegou a pequena mochila e saiu aos pulos, desaparecendo na escuridão.

Fez um longo trajeto, seguindo o rumo que dona Ratazana havia indicado. Mas nada de chegar à cidade. Barnabé já estava cansado, sem forças para prosseguir e faminto.

Resolveu parar para descansar e alimentar-se. Estava tão cansado que dormiu debaixo de um arbusto. De repente, acordou assustado. Tinha ouvido uns ruídos estranhos e ficou com medo. Tremia da cabeça aos pés.

Eu quero minha mãe! — gritou, chorando.

Com saudade de casa, soluçou até pegar no sono de novo. Acordou com dia claro e, como o medo tivesse desaparecido como a escuridão, resolveu prosseguir viagem.

Não demorou muito, começou a ver ao longe umas construções enormes, altas; deveriam ser os prédios da cidade. Ficou feliz. Conseguira chegar, afinal!

Acelerou os pulos e logo estava andando nas ruas da cidade. Ficou surpreso. Era tudo muito bonito, as casas eram tão altas que pareciam alcançar o céu; as ruas tinham bastante movimento de carros e de pessoas.

Barnabé, que estava um pouco assustado com o barulho, e andava se escondendo, ficou mais corajoso e confiante, saindo para observar.

Percebeu que as pessoas, ao vê-lo, ficavam surpresas; umas gritavam, outras riam, e outras tentaram apanhá-lo. Apavorado, escondeu-se. Com medo, não podia sair do seu esconderijo e conseguir mais comida, pois a que levara já tinha acabado, e ele estava faminto.

E Barnabé, triste no seu canto, passou a ver outras coisas que não tinha percebido antes. Viu passar crianças maltrapilhas esmolando pão, velhinhos dormindo nas calçadas, cachorros sendo espancados pelas pessoas, homens doentes se arrastando na sarjeta, pobres mães carregando seus filhinhos e suplicando algumas moedas para comprar leite. Barnabé viu isso e muito mais. E ficou cada vez mais triste.

Não, esse não era um lugar bom para se morar. Sentia saudade do sítio, de sua casa, de seus pais, de seus amigos. Lá, nunca tinha passado fome. Todos eram bem tratados.

E decidido, resolveu: — Vou voltar.

Aproveitando-se da escuridão da noite, partiu de retorno a sua casa.

Quando se aproximou, os animais o viram e vieram correndo ao seu encontro.

Seus pais, de braços abertos, o acolheram com amor.

— Por que, meu filho, você fugiu de casa nem dizer nada, sem avisar?

— Perdoe-me, papai. Cometi um erro, mas espero que o senhor me perdoe.

E contou que ficou iludido com as narrativas de dona Ratazana, e quis conhecer a cidade.

O pai, botando as mãos na cintura, perguntou:

— E se lá na cidade era tão bom assim, meu filho, dona Ratazana teria vindo morar no sítio?

Dona Ratazana, que ouvia a conversa, baixou a cabeça, envergonhada.

Barnabé concordou:

— Agora sei disso, meu pai. Por isso, voltei. O melhor lugar para morar é o nosso Lar.

Aquele dia, os animais fizeram uma grande festa no terreiro para comemorar a volta do coelhinho Barnabé.

Autoria: Célia Xavier Camargo – Imagem: Internet Google.
 

sexta-feira, 1 de outubro de 2021

Jujuba o Leãozinho

Habitando uma grande floresta, Jujuba, o leãozinho, crescia forte e sabido.

Sua mãe, Dona Leoa, cuidava dele com muito carinho: dava-lhe banho, penteava-lhe o pelo, aparava-lhe as unhas e alimentava-o.

Muito amorosa, sua mãe defendia-o contra os perigos da floresta, não permitindo que se afastasse muito da toca.

Mas Jujuba, vivendo sempre sozinho, sentia falta de amigos, desejava ter com quem brincar.

