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sábado, 15 de outubro de 2022

O Pequeno Órfão

Morando numa casa confortável, Ricardo era um menino que levava vida tranquila e segura. Uma família amorosa supria-lhe as necessidades, e ele frequentava uma boa escola onde tinha muitos amigos.

Ricardo, porém, não se contentava com o que Deus lhe concedera.

Estava sempre desejando algo mais e suspirando por tudo o que seus amigos tinham.

Sabem o que é isso? É um sentimento muito feio chamado: INVEJA.

Se os pais o presenteavam com um carrinho, ele reclamava com raiva:

— Não quero essa droga. Quero um carrinho de controle remoto, como o que o Dudu ganhou no aniversário!

— Mas, filhinho, é muito caro! — dizia a mãe, triste.

— Não me interessa. Quero, quero e quero! — gritava, batendo os pés.

Quando a mamãe carinhosa lhe comprava uma roupa, ele falava com desprezo:

— Que coisa horrível! Acha que vou usar “isso”? Essa roupa não vale nada!

— Quando a vi na loja achei bonita e lembrei-me de você, meu filho — justificava-se a mãe, pesarosa.

— Pois pode devolver. Não vou usar. Gosto de roupas caras e de lojas chiques. Na verdade, eu quero mesmo é uma calça “jeans” como a do Beto.

Na hora da refeição era o mesmo problema sempre. Ricardo reclamava de tudo:

— Legumes novamente?

— Sim, meu filho. Legumes fazem bem à saúde e são gostosos.

— Pois não como! — gritava o menino, empurrando o prato com grosseria. — Ainda se fosse um frango assado, como o que eu vi outro dia na casa do Adriano, eu comeria.

— Meu filho — respondia a mãe desgostosa — essas coisas são caras e a vida está difícil. Você sabe que nada nos falta, mas o papai trabalha muito para manter a casa. Devemos é agradecer a Deus por tudo o que possuímos e pela vida tranquila que temos.

O garoto balançava os ombros com desprezo e saía resmungando.

A mãe de Ricardo, em suas orações, sempre pedia a Deus que ajudasse seu filho, tão invejoso e egoísta, a ver a vida com outros olhos.

Certo dia, o garoto havia brigado com os pais; exigira a compra de uma bicicleta nova e, como eles se negaram, o menino saiu batendo a porta, chorando e reclamando:

— Ninguém gosta de mim! Ninguém me dá o que peço! Sou um infeliz abandonado. Tenho vontade de sumir de casa!

Ricardo chegou até uma praça e sentou-se num banco. Amuado, ali ficou, resolvido a não voltar logo para casa; queria dar um susto nos pais.

Após alguns minutos percebeu uma criança um pouco menor do que ele que, sentada no chão, parecia muito triste.

Aproximou-se sem saber por quê. Na verdade, nunca se interessara pelos problemas dos outros.

— Olá! — disse, a guisa de cumprimento.

O menino levantou a cabeça e Ricardo percebeu que chorava.

— Aconteceu alguma coisa? — perguntou sem muito interesse.

— É que me sinto muito sozinho. Não tenho ninguém que goste de mim. Sou órfão e vivo na rua — murmurou o garoto.

— Como assim? Não tem casa?

— Não. Quando meus pais morreram fui morar com uma tia. Mas ela me maltratava e obrigava-me a roubar, alegando que eu comia bastante e lhe dava muitas despesas. Depois de algum tempo, não aguentei mais; fugi de casa e, desde esse dia, durmo nos bancos das praças.

— E onde você come?

O garoto sorriu. Um sorriso triste e desconsolado.

— Normalmente, peço um prato de comida em alguma casa rica, mas nem sempre consigo. Então, reviro as latas de lixo à procura de algo para comer. Você não imagina quanta coisa boa a gente acha numa lata de lixo!

Ricardo, que nunca imaginara que existissem pessoas passando por tanta necessidade, estava surpreso e chocado.

— Quantos anos você tem? Como se chama?

— Tenho oito anos e me chamo Zezé. E você? Você também está triste! Também não tem ninguém?

— Tenho sim, Zezé — falou Ricardo com satisfação. — Tenho uma família maravilhosa e gostaria que você a conhecesse. Minha mãe é muito boa e faz uma comida simples, mas muito gostosa. Quer almoçar comigo?

Zezé aceitou com alegria. Desde o dia anterior não se alimentara e estava faminto.

Chegando ao seu lar, Ricardo apresentou o novo amigo e, em lágrimas, pediu desculpas pelo seu comportamento.

— Mamãe, eu compreendo agora que Deus foi muito bom dando-me uma casa boa e confortável e uma família amorosa que se preocupa comigo. Que mais posso desejar?

Muito contente com a mudança que se operara em seu filho, a mãe abraçou-o emocionada, dizendo-lhe com carinho:

— Que bom, meu filho, que você pense assim. Deus ouviu minhas preces e, se não somos ricos de dinheiro, somos ricos de amor, de paz, de alegria e de saúde. Não é verdade?

— É verdade, mamãe — concordou Ricardo, sorridente.

Zezé ficou por alguns dias naquele lar e, tão bem se adaptou ao ambiente da casa que, a pedido de Ricardo, que se afeiçoara muito a ele, foi adotado, passando a fazer parte da família, para alegria de todos.

