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terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

Ensinamento Vivo

Após as aulas, Carlinhos voltava para casa quando, andando por uma rua de grande movimento, viu um homem caído na calçada.

Condoído da situação do mendigo, Carlinhos desejou fazer alguma coisa para ajudar.

Mas, como? Era pequeno e ninguém lhe dava atenção.

Tentou despertar o pobre maltrapilho, mas ele não se mexeu.

Assustado, o garoto tentou pedir ajuda aos transeuntes, mas todos estavam apressados, sem lhe dirigirem um olhar sequer.

Um tanto desanimado, Carlinhos viu um sacerdote que se aproximava e encheu-se de esperança. Abordou o religioso, suplicando:

— Padre, ajude este pobre homem que está passando mal!

O sacerdote lançou um olhar indiferente ao mendigo e respondeu:

— Infelizmente, não posso. Tenho o tempo contado. Dirijo-me à igreja onde deverei rezar uma missa dentro de poucos minutos.

E assim dizendo, seguiu seu caminho, deixando o menino muito desapontado.

Não demorou muito, Carlinhos viu um senhor simpático que se aproximava, sobraçando alguns livros.

Enchendo-se de coragem, pediu:

— O senhor, que deve ser um homem bom e que deve ler muito, a julgar pelos livros que carrega, poderia auxiliar este pobre homem?

O estranho olhou o infeliz estirado na calçada, e, ajeitando os óculos, retrucou:

— Não posso. Estou a caminho da biblioteca onde devo entregar-me a importantes estudos. Além disso, ele não tem nada que um café bem forte e sem açúcar não cure. Está bêbado!

Friamente, sem se preocupar com a aflição do garoto, continuou seu caminho, apressado.

Carlinhos estava quase desanimando quando viu sua professora de Evangelização Infantil, vindo em sua direção. Com ânimo renovado, o menino correu ao seu encontro, afirmando satisfeito:

— Graças a Deus que a senhora apareceu, tia Marta. Veja, este pobre homem precisa de ajuda urgente!

A professora aproximou-se, fitando o infeliz que continuava caído na calçada. Depois, olhando o relógio disse, compungida:

— Gostaria de poder ajudar esse coitado, Carlinhos, mas infelizmente estou indo para casa e preciso preparar o jantar. Estava justamente a caminho do supermercado onde deverei comprar o necessário antes que feche.

Ao ouvir essas desculpas, o garoto não conteve o desapontamento. Seus olhos se umedeceram e murmurou mais para si mesmo:

— Será que esse pobre homem não encontrará também um bom samaritano?

Surpresa, a professora perguntou:

— O que disse?

— Sim, tia Marta. Lembra-se da Parábola do Bom Samaritano que a senhora contou no último domingo? Pois é! Estou aqui há bastante tempo e ninguém atende às minhas súplicas. Já passou até um sacerdote, um professor, e ninguém quis socorrê-lo.

Fez uma pausa e, fitando a professora com os olhos grandes e lúcidos, questionou:

— Será que não vai aparecer um bom samaritano, como na parábola que Jesus contou?

Profundamente tocada pelas palavras do garoto, a professora respondeu, envergonhada:

— Tem razão, Carlinhos. Precisamos fazer alguma coisa por este homem.

Ela pensou um pouco e lembrou-se que, não longe dali, existia um pronto-socorro.

Decidida, telefonou e, não demorou muito, uma ambulância recolhia o mendigo, encaminhando-o para atendimento.

Marta foi com o menino até o hospital, onde o médico examinava o paciente. Algum tempo depois. O doutor informou:

— Felizmente ele chegou a tempo. Está doente e num estado de fraqueza tão grande que, se não fossem vocês, teria morrido. Agora receberá o tratamento necessário ao seu restabelecimento. Já está tomando soro e, medicado, logo deverá ficar bom.

Cheios de alegria, Marta e Carlinhos se abraçaram. Combinaram, depois, que todos os dias viriam visitar o novo amigo no hospital.

Emocionada, a professora afirmou:

— Graças a você, Carlinhos, hoje nós agimos como verdadeiros cristãos!

Autoria: Célia Xavier Camargo – Imagem: Internet Google.
 

terça-feira, 1 de fevereiro de 2022

A Força do Sol

Carlinhos, menino bom e prestativo, gostava de ajudar as pessoas.

Uma coisa, porém, Carlinhos não suportava: ver gente discutindo ou brigando.

Logo ficava nervoso e entrava no meio da discussão, querendo apartar a briga. Isso acontecia em qualquer lugar em que estivesse: em sua casa, na escola ou na rua.

Em casa, quando seus pais começavam a discutir por problemas domésticos, Carlinhos colocava-se no meio deles, querendo resolver a parada.

Na escola, muitas vezes seus colegas se desentendiam jogando futebol ou por qualquer outro motivo, e partiam para a briga aos empurrões, socos e pontapés. Carlinhos corria tentando separá-los e acabava no meio da briga.