Certo dia Jujuba resolveu sair de casa para encontrar um amigo.

Encantado com tudo o que via, embrenhou-se na mata, afastando-se da toca.

Um pouco adiante viu um coelhinho escondido entre as árvores e perguntou:

– Olá! Quer ser meu amigo?

O coelho ao ver quem lhe dirigia a palavra arregalou os olhos, assustado, e gritou, sumindo no meio do mato:

– Um leão!...

Jujuba não entendeu a atitude do coelho, mas não desanimou.

Andando mais um pouco encontrou um veadinho que pastava tranquilamente. Aproximou-se e disse:

– Olá! Quer ser meu amigo?

Com as pernas bambas de medo, o animal fez meia-volta e desapareceu no meio da floresta, gritando:

– Fujam! Um leão! Um leão!...

Jujuba, triste, ainda não desanimou. Continuou andando e procurando. Mais adiante olhou para cima e viu um macaco enroscado num galho de árvore.

– Quer brincar comigo? – perguntou esperançoso.

Ao vê-lo, o macaco assustou-se e foi embora, pulando de galho em galho. O filhote de leão, muito chateado e infeliz, pôs-se a chorar.

– Buá... Buá... Buá.

Ouvindo o choro, alguns animais que estavam escondidos se aproximaram. O leãozinho chorava de cortar o coração e eles se condoeram das suas lágrimas.

– Por que está chorando? – perguntou um enorme sapo.

Ao ouvir aquela voz, Jujuba parou de chorar e enxugou as lágrimas.

– Você está falando comigo? – estranhou, pois quisera conversar com ele.

– Sim, é com você mesmo! – confirmou o sapo. – O que aconteceu?

– Por que está chorando? – perguntou um enorme sapo.

E Jujuba, mais animado, explicou:

– Saí de casa para procurar um amigo. Alguém que quisesse brincar comigo. Mas ninguém gosta de mim...

E recomeçou a chorar: Buá... buá...

Ouvindo a reclamação do leãozinho, feita em voz macia e terna, o sapo olhou os outros animais, que abaixaram a cabeça.

– Não se envergonham de ter medo de um pequeno filhote? — perguntou-lhes o sapo.

O coelho, ainda tremendo de susto, indagou mais corajoso:

– É só isso que deseja? Não vai atacar-nos depois?

– Não! Por que iria atacá-los? Quero que sejamos amigos e que brinquem comigo. Sinto-me tão sozinho!

Então os animais perceberam que Jujuba era apenas um leãozinho delicado e gentil, incapaz de fazer mal a alguém. E disseram envergonhados:

– Perdoe-nos. Nós o julgamos mal sem conhecê-lo e sem saber quem era você. Queremos ser seus amigos, Jujuba. Pode contar conosco.

Satisfeito, o leãozinho agradeceu a todos e olhou em torno, preocupado.

– E agora? Creio que me afastei demais e acho que não sei voltar para casa!

Mas os bichos o tranquilizaram, afirmando-lhe:

– Não se preocupe. Nós o levaremos para casa.

Feliz, Jujuba retornou ao lar com um enorme acompanhamento de bichos e, desse dia em diante, tornaram-se grandes amigos e sempre brincavam juntos.

E os animais da floresta entenderam que não se deve julgar as criaturas pela aparência, sem conhecê-las. Que somos, na verdade, todos irmãos, filhos de um mesmo Pai, que nos criou, e que poderemos viver todos juntos em paz e harmonia, se tivermos boa vontade.

Autoria: Célia Xavier Camargo – Imagem: Internet Google.
 

quarta-feira, 15 de setembro de 2021

Enfermidade Providencial

Pedrinho brincava com seus amigos no jardim jogando bolinhas de gude. Eram garotos levados, mas Pedrinho gostava deles. Cansado da brincadeira, um deles disse, fazendo careta:

— Que dia mais chato! Nada temos para fazer.

