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domingo, 15 de agosto de 2021

O Susto

Rafael era um menino muito arteiro. Desses que não param um minuto.

Desde pequeno dava muito trabalho aos pais, que viviam tendo de protegê-lo a todo instante.

Assim mesmo, com todos os cuidados, Rafael completara oito anos e já tinha quebrado a perna duas vezes, trincado o osso do braço, cortara duas vezes a cabeça levando vários pontos. Isso sem contar as quedas, os arranhões, os galos e os sustos.

Ufa! Cuidar de Rafael não era tarefa fácil!

Sempre tinha alguém gritando:

— Cuidado, Rafael!

A mãezinha recomendava-lhe com carinho:

— Meu filho, não corra tanto!

— Olhe o buraco!

— Não atravesse a rua! Olhe o sinal fechado!

Mas, qual! Rafael, sempre apressado, não dava atenção.

Um dia, voltando da escola, Rafael viu um amigo do outro lado da rua e não deu outra. Correu para encontrá-lo. A mãe, que caminhava a seu lado, não conseguiu detê-lo. Só conseguiu gritar:

— Não, Rafael!... Olhe o carro!

Porém, não deu tempo. O veículo não conseguiu frear a tempo. O motorista, assustado ao ver que o garoto atravessava a rua correndo, ainda desviou o carro, jogando Rafael ao chão.

Foi aquela correria. Alguém chamou a ambulância, que levou o menino para o hospital.

Rafael permanecia desacordado. Batera a cabeça no asfalto e estava inconsciente.

Felizmente, não aconteceu nada de grave.

Enquanto isso, Rafael percebeu que estava num lugar diferente. Olhou em torno e achou tudo bonito.

Nesse momento aproximou-se um rapaz todo reluzente. Sério, olhou para Rafael e disse:

— Por pouco você não conseguiu retornar mais cedo.

— Eu? Retornar para onde?

— Para o mundo espiritual! Não é isso o que tem tentado sempre? — perguntou o moço.

O menino respondeu, apavorado:

— Não!... Não quero deixar minha família, a escola, meus amigos, meu corpo!

Sereno, o rapaz considerou:

— Então, tenha mais cuidado, Rafael. Cuide bem do seu corpo, proteja-o de perigos. Ele é um grande amigo que você tem e também seu maior tesouro nesta vida. Evite retornar mais cedo porque a responsabilidade será sua.

Nesse momento, Rafael acordou no hospital.

Logo viu as fisionomias preocupadas do pai e da mãe. Felizes por vê-lo acordado, eles choravam.

— Não chorem! — disse ele. — Prometo-lhes que, daqui por diante, terei mais cuidado.

E contou aos pais a conversa que tivera com o moço luminoso, e eles entenderam o que tinha acontecido com Rafael enquanto estava desacordado.

Era a resposta do Senhor às suas preces. Juntos, elevaram os pensamentos em oração, agradecendo a Deus.

A partir desse dia, Rafael transformou-se num outro menino.

Continuava a ser criança, brincava, jogava bola e se divertia como qualquer outro garoto da sua idade, porém agora tinha mais cuidado e respeito pelo seu corpo e pela sua vida.

Autoria: Célia Xavier Camargo – Imagem: Internet Google.
 

domingo, 1 de agosto de 2021

A Lição da Formiga

Na escola de Otávio organizava-se uma festa e os alunos, animados, ultimavam os preparativos. Alguns penduravam enormes cordões de bandeirinhas coloridas, outros faziam cartazes, outros varriam o chão, outros ainda limpavam as mesas e cadeiras.

Na cozinha, preparavam-se bolos e tortas, doces e salgados, para serem servidos durante a festa.

Trabalhavam com amor, enquanto conversavam e se divertiam.

Otávio era o único que não quisera colaborar em nada.

A professora, atenta e dedicada, solicitou-lhe várias vezes que ajudasse nesse ou naquele setor de serviço, mas ele recusava-se terminantemente a auxiliar no esforço de todos.

Certo momento, a professora ordenou-lhe, severa:

— Já que você se recusa a colaborar na organização de nossa festa, a exemplo dos demais, terá uma outra tarefa: deverá entregar-me amanhã, sem falta, uma redação sobre o tema: A Vida das Formigas.

— Mas professora, isso não é justo! — reclamou o garoto. — Só eu tenho que fazer esse trabalho?

— Engano seu, Otávio. Não é justo é você estar sem fazer nada enquanto seus colegas trabalham e se esforçam a benefício de todos.

Fez uma pausa e, vendo a indecisão de Otávio, completou:

— Pode começar já, caso contrário não conseguirá terminar até amanhã.

— Mas, como fazer isso? Não sei por onde começar! — retrucou o garoto.

— É simples. Observe as formigas no jardim!

Muito embaraçado, Otávio encaminhou-se para o jardim da escola. Suspirando, sentou-se no chão e pensou: Bolas! Onde é que vou encontrar formigas?

Nisso, viu uma formiguinha que passou apressada entre seus pés. Seguiu-a com o olhar e logo em seguida reparou em duas outras que seguiam apressadas, no mesmo sentido.

Curioso, levantou-se e acompanhou-as. Um pouco adiante, viu uma formiga que voltava carregando um pedaço de pão que, não obstante pequeno, era muitas vezes maior do que ela.

Sorriu, divertido, e, ao mesmo tempo, admirado: — Aonde será que ela vai levar aquele pedacinho de pão duro? — pensou.

Olhou em volta e, um pouco à frente, viu um grande pedaço de sanduíche que alguém jogara. Em torno dele, dezenas de formigas trabalhavam diligentes. Algumas cortavam em pedaços menores e outras os transportavam.

Quando o pedaço era ainda muito pesado para suas pequenas forças, uniam os esforços e carregavam juntas.

Seguindo o trajeto que faziam, Otávio percebeu que entravam num formigueiro, deixavam a carga e retornavam ao trabalho.

— Que interessante! — murmurou Otávio, impressionado com a cooperação e a união existente entre as pequenas operárias. — São tão pequenas e tão unidas e trabalhadeiras!

Nesse momento, lembrou-se da festa da escola e que só ele não estava colaborando. Levantou-se, envergonhado, procurou a professora pedindo que lhe desse uma tarefa.

Sorridente, a mestra perguntou:

— Muito bom! Mas o que fez você mudar de ideia, Otávio?

— As formigas que a senhora mandou que eu pesquisasse. Vivem unidas num sistema de cooperação fraterna e amiga. Se elas podem trabalhar, eu também posso.

Parou de falar, fitando a professora e disse:

— Só que, ajudando na festa, não terei muito tempo para preparar a redação. Preciso mesmo entregar amanhã cedo?

A mestra sorriu, satisfeita, e, colocando a mão sobre a cabeça do menino falou, com carinho:

— Não, Otávio. Não há necessidade de fazer a redação. Você já aprendeu sua lição

Autoria: Célia Xavier Camargo – Imagem: Internet Google.