Autoria: Célia Xavier Camargo – Imagem meramente ilustrativa – Fonte: Internet Google.
 

sábado, 1 de outubro de 2022

A Surpresa do Achado

Certa vez, um pequeno pastor caminhava pelos campos pastoreando suas ovelhas.

Já estava cansado e com fome quando, sobre o capim verde e em meio à vegetação, encontrou pequena bolsa de couro. Abriu e, qual não foi sua surpresa: ali estavam cinco lindas moedas de ouro brilhando no fundo da bolsa!

Ficou eufórico! Quanta coisa poderia fazer com esse dinheiro!

Pegando as rutilantes moedas na mão, ainda pensou que deveriam pertencer a alguém, e que esse alguém por certo estaria desesperado.

O desejo de ficar com as moedas, porém, falou mais alto e, acalmando a consciência, guardou o pequeno tesouro pensando, sem muito entusiasmo:

— Se por acaso encontrar a pessoa que perdeu as moedas, devolvo-as. Caso contrário, elas são minhas por direito, pois as encontrei.

E assim pensando, passou o resto do dia a fazer planos de como usaria o tesouro que tão inesperadamente lhe caíra nas mãos.

Ao cair da tarde, levou as ovelhinhas de volta para casa, resolvido a nada contar à sua mãe, com medo de que ela o fizesse devolver as moedas. Afinal, não existiam tantas casas assim nas imediações e, por certo, alguém do vale as perdera.

Ao chegar em casa ficou sabendo que seu pai precisara fazer uma viagem para fechar um negócio muito lucrativo.

Três dias depois seu pai voltou. Vinha desanimado e triste, todo sujo e coberto de poeira.

A mulher, preocupada, perguntou o que acontecera, e ele respondeu:

— Você não imagina o que me aconteceu! Após muito viajar cheguei ao meu destino. Quando fui fechar o negócio, porém, dei por falta do dinheiro que levara separado para pagar as ovelhas. Procurei por todo lado, revirei meus pertences, mas nada achei. Percebi, tarde demais, que a mochila que levara estava com um buraco no fundo e, por certo, deixara cair pelo caminho a bolsa com o dinheiro. Mas, como encontrar? Com certeza alguém já teria achado seu dinheiro e nunca mais veria aquele que representava as economias de muito trabalho e dedicação.

E o homem tristemente concluiu:

— Meus recursos terminaram e tive que recorrer à caridade pública. Não tinha onde me abrigar, nem o que comer. Graças a Deus, consegui chegar até aqui em casa depois de muito sofrimento. Embora tenha perdido tudo o que possuía, tenho vocês que são o meu tesouro.

Assim dizendo, abraçou o filho e a esposa, emocionado até às lágrimas.

O jovem, lembrando-se do tesouro que possuía ficou contente. Afinal, poderia fazer algo pelo seu querido pai.

Correu até seu quarto e voltou com a pequena bolsa de couro contendo as cinco moedas e, com sorriso feliz, entregou-a ao pai, dizendo-lhe:

— Pegue, meu pai. É tudo seu!

O pobre homem ao ver a bolsa reconheceu-a e perguntou surpreso:

— Onde foi que a encontrou, meu filho?

— Em meio à vegetação, quando pastoreava as ovelhas.

— É verdade! Eu quis ganhar tempo e cortei caminho pelo campo, saindo da estrada. Oh, meu filho! Graças a Deus, você a encontrou. O Senhor é muito bom! Mas, como soube que era minha?

De olhos arregalados o rapaz respondeu:

— Não sabia, papai. Nunca poderia supor que lhe pertencesse. Julguei que fosse de outra pessoa!

O pai ficou sério repentinamente e, segurando-o pelo braço, inquiriu:

— O que fez, meu filho? Encontrou este tesouro que alguém perdera e ficou com ele, quando não lhe pertencia? Como fui eu que perdi, poderia ser qualquer outra pessoa aqui do vale. Não pensou no desespero que, por certo, atingiria o dono das moedas e na falta que elas lhe fariam?

— Não, papai. Não pensei em nada disso. Desculpe-me. Somente agora começo a perceber como fui egoísta e ambicioso.

O pequeno pastor, arrependido, abaixou a cabeça, enquanto as lágrimas corriam pelo seu rosto.

— Perdoe-me, papai. Sei que agi errado e agora compreendo a enormidade da minha falta.

O pai afagou a cabeça do filho, dizendo:

— Meu filho, nós temos que respeitar o que é dos outros, para que os outros também respeitem o que nos pertence. Jesus, nosso Mestre, ensinou que seríamos responsáveis por todos os nossos atos e que deveríamos fazer ao próximo o que gostaríamos que ele nos fizesse. Agora pense: Se você tivesse perdido as moedas, o que gostaria que lhe fizessem?

— Ficaria muito feliz se quem as achou me devolvesse a bolsa, com as moedas, claro!

— Então, meu filho, assim também deve fazer para com os outros.

O pequeno pastor agradeceu a lição recebida e prometeu a si mesmo que nunca mais seria egoísta e ambicioso.

Autoria: Célia Xavier Camargo – Imagem meramente ilustrativa - Fonte: Internet Google.