Chutando umas pedras, Pedrinho concordou:

— Chato mesmo. Que tal se nós brincássemos de pega-pega?

Dedé, balançando a cabeça, respondeu:

— Outra vez? Já fizemos isso hoje!

— Que tal amarrarmos o rabo do gato e atearmos fogo para vê-lo correr? — sugeriu Joãozinho, maldoso, com os olhos brilhando de animação.

— Nada feito! — retrucou Dedé — Esqueceram que já fizemos isso? Meu gato está todo queimado e minha mãe ficou muito brava comigo.

Pedrinho concordou:

— É verdade. Temos que inventar coisas diferentes.

— Mas, o quê? — Dedé perguntou. — Já jogamos bola, corremos atrás do cachorro do Pedrinho, sujamos as roupas do varal da dona Antônia, tomamos sorvete...

— Já sei! — falou Joãozinho com ar inteligente e maroto — Vamos roubar frutas na chácara do velho Simão.

Todos bateram palmas. Afinal, tinham encontrado algo diferente para fazer. Nisso, a mãe de Pedrinho chamou-o para tomar banho e jantar. Como fosse tarde, resolveram deixar a brincadeira para o dia seguinte.

À noite, Pedrinho colocou o pijama e deitou-se. Sua mãe veio dar-lhe boa noite e juntos fizeram uma prece.

Naquele momento, envolvido pelas bênçãos da prece, Pedrinho sentiu remorso de tudo o que fizera e desejoso de realmente mudar.

O garoto orou a Jesus pedindo-lhe que o transformasse num menino bonzinho e o livrasse das tentações do mal.

Todavia, lembrando que os amigos ficariam esperando por ele, pediu à mãe que o acordasse cedo, e explicou:

— Combinei encontrar-me com o Dedé e o Joãozinho.

A mãezinha, preocupada, aconselhou:

— Olha lá, meu filho, o que vão fazer. Não gosto que ande na companhia desses meninos. São muito arteiros.

— Não se preocupe, mamãe. Não vamos fazer nada errado.

A mãe despediu-se, dando-lhe um beijo no rosto:

— Está bem, meu filho. Boa noite! Que o seu anjo da guarda o proteja e lhe inspire bons pensamentos.

Na manhã seguinte, Pedrinho amanheceu muito indisposto. Passou mal à noite, teve febre, calafrios. A mãe examinou-o e, pelas manchas no corpo, achou que poderia ser catapora, pois tinha ouvido dizer que várias crianças estavam com essa doença.

Pedrinho não conseguiu levantar-se para ir ao encontro dos amiguinhos.

Mais tarde, um vizinho veio vê-lo e perguntou:

— Vocês sabem da novidade? Hoje pela manhã dois garotos entraram no pomar do velho Simão para roubar frutas e foram apanhados pelos cachorros quando tentavam pular o muro.

Preocupada, a mãe de Pedrinho perguntou:

— E os meninos?

— Estão bem, embora um pouco machucados. Levaram um susto terrível! Poderiam até ter morrido!

Pedrinho, assustado, ouvia a conversa. Depois, não se conteve e começou a chorar, falando com voz entrecortada de pranto:

— Ainda bem que fiquei doente!

E confessou tudo para sua mãe, que o ouviu em silêncio.

— Está vendo, meu filho, do que você se livrou? Agradeça a Jesus e ao seu anjo da guarda que o protegeram. Lembra-se da prece que fez ontem ao deitar? A oração nos protege sempre, e é ajuda preciosa nas dificuldades e perigos deste mundo. Procure sempre ser bom para merecer o amparo dos Amigos Espirituais.

— É verdade, mamãe. Procurarei ser um menino diferente de hoje em diante, eu prometo.

E completou com um suspiro aliviado:

— Bendita catapora!

