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segunda-feira, 15 de agosto de 2022

O Balão Colorido

Janjão era um menino que possuía um bom coração, mas era muito desobediente.

Sua mãe vivia a lhe dar conselhos, dizendo-lhe:

–Janjão, não mexa com fogo, pois você pode se queimar!

–Janjão, desça desse muro, você pode cair e se machucar!

–Janjão, cuidado com essa faca, meu filho. Ela é muito perigosa!

Mas, qual nada. Janjão continuava o que estava fazendo, fingindo não ouvir as recomendações de sua mãezinha.

Certo dia, Janjão e Pedrinho, seu melhor amigo, estavam entediados. Já haviam brincado de esconde-esconde, jogado bolas de gude, pega-pega, etc., e não sabiam mais o que fazer.

Janjão teve uma ideia luminosa:

– Já sei! Vamos fazer um balão!

– Um balão? – repetiu Pedrinho, surpreso. – Mas não é perigoso?

– Sim, um balão. E não é perigoso não, seu medroso. Vá comprar o papel e a cola.

— Eu? Por que eu? A ideia foi sua! – reagiu Pedrinho.

— Está bem. Então eu vou.

Trabalharam a tarde toda num quartinho que existia no fundo da casa de Pedrinho. Sabiam que a mãe dele estaria ocupada trabalhando e não perceberia.

Depois de pronto, aguardaram com muita ansiedade o anoitecer. Afinal, para ter graça, balão tem que ser solto à noite.

Acenderam o balão e ficaram torcendo para ver se ele ia subir.

O balão foi enchendo... enchendo... enchendo até que lentamente começou a subir.

Os garotos não continham a animação e a alegria. Em pouco tempo, o lindo balão colorido foi subindo... subindo... subindo para o céu, cada vez mais alto. Logo, tornou-se apenas um ponto luminoso como se fosse outra estrela do firmamento. Depois, escondeu-se atrás de umas grandes árvores e os garotos o perderam de vista.

Do balão colorido só ficou mesmo a lembrança. Ainda conversaram mais um pouco relembrando, emocionados, a linda subida do balão.

Janjão, lembrando-se de que já era tarde e seus pais deveriam estar preocupados, despediu-se e foi embora.

Morava num sítio e precisava andar um pouco pelo campo para chegar até a sua casa. De longe, avistou um imenso clarão que iluminava o céu, afugentando a escuridão. Apertou o passo e logo percebeu que o fogo vinha de sua casa.

Ao aproximar-se, viu as chamas lambendo as paredes de sua casa, os móveis no terreiro, pessoas que corriam com baldes d’água, tentando conter o fogo. Seu pai, preocupado, andando de um lado para o outro, sua mãe e sua irmã chorando. Aflito perguntou:

– Que aconteceu, papai?

– Ah! Meu filho! Graças a Deus você está bem. Estávamos preocupados sem saber onde você estava. Pensávamos até que poderia estar dentro da casa em chamas. Alguém andou soltando balões e, quando percebemos, o fogo já se alastrara e tomara conta de tudo, como você vê. Com a ajuda de amigos conseguimos ainda salvar alguma coisa, com a graça de Deus.

O garoto, já arrependido, e percebendo o ato que praticara, começou a soluçar:

– Perdoe-me papai. A culpa é toda minha. Fui eu que soltei o balão, mas nunca poderia imaginar que causaria tantos danos.

O pai suspirou, compreendendo o sofrimento do filho, enquanto lhe disse, severo:

– Está vendo, meu filho? Por ser desobediente, quanto mal você causou? Graças a Deus, os prejuízos são materiais apenas, e, embora sejamos pobres, conseguiremos vencer e recuperar o prejuízo que tivemos. Mas, e se alguém tivesse perdido a vida?

Janjão chorava sentidamente.

– Perdoe-me, papai. Agora eu compreendo o mal que causei e que, quando mamãe fala que é perigoso, é porque ela está vendo o que pode acontecer.