Chegava em casa desanimado, cansado, todo sujo e, não raro, machucado.

A mãe, que o conhecia bem, já sabia o que tinha acontecido, e aconselhava-o com amor:

— Meu filho, não faça mais isso. Qualquer dia você pode se machucar seriamente tentando apartar uma briga. Tenha mais cuidado! Chame um adulto, o professor responsável pela turma.

Mas qual! Carlinhos prometia não interferir mais em discussões, porém quando uma briga começava, lá estava ele de novo no meio.

Certo dia, em que ele tinha chegado com um olho vermelho e a testa sangrando, a mãe aflita perguntou-lhe:

— O que aconteceu desta vez, meu filho? Veja seu estado! Você está todo sujo, o uniforme rasgado, e está machucado! Andou brigando de novo?

— Claro que não, mamãe! Ao contrário. Tentava separar dois amigos meus que se desentenderam jogando bola.

A mãe o envolveu num abraço e disse, com amor:

— Depois conversaremos. Agora vá tomar um banho.

Quando o menino saiu do banho, já com aspecto melhor, ela fez um curativo na testa dele e chamou-o para almoçar.

O pai, que chegara naquele momento, olhou para o filho, sério, respirou fundo e ia ralhar com ele, mas resolveu manter-se calado.

Os dois irmãos menores olhavam para Carlinhos e riam. Todos sabiam o que tinha acontecido. Não era a primeira vez que ele chegava machucado em casa.

— Parem de rir, vocês dois. Isso não é brincadeira. Carlinhos, meu filho, almoce e depois farei uma compressa em seu olho para evitar que fique roxo.

Após a refeição, enquanto colocava a compressa sobre o olho de Carlinhos, a mãe conversava com ele dizendo:

— Mantenha distância quando perceber que uma briga está prestes a começar, meu filho.

— Mas, mamãe! Quero evitar que meus amigos briguem! Não suporto vê-los de cara virada um com o outro, com raiva.

— Eu sei que sua intenção é boa, Carlinhos. Para fazer isso, porém, é preciso manter certa distância da briga e, especialmente, agir com tranquilidade, delicadeza, equilíbrio e muito amor.

— Como assim, mamãe? O que é equilíbrio?

— É quando nos mantemos controlados e imparciais no meio de uma situação, isto é, sem pender para um lado ou para o outro, guardando os melhores sentimentos. Entendeu?

— Mais ou menos.

A mãe procurou em torno algo que pudesse servir-lhe de exemplo. De repente, olhou pela janela e viu o sol brilhando lá fora.

Levou o garoto até o jardim e perguntou:

— Carlinhos, sem contar Deus, que é nosso Pai e Criador do Universo, o que existe de maior e mais poderoso neste mundo em que vivemos?

O menino pensou um pouco e depois respondeu, olhando para o alto:

— O Sol, mamãe. Estudei na escola que o Sol é uma estrela muitas vezes maior que o nosso planeta Terra. Ele nos dá luz, calor e condições de viver. A professora explicou que o Criador fez tudo tão bem feito que, se o Sol estivesse um pouco mais distante da Terra, morreríamos congelados por falta de calor; se estivesse um pouco mais próximo, morreríamos queimados!

— Isso mesmo, Carlinhos. E não só nós, seres humanos, mas todos os seres viventes, animais e plantas. Então o Sol é poderoso e está bem distante da Terra, não é? No entanto, indispensável à vida, seus raios chegam até nós com delicadeza, sem nos machucar ou ferir; penetram os lugares mais escondidos e profundos, com suavidade, levando luz e calor.

O garoto pensou um pouco e disse:

— Entendi aonde quer chegar, mamãe. Quer dizer que para ajudar não precisamos entrar na briga, não é?

— Exatamente, meu filho. Veja! Você tem apenas oito anos, mas é bem maior que os garotos da sua idade. Então, o que acontece? Se os meninos forem menores, você pode machucá-los com sua força. Se forem maiores, você acaba machucado.

— É verdade, mamãe. Então, o que posso fazer?

— Na hora do perigo, pense em Deus pedindo que a paz e o entendimento se estabeleçam. Depois, se puder ajudar, faça-o, mas sem entrar na briga.

A partir desse dia, ao ver os garotos discutindo, Carlinhos fazia uma rápida oração e depois dizia sereno:

— Calma, pessoal. Vamos tentar resolver esse problema em paz, está bem? O que está acontecendo? Posso ajudar?

Ouvindo-lhe a voz tranquila, os amigos paravam de discutir, acalmavam-se os ânimos, e logo estavam brincando de novo, felizes por estarem juntos e em paz.

Não há o que não se possa resolver, quando existem boa vontade e paz no coração.

Autoria: Célia Xavier Camargo – Imagem: Internet Google.