Autoria: Célia Xavier Camargo – Imagem: Internet Google.
 

quarta-feira, 1 de setembro de 2021

O Cavalinho de Pau

Como toda criança, Antônio tinha seus sonhos. Desejava muito ter um cavalinho de pau para brincar de viajar, de mocinho e bandido, de fazendeiro.

Sua família, contudo, era muito pobre e seu pai não tinha recursos para comprar-lhe o brinquedo tão almejado. E Toninho, sabendo disso e sendo um menino muito compreensivo, não pedia nada. Sonhava apenas.

À noite, antes de dormir, sempre dava rédeas à imaginação e fazia de conta que estava cavalgando um lindo cavalo de madeira.

No dia do seu aniversário, quando fez oito anos, o pai lhe trouxe de presente uma pequena bola de borracha. Não era o cavalinho de pau com que ele sonhava tanto, mas era uma linda bola colorida e ele ficou feliz, porque sabia quanto representava para o pai aquele sacrifício.

Certo dia, brincando com a bola nova na rua, Toninho viu um garotinho que olhava fixamente para a bola colorida.

Cheio de compaixão, pois tinha um coração muito bom, Toninho aproximou-se do menino de bola na mão. Os olhos do pequeno estavam brilhantes quando ele disse:

— Que linda bola! Sempre sonhei ter uma igual a essa.

Levado por um impulso generoso, Toninho estendeu-lhe as mãos, dizendo:

— É sua. Pode levar.

O menino estava surpreso.

— Você está me dando a sua linda bola?! — indagou, ainda não acreditando em tamanha felicidade.

Como Toninho confirmasse, ele agradeceu e, agarrando a bola com as duas mãos, virou-se e saiu correndo e gritando de alegria.

Toninho sorriu também, contente. Por que não satisfazer o desejo do garoto? Afinal, ele bem que sabia o que era desejar uma coisa e não poder ter.

Quando o pai chegou do trabalho de tardezinha, ele contou o que fizera.

— Fez muito bem, meu filho, não devemos ser egoístas. Mas, não sentirá falta da sua bola?

— Não, meu pai, brincarei com outras coisas. E depois, Jesus não ensinou que deveríamos fazer aos outros aquilo que gostaríamos que os outros nos fizessem? Assim, se eu estivesse no lugar daquele menino eu gostaria de ganhar a bola, por isso resolvi dá-la a ele. Então, estou feliz!

O pai fitou o filho com admiração e falou, emocionado:

— Jesus deve estar muito contente com você, meu filho, e o recompensará por isso, pode ter certeza.

Dois dias depois, voltando para casa após as aulas, Toninho entrou no seu quarto para guardar o material e trocar de roupa, quando teve uma grande surpresa.

Bem no meio do aposento, entre outros brinquedos, estava o mais lindo cavalo de madeira que Toninho jamais vira!

Cheio de espanto, aproximou-se dele acariciando-o ternamente, temendo vê-lo desaparecer.

O pai entrava no quarto neste momento e ele virou-se, indagando com o olhar ansioso o que significava “aquilo”.

— Minha patroa mandou-lhe estes brinquedos. Eram do filho dela, mas ele está muito crescido e não brinca mais. Então, resolveu dá-los a você. Gosta?

— Se gosto? É a coisa mais linda que já vi na minha vida, papai! — disse Toninho, abraçando o cavalinho pelo pescoço e beijando a crina de barbante.

Depois se levantou e, limpando as lágrimas com as costas das mãos, afirmou:

— Acho que Jesus deve ter realmente ficado contente comigo, papai, para mandar-me este presente!

Autoria: Célia Xavier Camargo – Imagem: Internet Google.
 

domingo, 15 de agosto de 2021

O Susto

Rafael era um menino muito arteiro. Desses que não param um minuto.

Desde pequeno dava muito trabalho aos pais, que viviam tendo de protegê-lo a todo instante.

Assim mesmo, com todos os cuidados, Rafael completara oito anos e já tinha quebrado a perna duas vezes, trincado o osso do braço, cortara duas vezes a cabeça levando vários pontos. Isso sem contar as quedas, os arranhões, os galos e os sustos.