O pai abraçou o filho e desse dia em diante Janjão tornou-se um garoto diferente, mais responsável, e até começou a trabalhar para ajudar seu pai a cobrir os danos que involuntariamente causara.

Autoria: Célia Xavier Camargo

Imagem meramente ilustrativa – Fonte: Internet Google.
 

segunda-feira, 1 de agosto de 2022

O Presente

Beto, menino de nove anos, muito pobre, certo dia ganhou um lindo e apetitoso pedaço de bolo.

Com os olhos brilhantes, pegou o bolo com as mãos, aspirando, com satisfação, o cheiro bom que se desprendia dele, e abriu a boca preparando-se para dar-lhe uma mordida.

Nesse exato momento, porém, parou, lembrando-se que seu irmão menor, Renato, de sete anos, gostava muito de bolo e que há muito tempo não comia um pedaço.

Com um suspiro, embrulhou o pedaço de bolo e disse:

— Já sei! Vou dá-lo de presente ao Renato. Meu irmãozinho vai adorar!

Mais tarde Beto entregou o pequeno embrulho ao irmão que, abrindo-o, não conteve a alegria:

— Que bom! Gosto muito de bolo. Obrigado, Beto.

Mas quando ia morder o pedaço de bolo, Renato lembrou-se de sua irmã Rosa, de quem ele gostava muito, e falou:

— Ah! Beto, se você não se incomodar, gostaria de presentear a mana Rosa com este pedaço de bolo. Ela tem sido tão boa, leva-me para a escola, ajuda-me com os deveres de casa e convida-me para passear.

Beto concordou e ambos levaram o presente para a irmã.

Abrindo o embrulho, Rosa sentiu água na boca. Quando ia dar a primeira mordida, porém, lembrou-se do irmão mais velho, Geraldo, e afirmou:

— Desde que papai desencarnou, nossa situação tem sido muito difícil e Geraldo tem trabalhado bastante para ajudar na manutenção da casa. Acho que ele merece este pedaço de bolo por tudo o que tem feito por nós.

Os outros concordaram e, como estava na hora de Geraldo chegar do trabalho, ficaram aguardando-o no portão, ansiosamente.

Mal o avistaram, os três irmãos correram ao seu encontro. Rosa entregou-lhe o embrulho.

Geraldo abriu e sorriu, feliz. Estava cansado e com fome. Trabalhara o dia todo e quase não se alimentara, e esse pedaço de bolo era muito bem-vindo.

Lembrou-se, porém, da mãe, que vivia exausta de tanto trabalhar e que os amava tanto. Fitou os irmãos e disse:

— Meus queridos irmãos. Agradeço-lhes a dádiva que me fazem, mas acredito que a mamãe merece este bolo mais do que eu. Sempre se sacrificou por todos nós e é justo que ganhe este presente.

Os irmãos foram unânimes em concordar.

Entraram em casa e dirigiram-se à cozinha, onde a mãe preparava a humilde refeição da tarde. Geraldo, rodeado pelos irmãos, explicou o que estava acontecendo e entregou o bolo à mãe.

Com os olhos rasos de lágrimas, a mãezinha fitou os filhos e falou, sensibilizada:

— Beto, Renato, Rosa e Geraldo. Estou muito satisfeita com todos. Vocês demonstraram hoje que somos realmente uma família, que nos amamos muito e que pensam uns nos outros com esquecimento de si mesmos. Vocês aprenderam a lição de Jesus que manda fazer aos outros aquilo que gostaríamos que nos fosse feito. Estou muito feliz e o papai, onde estiver, com certeza também estará bastante satisfeito.

Os filhos estavam muito emocionados, e a mãe sorriu com carinho, propondo:

— E agora, vamos jantar. Depois, repartiremos fraternalmente este lindo bolo e cada um comerá um pedacinho.

Autoria: Célia Xavier Camargo – Imagem meramente ilustrativa - Fonte: Internet Google.