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sábado, 15 de maio de 2021

O Cavalinho Rebelde

Em certo sítio muito agradável, em meio a uma linda pastagem, vivia um cavalinho que era o orgulho de todos.

Nascera ali naquelas paragens e os outros animais o amavam como se fosse o filho de cada um deles.

Ele nasceu forte e sadio. Deram-lhe o nome de Formoso.

Era realmente um prazer vê-lo a correr pelos campos, galopar na pradaria, a brincar com outros animais. Mas Formoso, por ter a atenção e o carinho de todos, cresceu convencido e orgulhoso. Nada era bastante bom para ele. Queria sempre o melhor para si e acreditava que tinha mesmo o direito à atenção geral.

Quando se tornou um jovem cavalo, de pelo brilhante e sedoso, pernas ágeis e fortes, seu dono resolveu que ele seria um corredor. Afinal, Formoso era rápido como uma flecha e, sem dúvida, o cavalo mais rápido da região. Seria treinado para participar das corridas de cavalos e, com certeza, teria dias de glória no hipódromo.

Formoso torceu o nariz. Recusou-se a participar do treinamento julgando-se superior a essa tarefa.

– Eu não! – afirmava ele – Cansar-me correndo para divertimento do povo? De jeito nenhum! Não vou.

O patrão, decepcionado, julgou que talvez tivesse errado em seus cálculos. Provavelmente Formoso não tinha tendência para as corridas. Quem sabe sentir-se-ia melhor no próprio lar? Deixaria Formoso para uso de sua esposa. Ela gostava de cavalgar e ficaria feliz com o presente.

Formoso recusou-se. Quando a mulher montou em seu dorso ele mostrou seu desagrado corcoveando. Para não cair, ela desmontou e nunca mais quis saber dele.

Ainda tentando desculpá-lo e justificar suas atitudes, pois o amava, o dono pensou:

– Quem sabe minha esposa é muito pesada para Formoso? Talvez, se o meu filho montasse, sua reação seria diferente!

Qual nada! O garoto montou, sob a assistência amorosa do pai, e logo teve que descer porque Formoso reagiu dando coices e pinotes.

E assim, sucessivamente, o dono de Formoso tentou de tudo para arrumar uma tarefa para ele. Tentou colocá-lo puxando uma charrete leve e o arado, sem resultado. Esbarrava sempre na sua má vontade.

Afinal, o tempo foi passando e, vendo que não conseguia localizá-lo em nenhum setor de serviço, pois Formoso gostava mesmo era de correr pelos campos, alimentar-se muito bem e beber água fresca, o homem perdeu a paciência e resolveu vendê-lo, embora com muita dor no coração.

Qual não foi sua surpresa ao encontrar certo dia, algum tempo depois, numa pequena e poeirenta estrada, o Formoso, o seu lindo cavalo Formoso, que possuíra de tudo, que poderia ter sido um campeão nas corridas, animal de estimação e montaria para sua família, que o tratava com imenso amor, agora irreconhecível, sujo e maltratado, com a cabeça baixa, humilhado, puxando com grande dificuldade uma pesada carroça.

Foram-lhe dadas muitas oportunidades que Formoso não soubera aproveitar. Agora, teria que aprender o valor do trabalho sob condições bem mais difíceis e árduas, para que pudesse valorizar as bênçãos que o Senhor colocara em sua vida.

Célia Xavier Camargo

Fonte da imagem: Internet Google.
 

sábado, 1 de maio de 2021

Prêmio ao Trabalho

Certa vez uma Anjo de rutilante beleza desceu à Terra.

Estava à procura de uma criança que pudesse servir de ligação entre a Terra e o Céu, e que tivesse desenvolvido sentimentos nobres, boa-vontade e o amor ao próximo.

Como recompensa, essa criança teria a ventura de fazer uma visita a planos superiores, com a finalidade de aprendizado e recreação, durante as horas consagradas ao repouso noturno.

Passando por certa cidade, o Anjo viu um garoto que parecia simpático. Aproximou-se e convidou-o a ajudar uma família muito necessitada das redondezas. O menino respondeu:

— Agora não posso! Preciso destruir um ninho de pardais que andam estragando as frutas do nosso pomar. Talvez mais tarde...