Ufa! Cuidar de Rafael não era tarefa fácil!

Sempre tinha alguém gritando:

— Cuidado, Rafael!

A mãezinha recomendava-lhe com carinho:

— Meu filho, não corra tanto!

— Olhe o buraco!

— Não atravesse a rua! Olhe o sinal fechado!

Mas, qual! Rafael, sempre apressado, não dava atenção.

Um dia, voltando da escola, Rafael viu um amigo do outro lado da rua e não deu outra. Correu para encontrá-lo. A mãe, que caminhava a seu lado, não conseguiu detê-lo. Só conseguiu gritar:

— Não, Rafael!... Olhe o carro!

Porém, não deu tempo. O veículo não conseguiu frear a tempo. O motorista, assustado ao ver que o garoto atravessava a rua correndo, ainda desviou o carro, jogando Rafael ao chão.

Foi aquela correria. Alguém chamou a ambulância, que levou o menino para o hospital.

Rafael permanecia desacordado. Batera a cabeça no asfalto e estava inconsciente.

Felizmente, não aconteceu nada de grave.

Enquanto isso, Rafael percebeu que estava num lugar diferente. Olhou em torno e achou tudo bonito.

Nesse momento aproximou-se um rapaz todo reluzente. Sério, olhou para Rafael e disse:

— Por pouco você não conseguiu retornar mais cedo.

— Eu? Retornar para onde?

— Para o mundo espiritual! Não é isso o que tem tentado sempre? — perguntou o moço.

O menino respondeu, apavorado:

— Não!... Não quero deixar minha família, a escola, meus amigos, meu corpo!

Sereno, o rapaz considerou:

— Então, tenha mais cuidado, Rafael. Cuide bem do seu corpo, proteja-o de perigos. Ele é um grande amigo que você tem e também seu maior tesouro nesta vida. Evite retornar mais cedo porque a responsabilidade será sua.

Nesse momento, Rafael acordou no hospital.

Logo viu as fisionomias preocupadas do pai e da mãe. Felizes por vê-lo acordado, eles choravam.

— Não chorem! — disse ele. — Prometo-lhes que, daqui por diante, terei mais cuidado.

E contou aos pais a conversa que tivera com o moço luminoso, e eles entenderam o que tinha acontecido com Rafael enquanto estava desacordado.

Era a resposta do Senhor às suas preces. Juntos, elevaram os pensamentos em oração, agradecendo a Deus.

A partir desse dia, Rafael transformou-se num outro menino.

Continuava a ser criança, brincava, jogava bola e se divertia como qualquer outro garoto da sua idade, porém agora tinha mais cuidado e respeito pelo seu corpo e pela sua vida.

Autoria: Célia Xavier Camargo – Imagem: Internet Google.
 

domingo, 1 de agosto de 2021

A Lição da Formiga

Na escola de Otávio organizava-se uma festa e os alunos, animados, ultimavam os preparativos. Alguns penduravam enormes cordões de bandeirinhas coloridas, outros faziam cartazes, outros varriam o chão, outros ainda limpavam as mesas e cadeiras.

Na cozinha, preparavam-se bolos e tortas, doces e salgados, para serem servidos durante a festa.

Trabalhavam com amor, enquanto conversavam e se divertiam.

Otávio era o único que não quisera colaborar em nada.

A professora, atenta e dedicada, solicitou-lhe várias vezes que ajudasse nesse ou naquele setor de serviço, mas ele recusava-se terminantemente a auxiliar no esforço de todos.

Certo momento, a professora ordenou-lhe, severa:

— Já que você se recusa a colaborar na organização de nossa festa, a exemplo dos demais, terá uma outra tarefa: deverá entregar-me amanhã, sem falta, uma redação sobre o tema: A Vida das Formigas.

