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sábado, 30 de julho de 2011

REBELDIA

O pequeno rebelde amava a Mãezinha viúva com entranhado amor; entretanto, iludido pela indisciplina, dava ouvido aos conselhos perversos.


Estimava a leitura de episódios sensacionais, em que homens revoltados formam quadrilhas de malfeitores, nas cidades grandes, e a qualquer página edificante, preferia o folhetim com aventuras desagradáveis ou criminosas. Engolfou-se em tantas histórias de gente má que, embora a palavra materna o convidasse ao trabalho digno, trazia sempre respostas negativas e rudes na ponta da língua.


- Filho – exclamava a senhora paciente -, o homem de bem acomoda-se no serviço.


- Eu não! – replicava, zombeteiro.


- Vamos à oficina. O chefe prometeu ceder-te um lugar.


- Não vou! Não vou!...


- Mas já deixas-te a escola, meu filho. É tempo de crescer e progredir nos deveres bem cumpridos.


- Não fui à escola, a fim de escravizar-me. Tenho inteligência. Ganharei com menor esforço.


E enquanto a genitora costurava, até tarde, de modo a manter a modesta casa, o filho, já rapaz, vivia habitualmente na rua movimentada. Tomava alcoólicos em excesso e entregava-se a companhias perigosas que, pouco a pouco, lhe degradaram o caráter.


Chegava à casa, embriagado, altas horas da noite, muita vez conduzido por guardas policiais.


Vinha a devotada Mãe com o socorro de todos os instantes e rogava-lhe, no outro dia:


- Filho, trabalhemos dignamente. Todo o tempo é adequado à retificação dos nossos erros.


Atrevido e ingrato, resmungava:


- A senhora não me entende. Cale-se. Só me fala em dever, dever, dever...


A pobre costureira pedia-lhe calma, juízo e chorava, depois, em preces.


Avançando no vício, o rapaz começou a roubar às escondidas. Assaltava instituições comerciais, onde sabia fácil o acesso ao dinheiro; e quando a Mãezinha, adivinhando-lhe as faltas, tentou aconselhá-lo, gritou:


- Mãe, não preciso de suas observações! Deixá-la-ei em paz e voltarei, mais tarde, com grande fortuna. Dar-lhe-ei casa, roupa e bem-estar com fartura. A senhora tem o pensamento preso a obrigações porque, desde cedo, vem atravessando vida miserável.


Assim dizendo, fugiu para a via pública e não regressou ao lar.


Ninguém mais soube dele. Ausentara-se, definitivamente, em direção a importante metrópole, alimentando o propósito de furtar recursos alheios, de maneira a voltar muito rico ao convívio maternal.


Passou o tempo.


UM, dois, três, quatro, cinco anos...


A Mãezinha, contudo, não perdeu a esperança de reencontrá-lo.


Certo dia, a imprensa estampou nos jornais o retrato de um ladrão que se tornava famoso pela audácia e inteligência.


A costureira reconheceu nele o filho e tocou para a cidade que o abrigava.


A polícia não lhe conhecia o endereço e, porque fosse difícil localizá-lo rapidamente, a senhora tomou quarto num hotel, a fim de esperar.


Na terceira noite em que aí se encontrava, notou que um homem embuçado lhe penetrava o aposento às escuras. Aproximou-se apressado para surrupiar-lhe a bolsa. Ela tossiu e ia gritar por socorro, quando o ladrão, temendo as conseqüências, lhe agarrou a garganta e estrangulou-a.


Nos estertores da morte, a costureira reconheceu a presença do filho e murmurou, debilmente:


- Meu... Meu... Filho...


Alucinado, o rapaz fez luz, identificou a Mãezinha já morta e caiu de joelhos, gritando de dor selvagem.


A desobediência conduzira-o, progressivamente, ao crime a à loucura.


Livro: Alvorada Cristã – Médium: Chico Xavier – Espírito: Néio Lúcio.
Fonte da imagem: Internet

sábado, 23 de julho de 2011

O MAIOR RECADO


Um sacerdote sábio, desejando ensinar o caminho do Céu aos crentes que confiavam nele, rogou a Jesus, depois de longas meditações e sacrifícios, lhe fosse revelado qual o maior impedimento contra a iluminação espiritual.


Com efeito, de mente limpa, dormiu e sonhou que era conduzido à Porta Celestial.


Nimbado de esplendor, um anjo recebeu-o, benevolente.


- Mensageiro de Deus! — clamou o sacerdote — venho rogar a verdade para as ovelhas humanas que me seguem...


