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terça-feira, 15 de novembro de 2022

O Servo Infeliz

Existiu certa vez num país muito distante, um homem que vivia sempre muito infeliz e desgostoso da vida que levava.

Todo serviço era pesado e desagradável. Não havia tarefa que desejasse realizar e qualquer pequeno serviço que se lhe ordenasse era feito de má vontade.

Vivia resmungando pelos cantos e acabou por tornar-se uma companhia indesejável até junto dos outros servos da casa.

Se o patrão o mandava lavar e tratar dos cavalos, reclamava que o cheiro dos animais lhe causava mal-estar. Se a tarefa solicitada era ir até a cidade comprar mantimentos, alegava que o sol lhe dava tonturas e que era sempre ele a fazer o serviço pesado. Se ele era mandado recolher o rebanho no pasto ao anoitecer, alegava que o sereno era ruim para sua saúde delicada.

Enfim, qualquer tarefa que lhe fosse conferida era executada de mal humor e muita má vontade, embora tivesse corpo sadio e braços fortes.

Certo dia, ele e outro servo foram mandados à cidade para fazer um serviço, e, como não poderia deixar de ser, ele ia reclamando da vida para o companheiro que o escutava com paciência infinita.

— Pois é como lhe digo. Todo serviço mais desagradável fica para mim. Faço sempre as obrigações mais pesadas e, se não bastasse isso, vivo com problemas de saúde e dores no corpo todo. Já não aguento mais!

O outro, com delicadeza retrucava, convicto:

— Não é bem assim, meu amigo. Todos nós trabalhamos bastante, é verdade. Mas somos recompensados, pois o patrão é bom e generoso. Não podemos nos queixar da sorte. Além do mais, todo serviço é bênção de Deus.

— Qual nada! Somos tratados como animais e trabalhamos qual burro de carga para ganhar uma miséria. Ah! Como eu gostaria de ter uma vida diferente, de não precisar trabalhar!

E avistando na estrada, logo adiante, um homem sentado sob uma árvore, à frente de pequeno portão que dava acesso a uma casa simples, mas que exalava limpeza, apontou-o enquanto falava:

— Olha aquele homem ali calmamente sentado à beira do caminho. Sua fisionomia serena mostra que não deve ter problemas. E, para estar sentado a essa hora do dia, é sinal de que não trabalha. Isso é que é vida!

Aproximaram-se. O homem fitava-os com tranquilidade. Como ainda estivesse um pouco frio, trazia uma manta bastante surrada, mas limpa, que o cobria até a cintura.

Entabularam conversação, e o servo infeliz o inquiriu curioso:

— Diga-me, bom homem, o que faz da vida? Com certeza não deve trabalhar! Ah, como o invejo!

O estranho fitou-o serenamente e respondeu:

— É verdade. Não trabalho mais como antigamente porque não posso. Toda a minha vida fui um homem trabalhador. Chegava todas as noites em casa exausto, mas feliz, porque cumprira bem minhas obrigações. Um dia, porém, conduzia uma carroça rumo ao povoado quando sofri um acidente. Os cavalos assustaram-se e a carroça desgovernou-se.

Tentando deter os animais, que saíram num galope desenfreado, pulei sobre os cavalos e fiquei entre eles, segurando-os com meus fortes punhos. O varal, porém, partiu-se, e eu perdi o equilíbrio, caindo entre as patas dos animais. Fiquei muito ferido, porém com a bênção de Deus, estou ainda vivo.

E, fazendo uma pausa, retirou a manta de sobre as pernas, concluindo:

— Fiquei sem minhas pernas, mas não lamento. Ainda posso fazer muita coisa, garanto-lhes. Tenho ainda os braços fortes, os dedos ágeis e a cabeça lúcida. Disse-lhes que não executava mais o serviço antigo...

E, apontando com a mão, mostrou um garoto sorridente que se aproximava trazendo um fardo de palha.

— Agora faço cestas para vender. Meu filho me ajuda e temos conseguido sobreviver com essa atividade.

E elevando a fronte para o alto, falou com os olhos rasos de lágrimas:

— Deus é muito bom! Tenho uma família amorosa, não me falta serviço e estou vivo com a graça de Deus. Como podem ver, tenho tudo o que preciso para ser feliz.

O servo descontente abaixou a cabeça, envergonhado pela lição que recebera. Comovido, saiu dali meditando em todas as dádivas que Deus lhe dera e que nunca soubera aproveitar e agradecer.

Desse dia em diante tornou-se um outro homem. Com bom ânimo e alegria realizava todas as tarefas, lembrando sempre de agradecer a Deus as oportunidades que lhe concedera na vida.