— Mas professora, isso não é justo! — reclamou o garoto. — Só eu tenho que fazer esse trabalho?

— Engano seu, Otávio. Não é justo é você estar sem fazer nada enquanto seus colegas trabalham e se esforçam a benefício de todos.

Fez uma pausa e, vendo a indecisão de Otávio, completou:

— Pode começar já, caso contrário não conseguirá terminar até amanhã.

— Mas, como fazer isso? Não sei por onde começar! — retrucou o garoto.

— É simples. Observe as formigas no jardim!

Muito embaraçado, Otávio encaminhou-se para o jardim da escola. Suspirando, sentou-se no chão e pensou: Bolas! Onde é que vou encontrar formigas?

Nisso, viu uma formiguinha que passou apressada entre seus pés. Seguiu-a com o olhar e logo em seguida reparou em duas outras que seguiam apressadas, no mesmo sentido.

Curioso, levantou-se e acompanhou-as. Um pouco adiante, viu uma formiga que voltava carregando um pedaço de pão que, não obstante pequeno, era muitas vezes maior do que ela.

Sorriu, divertido, e, ao mesmo tempo, admirado: — Aonde será que ela vai levar aquele pedacinho de pão duro? — pensou.

Olhou em volta e, um pouco à frente, viu um grande pedaço de sanduíche que alguém jogara. Em torno dele, dezenas de formigas trabalhavam diligentes. Algumas cortavam em pedaços menores e outras os transportavam.

Quando o pedaço era ainda muito pesado para suas pequenas forças, uniam os esforços e carregavam juntas.

Seguindo o trajeto que faziam, Otávio percebeu que entravam num formigueiro, deixavam a carga e retornavam ao trabalho.

— Que interessante! — murmurou Otávio, impressionado com a cooperação e a união existente entre as pequenas operárias. — São tão pequenas e tão unidas e trabalhadeiras!

Nesse momento, lembrou-se da festa da escola e que só ele não estava colaborando. Levantou-se, envergonhado, procurou a professora pedindo que lhe desse uma tarefa.

Sorridente, a mestra perguntou:

— Muito bom! Mas o que fez você mudar de ideia, Otávio?

— As formigas que a senhora mandou que eu pesquisasse. Vivem unidas num sistema de cooperação fraterna e amiga. Se elas podem trabalhar, eu também posso.

Parou de falar, fitando a professora e disse:

— Só que, ajudando na festa, não terei muito tempo para preparar a redação. Preciso mesmo entregar amanhã cedo?

A mestra sorriu, satisfeita, e, colocando a mão sobre a cabeça do menino falou, com carinho:

— Não, Otávio. Não há necessidade de fazer a redação. Você já aprendeu sua lição

Autoria: Célia Xavier Camargo – Imagem: Internet Google.
 

quinta-feira, 15 de julho de 2021

A Força do Sol

Carlinhos, menino bom e prestativo, gostava de ajudar as pessoas.

Uma coisa, porém, Carlinhos não suportava: ver gente discutindo ou brigando.

Logo ficava nervoso e entrava no meio da discussão, querendo apartar a briga. Isso acontecia em qualquer lugar em que estivesse: em sua casa, na escola ou na rua.

Em casa, quando seus pais começavam a discutir por problemas domésticos, Carlinhos colocava-se no meio deles, querendo resolver a parada.

Na escola, muitas vezes seus colegas se desentendiam jogando futebol ou por qualquer outro motivo, e partiam para a briga aos empurrões, socos e pontapés. Carlinhos corria tentando separá-los e acabava no meio da briga.

Chegava em casa desanimado, cansado, todo sujo e, não raro, machucado.

A mãe, que o conhecia bem, já sabia o que tinha acontecido, e aconselhava-o com amor:

— Meu filho, não faça mais isso. Qualquer dia você pode se machucar seriamente tentando apartar uma briga. Tenha mais cuidado! Chame um adulto, o professor responsável pela turma.