- Que pretendes saber? — indagou a entidade angélica.


- Peço esclarecimento sobre o maior obstáculo para a alma, na marcha para Deus. Sei que temos sete pecados mortais que aniquilam em nós a graça divina, na ascensão para o Alto. Sob a influência de semelhantes monstros, rola o espírito no despenhadeiro infernal. Entretanto, desejaria explicações mais claras, quanto ao problema do mal, porque nossas faltas variam ao infinito.


O anjo sorriu e considerou:


- A solução é simples. Quais são os pecados a que te referes?


O ministro da fé movimentou os dedos e respondeu:


- Soberba, avareza, luxúria, ira, gula, inveja e preguiça. Deles nascem as demais imperfeições.


O mensageiro, contudo, acrescentou:


- No fundo, porém, podemos reduzi-los à unidade. Todos os pecados, inclusive os mortais, procedem de uma fonte única.


O sacerdote, curioso, suplicou:


- Oh! anjo amigo, aclara-me o entendimento! Há muitos aprendizes, na Terra, aguardando-me a palavra!...


O emissário da Esfera Superior, sem qualquer presunção de superioridade, passou a elucidar:


- Escuta e atende!


Se o soberbo trabalhasse para o bem de todos, não encontraria ensejo de cultivar o orgulho e a vaidade que o levam a acreditar-se ponto central do universo.


Se o avarento conhecesse a vantagem do suor, na felicidade dos semelhantes, não se entregaria à volúpia da posse que o obriga a acumular dinheiro inutilmente.


Se o homem inclinado à tentação dos prazeres fáceis aprendesse a despender as próprias forças em favor da elevação coletiva, não disporia de ocasião para prender-se às paixões aniquiladoras que o arrastam ao crime.


Se as pessoas facilmente irascíveis estivessem dispostas a servir de acordo com os desígnios divinos, não envenenariam a própria saúde com remorsos e angústias injustificáveis.


Se o guloso vivesse atento à tarefa construtiva que lhe cabe no mundo, não se escravizaria aos apetites devastadores que lhe arruínam o corpo e a alma.


E se o invejoso utilizasse a existência, no trabalho digno, não gastaria tempo acompanhando maliciosamente as iniciativas do próximo, complicando o próprio destino...


Como vê, o maior dos pecados, a causa primordial de todos os males, é a preguiça.


Dá trabalho edificante às tuas ovelhas e convence-te de que, na posse do serviço, não se afastarão do caminho justo.


O sacerdote não mais teve o que perguntar.


Despertou, edificado, e, do dia seguinte em diante, o povo reparou que o ministro modificara as pregações.


Livro: Alvorada Cristã – Médium: Chico Xavier – Espírito: Néio Lúcio.
Fonte da imagem: Internet

sábado, 16 de julho de 2011

NA DIREÇÃO DO BEM


O senhor tudo criou na direção do bem.


Todas as criaturas, por isto, são chamadas a produzir proveitosamente.


A erva tenra sustenta os animais.


A fonte oculta socorre o inseto humilde.


A árvore é abençoada companheira dos homens.


A flor produzirá fruto.


O fruto dar-nos-á mesa farta.


O rio distribui as águas.


A chuva lava o céu e sacia a terra sedenta.


A pedra faz o alicerce de nossa casa.


A boa palavra revela o bom caminho.


Como desconhecer os santos propósitos da vida, se a natureza que a sustenta reflete os sábios desígnios da Providência?


Grande escola para o nosso espírito, a Terra é um livro gigantesco em que podemos ler a mensagem de amor universal que o Pai celeste nos envia.


Desde a gota de orvalho que alimenta o cacto espinhoso, à luz do sol que brilha no alto para todos os seres, podemos sentir o apelo da Infinita Sabedoria ao serviço de cooperação na felicidade, na paz e na alegria dos semelhantes.


Todo homem e toda mulher nascem no mundo para tarefas santificantes, segundo a Divina Lei.


Com alegria, o bom administrador governa os interesses do povo.


Com alegria, o bom lavrador ara o solo e protege a sementeira.


O homem que semeia no chão, garantindo a subsistência das criaturas, é irmão daquele que dirige o pensamento das nações para o conhecimento divino.


A mulher que recebe homenagens pelas suas virtudes públicas é irmã daquela que, na intimidade do lar, se sacrifica pela criancinha doente.


Deus conhece as pessoas pelo que produzem, assim como nós conhecemos as árvores pelos frutos que nos estendem.