Autoria: Célia Xavier Camargo – Imagem meramente ilustrativa - Fonte: Internet Google.
 

terça-feira, 1 de novembro de 2022

O Melhor Pai do Mundo

Carlinhos, um menino muito arteiro, entrou em casa se sentindo muito chateado.

Estava no quintal jogando bola com os amigos e, sem querer, quebrou o vidro de uma das janelas.

O pai, que lia o jornal na varanda, percebeu o que tinha acontecido. Levantou-se na mesma hora e foi chamar a atenção do filho:

— Meu filho, tenha cuidado! Não chute a bola com tanta força. Você quebrou um vidro da nossa janela. E se fosse da casa do vizinho? Seu pai teria que pagar! E se você tivesse machucado alguém?

— Mas, papai, eu não tive culpa!

— Seja como for, você causou um prejuízo e descontarei da sua mesada.

Entrando na cozinha, Carlinhos sentou-se numa cadeira, revoltado. Maria, a empregada de sua mãe, que enxugava umas louças, perguntou:

— O que foi desta vez, Carlinhos?

— Meu pai brigou comigo só porque quebrei o vidro de uma janela. Disse que vai descontar da minha mesada. Sempre a culpa é minha! Tudo eu! Tudo eu!

Maria, que gostava muito do menino, com carinho respondeu:

— Carlinhos, todos temos que ser responsáveis pelas nossas ações. E seu pai estava apenas tentando ensinar-lhe responsabilidade, disciplina e respeito às coisas alheias.

— Maria, mas ele briga comigo o tempo todo! Para tomar banho, fazer a tarefa da escola, arrumar os brinquedos. Ufa! Estou cansado! Gostaria de ter outro pai. Olha Maria, acho que nem vou dar presente a ele nos Dia dos Pais.

— Ele faz isso por amor, Carlinhos. E não é verdade que seu pai chama sua atenção o tempo todo. Pense bem!

Carlinhos, já mais calmo, pensou um pouco e concordou.

Lembrou-se de todas as vezes que o pai o tinha levado para passear, pescar, tomar sorvete, andar de bicicleta, ao parque de diversões. Todas as vezes que o pai tinha chegado cansado do serviço, mas tinha se sentado para lhe ensinar os deveres da escola, que ele não conseguia fazer sozinho.

Mais ainda: lembrou-se das vezes que o pai tinha entrado na ponta dos pés em seu quarto para desejar-lhe boa-noite.

— Você tem razão, Maria. Meu pai se preocupa comigo.

E Maria, que era uma mulher muito sofrida, colocou a mão da cabeça dele, sentou-se a seu lado e disse:

— Vou lhe contar uma história, Carlinhos. Tem um rapaz que, desde pequeno, foi muito peralta, fazia coisas erradas, brigava com os vizinhos, não respeitava as pessoas, porém nunca teve alguém que o ensinasse. A mãe o amava muito e, como o menino já não tinha pai, ela não queria que ele sofresse. E assim, sempre desculpava tudo o que o filho fazia, cercando-o de cuidados e de atenções. Nunca acreditava nas professoras da escola e nem nas pessoas que vinham alertá-la sobre o péssimo comportamento do filho. Um dia, ele começou a roubar. No começo, eram pequenos furtos, depois passou a roubar coisas maiores, aparelhos de som, televisões, e até carros.

Carlinhos ouvia com os olhos arregalados de espanto:

— E depois? — perguntou interessado.

— Depois, acabou sendo preso. A mãe lamenta até hoje não ter dado a educação que ele precisava.

O menino estava impressionado.

— Você o conhece, Maria?

Com os olhos úmidos ela respondeu:

— Conheço sim, Carlinhos. Esse rapaz é meu filho.

Somente naquele momento o garoto percebeu que, embora Maria trabalhasse na sua casa desde que ele tinha nascido, nada sabia sobre a vida dela.

Maria parou de falar, enxugou os olhos no avental, e completou:

— Por isso, Carlinhos, agradeça a Deus todos os dias por ter um pai que se preocupa com você e que o ama muito. Se eu tivesse me preocupado em dar uma boa educação e orientações religiosas a meu filho, provavelmente hoje ele seria diferente.

Carlinhos, muito sério, lembrou:

— É por isso que o papai e a mamãe sempre dizem que o Evangelho de Jesus nos ajudará a sermos pessoas melhores.

— Isso mesmo, Carlinhos. Porém, na época, eu não sabia.

Voltando das compras, a mãe entrou em casa e Carlinhos correu ao seu encontro.

— Mamãe! Mamãe! Precisamos comprar o presente do papai!

— Calma, meu filho! Mas o que aconteceu para você estar assim tão ansioso?

— É que eu descobri que tenho um pai maravilhoso! O MELHOR PAI DO MUNDO!

Autoria: Célia Xavier Camargo – Imagem meramente ilustrativa – Fonte: Internet Google.