Mas qual! Carlinhos prometia não interferir mais em discussões, porém quando uma briga começava, lá estava ele de novo no meio.

Certo dia, em que ele tinha chegado com um olho vermelho e a testa sangrando, a mãe aflita perguntou-lhe:

— O que aconteceu desta vez, meu filho? Veja seu estado! Você está todo sujo, o uniforme rasgado, e está machucado! Andou brigando de novo?

— Claro que não, mamãe! Ao contrário. Tentava separar dois amigos meus que se desentenderam jogando bola.

A mãe o envolveu num abraço e disse, com amor:

— Depois conversaremos. Agora vá tomar um banho.

Quando o menino saiu do banho, já com aspecto melhor, ela fez um curativo na testa dele e chamou-o para almoçar.

O pai, que chegara naquele momento, olhou para o filho, sério, respirou fundo e ia ralhar com ele, mas resolveu manter-se calado.

Os dois irmãos menores olhavam para Carlinhos e riam. Todos sabiam o que tinha acontecido. Não era a primeira vez que ele chegava machucado em casa.

— Parem de rir, vocês dois. Isso não é brincadeira. Carlinhos, meu filho, almoce e depois farei uma compressa em seu olho para evitar que fique roxo.

Após a refeição, enquanto colocava a compressa sobre o olho de Carlinhos, a mãe conversava com ele dizendo:

— Mantenha distância quando perceber que uma briga está prestes a começar, meu filho.

— Mas, mamãe! Quero evitar que meus amigos briguem! Não suporto vê-los de cara virada um com o outro, com raiva.

— Eu sei que sua intenção é boa, Carlinhos. Para fazer isso, porém, é preciso manter certa distância da briga e, especialmente, agir com tranquilidade, delicadeza, equilíbrio e muito amor.

— Como assim, mamãe? O que é equilíbrio?

— É quando nos mantemos controlados e imparciais no meio de uma situação, isto é, sem pender para um lado ou para o outro, guardando os melhores sentimentos. Entendeu?

— Mais ou menos.

A mãe procurou em torno algo que pudesse servir-lhe de exemplo. De repente, olhou pela janela e viu o sol brilhando lá fora.

Levou o garoto até o jardim e perguntou:

— Carlinhos, sem contar Deus, que é nosso Pai e Criador do Universo, o que existe de maior e mais poderoso neste mundo em que vivemos?

O menino pensou um pouco e depois respondeu, olhando para o alto:

— O Sol, mamãe. Estudei na escola que o Sol é uma estrela muitas vezes maior que o nosso planeta Terra. Ele nos dá luz, calor e condições de viver. A professora explicou que o Criador fez tudo tão bem feito que, se o Sol estivesse um pouco mais distante da Terra, morreríamos congelados por falta de calor; se estivesse um pouco mais próximo, morreríamos queimados!

— Isso mesmo, Carlinhos. E não só nós, seres humanos, mas todos os seres viventes, animais e plantas. Então o Sol é poderoso e está bem distante da Terra, não é? No entanto, indispensável à vida, seus raios chegam até nós com delicadeza, sem nos machucar ou ferir; penetram os lugares mais escondidos e profundos, com suavidade, levando luz e calor.

O garoto pensou um pouco e disse:

— Entendi aonde quer chegar, mamãe. Quer dizer que para ajudar não precisamos entrar na briga, não é?

— Exatamente, meu filho. Veja! Você tem apenas oito anos, mas é bem maior que os garotos da sua idade. Então, o que acontece? Se os meninos forem menores, você pode machucá-los com sua força. Se forem maiores, você acaba machucado.

— É verdade, mamãe. Então, o que posso fazer?

— Na hora do perigo, pense em Deus pedindo que a paz e o entendimento se estabeleçam. Depois, se puder ajudar, faça-o, mas sem entrar na briga.