Em razão disto, os homens bons são amados e respeitados.


A presença deles atrai o carinho e a veneração dos semelhantes. Os maus, todavia, são portadores de ações e palavras indesejáveis e toda gente lhes evita o convívio, tanto quanto nos afastamos das plantas espinhosas e ingratas.


O homem bom compreende que a vida lhe pede a bênção do serviço e levanta-se cada manhã, pensando: “Que belo dia para trabalhar”.


O mau, porém, ergue-se de mau humor. Não sabe sorrir para os que o cercam e costuma exclamar: “Dia terrível! Que destino cruel! Detesto o trabalho e odeio a vida!”.


Um homem, qual esse, precisa de auxílio dos homens bons, porque em não se dedicando ao serviço digno será realmente muito infeliz.


Livro: Alvorada Cristã – Médium: Chico Xavier – Espírito: Néio Lúcio.
Fonte da imagem: Internet

sábado, 9 de julho de 2011

O JUIZ RETO


Ao tribunal de Eliaquim bem Jefté, juiz respeitável e sábio, compareceu o negociante Jonatan bem Cafar arrastando Zorobabel, miserável mendigo.


-Este homem – clamou o comerciante, furioso – impingiu-me um logro de vastas proporções! Vendeu-me um colar de pérolas falsas, por cinco peças de ouro, asseverando que valiam cinco mil. Comprei as jóias, crendo haver realizado excelente negócio, descobrindo, afinal, que o preço delas é inferior a dois ovos cozidos. Reclamei diretamente contra o mistificador, mas este vagabundo já me gastou o rico dinheiro. Exijo para ele as penas da justiça! É ladrão reles e condenável!...


O magistrado, porém, que cultuava a Justiça Suprema, recomendou que o acusado se pronunciasse por sua vez:


-Grande juiz – disse ele, timidamente -, reconheço haver transgredido os regulamentos que nos regem. Entretanto, tenho meus dois filhos estirados na cama e debalde procuro trabalho digno, pois mo recusam sempre, a pretexto de minha idade e de minha pobre apresentação. Realmente, enganei o meu próximo e sou criminoso, mas prometo resgatar meu débito logo que puder.


O juiz meditou longamente e sentenciou:


-Para Zorobabel, o mendigo, cinco bastonadas entre quatro paredes, a fim de que aprenda a sofrer honestamente, sem assalto á bolsa dos semelhantes, e, para Jonatan, o mercador, vinte bastonadas, na praça pública, de modo a não mais abusar dos humildes.


O negociante protestou, revoltado:


-Que ouço?! Sou vítima de um ladrão e devo pagar por faltas que não cometi? Iniqüidade! Iniqüidade!...


O magistrado, todavia, bateu forte com um martelo sobre a mesa, chamando a atenção dos presentes, e esclareceu em voz alta:


-Jonatan bem Cafar, a justiça verdadeira não reside na Terra para examinar as aparências. Zorobabel, o vagabundo, chefe de uma família infeliz, furtou-te cinco peças de ouro, no propósito de socorrer os filhos desventurados, porém, tu, por tua vez, tentaste roubar dele, valendo-te do infortúnio que o persegue, apoderando-te de um objeto que acreditaste valer cinco mil peças de ouro ao preço irrisório de cinco. Quem é mais nocivo à sociedade, perante Deus: o mísero esfomeado que rouba um pão, a fim de matar a fome dos filhos, ou o homem já atendido pela Bondade do Eterno, com os dons da fortuna e da habilidade, que absorve para si uma padaria inteira, a fim de abusar, calculadamente, da alheia inteligência? Quem furta por necessidade pode ser um louco, mas quem acumula riquezas, indefinidamente, sem movimenta-las no trabalho construtivo ou na prática do bem, com absoluta despreocupação pelas angústias dos pobres, muita vez passará por inteligente e sagaz, aos olhos daqueles que, no mundo, adormeceram no egoísmo e na ambição desmedida, mas é malfeitor diante do Todo Poderoso que nos julgará a todos, no momento oportuno.


E, sob a vigilância de guardas robustos, Zorobabel tomou cinco bastonadas em sala de portas lacradas, para aprender a sofrer sem roubar, e Jonatan apanhou vinte, na via pública, de modo a não mais explorar, sem escrúpulos, a miséria, a simplicidade e a confiança do povo.


Livro: Alvorada Cristã – Médium: Chico Xavier – Espírito: Néio Lúcio.