E, assim dizendo, apanhou o estilingue e afastou-se.

O Anjo baixou a cabeça muito triste ao ver a MALDADE do garoto, e foi embora.

Mais adiante encontrou uma menina e aproximou-se, esperançoso, convidando-a para ajudar os necessitados. Ela pensou um pouco e respondeu, pesarosa:

— Agora não posso. É minha hora de brincar e meus amigos estão esperando. Mais tarde, talvez...

O Anjo sorriu de leve ao perceber o EGOÍSMO da criança e afastou-se, triste.

Mais tarde, o Anjo encontrou um garoto e abordou-o, otimista. O menino, que parecia não ter problema nenhum, morava numa bela casa e estava desocupado, respondeu imediatamente:

— Ah! Não sei não. Tem certeza de que são necessitados mesmo? Veja aquele moleque de rua que está no meu portão. É um malandro e procura apenas uma maneira de se aproximar de minha casa para roubar. Essa “gentinha” não me engana. Fora! Fora! Vadio! Vá trabalhar!

Ao ouvir as palavras cruéis e cheias de ORGULHO do garoto, o Anjo afastou-se sem dizer nada.

E assim, prosseguiu em sua busca sem encontrar a criança que apresentasse os requisitos necessários, isto é, boa-vontade e amor ao próximo.

Estava quase desistindo, quando viu um garoto maltrapilho. Aproximou-se e fez-lhe o mesmo convite, embora sem muita esperança, pois o menino aparentava ser bem pobre.

Os olhos do menino brilharam ao ouvir o convite do Anjo e respondeu, incontinenti:

— Ah, vou sim! O senhor pode me aguardar só um pouquinho? Estou voltando do mercado onde fui fazer umas compras para o almoço. Moro aqui perto. Vamos até em casa?

O Anjo o acompanhou mais animado, notando-lhe a boa-vontade. Lá chegando, verificou a extrema pobreza em que sua família vivia.

Já na entrada, o menino conversou amigavelmente com os passarinhos e galinhas que vieram encontrá-lo.

— Ah, meus amigos! Pensam que me esqueci de vocês? Aqui está o que lhes trouxe — e, assim dizendo, tirou do bolso da calça um pedaço de pão duro que ganhara e distribuiu com as aves famintas.

Em seguida, entrou em casa.

— Mamãe! — disse o menino. — Vou sair para visitar umas pessoas necessitadas. Posso levar-lhes alguma coisa? Devem estar passando fome. Sei que temos pouco, mas eu não preciso de nada, por isso levarei a parte que me cabe. Não se preocupe com o serviço; arrumarei a cozinha quando voltar. Está bem?

Ao ouvir as palavras do menino, o Anjo compreendeu que encontrara o que tanto tinha procurado.

Foi com os olhos úmidos de emoção que acompanhou o garoto até o lar que precisava de ajuda.

Com carinho, o menino atendeu a todos: Tratou de um doente, deu banho no caçula da casa e ajudou a senhora no serviço doméstico. Quando terminou estava cansado, mas feliz.

Disse à dona da casa:

— Não se preocupe. Vou tentar arrumar serviço para seu marido. Dou uma ajuda de vez em quando numa casa muito rica e tenho certeza que o dono, que é um homem muito bom, poderá arranjar alguma ocupação para ele.

Fez uma pausa e concluiu:

— Tenha muita confiança em Deus! Ele não nos desampara nunca.

A pobre mulher, mais animada, agradeceu sensibilizada a ajuda que recebera, e o garoto despediu-se, prometendo voltar assim que pudesse.

O Anjo, profundamente emocionado, ao deixarem a casa disse ao menino:

— Parabéns! Você merece um prêmio pela sua BOA-VONTADE e AMOR AO PRÓXIMO. Receberá, de hoje em diante, toda a ajuda que lhe for necessária para o prosseguimento de sua tarefa de ajuda ao semelhante, porque Deus precisa do concurso de todas as pessoas de bem para a implantação do seu Reino de Amor na face da Terra.

Naquela noite o garoto teve lindos sonhos, sendo levado para regiões mais felizes do Plano Espiritual onde receberia instruções para trabalhar, acordando no dia seguinte com ânimo renovado para enfrentar a vida.

Célia Xavier Camargo

Fonte da imagem: Internet Google.