A partir desse dia, ao ver os garotos discutindo, Carlinhos fazia uma rápida oração e depois dizia sereno:

— Calma, pessoal. Vamos tentar resolver esse problema em paz, está bem? O que está acontecendo? Posso ajudar?

Ouvindo-lhe a voz tranquila, os amigos paravam de discutir, acalmavam-se os ânimos, e logo estavam brincando de novo, felizes por estarem juntos e em paz.

Não há o que não se possa resolver, quando existem boa vontade e paz no coração.

Autoria: Célia Xavier Camargo – Imagem: Internet Google.
 

quinta-feira, 1 de julho de 2021

O Sonho de André

André era um menino de 5 anos, simpático, falante, educado, morava com a sua família, tinha muitos amigos e também tinha um amiguinho inseparável: um cãozinho chamado Toby. Enfim, André se julgava uma pessoa muito FELIZ.

Numa tarde quente André brincava com Toby no quintal de sua casa. André jogava a bolinha e Toby corria para pegar e trazia de volta. Brincaram até se cansarem. André chamou Toby para tomar água e descansarem um pouquinho na sombra de uma laranjeira. O cãozinho muito FELIZ recostou a cabeça no braço do amigo e ambos adormeceram. Que soneca boa.

André sonhou que Toby não conseguira alcançar a bolinha que havia caído em meio a um arbusto e então foi buscar. Enquanto abria os galhos avistou algo interessante: parecia um túnel que se abria em meio à folhagem. Muito curioso, foi andando por aquele túnel que, a cada instante, parecia mais e mais luminoso. Então escutou vozes e risadas de criança quando está FELIZ. Surpreso, ficou observando de longe. Havia um grupo de crianças brincando de esconde-esconde, outro brincando de roda, outro lendo história e, tinha até um grupinho, muito FELIZ, pulando amarelinha. Chamou a atenção de André o fato de não haver, ali, vídeo game, televisão ou computador. E mesmo assim a criançada brincava FELIZ.

Em alguns minutos uma moça se aproximou das crianças pedindo para todos sentarem e fazerem um exercício de respiração (inspirando e expirando, lentamente, por 5 vezes). Fizeram uma pequena, mas profunda, prece e Olívia (este era o nome daquela moça) falou que iriam receber a visita de um amigo muito, muito, mas muito especial. E como o visitante gostava muito de crianças, Ele estava se sentindo muito FELIZ. Olívia pediu que todos fechassem seus olhinhos por alguns segundos. Quando abriram, que surpresa. Quem eles viram? Nada mais nada menos que um amigo que mora no coração de cada um: (alguém sabe que amigo é esse?) isso mesmo, Jesus.

André não se conteve aproximou-se daquela turma, perguntando: - Que lugar é esse? – Eu estou no céu? E Olívia então explicou: - Aqui não é o céu não. Nós estamos em uma aula de Evangelização, onde aprendemos sobre a importância de Jesus em nossas vidas e muitos outros assuntos interessantes.

Nesse instante o garoto acordou com Toby lambendo seu rosto. Correu para contar o sonho à sua mãe. A mãe, também, sem entender direito aquele sonho, convidou André para irem até o Grupo Espírita Seara do Mestre para obterem algumas informações sobre a Evangelização. Chegando, encontraram uma moça que era evangelizadora, e ela então explicou que André também poderia “ver” Jesus. Não com os olhos físicos, mas com os olhos da alma, que é a mesma coisa que tê-Lo dentro do coração toda vez que André se sentir ou fizer alguém se sentir FELIZ.

André começou a participar das aulas de evangelização espírita e gostou muito. Algum tempo depois, a mãe perguntou a André o que ele estava achando das aulas. E ele prontamente respondeu:

- Legal mamãe! Agora consegui entender o que significa ter Jesus no coração e como isso me torna uma pessoa ainda mais FELIZ!


Cleusa Lupatini

Fonte da imagem: Internet Google.