ESTE É UM BLOG DE ARQUIVO

ESTE BLOG É UM ARQUIVO DE ESTÓRIAS E CONTOS DO BLOG CARLOS ESPÍRITA - Visite: http://carlosespirita.blogspot.com/ Todo conteúdo deste blog é publico. Copie, imprima ou poste textos e imagens daqui em outros blogs. Vamos divulgar o Espiritismo.

sábado, 15 de abril de 2017

A LIÇÃO DO JABUTI

A águia abriu as grandes asas e ergueu voo. E viu na Floresta Maravilhosa vários porquinhos brincando de rolar pela grama.

"Onde estará a mãe deles?" - pensou ela.

E, como não visse Dona Porca pelas redondezas, voou com rapidez em direção aos porquinhos e... zás! Levou um para o seu ninho na Montanha Azul.

- Pare de chorar, disse a águia. Não vou lhe fazer mal. Eu vivo sozinha e você será tratado como se fosse um filhote meu.

Mas o porquinho continuava a chorar, cada vez mais alto, chamando pela verdadeira mãe.

- Já lhe disse para não chorar nem gritar. Não quero ficar irritada e castigar você.

Enquanto isso, lá em baixo, Dona Porca e seus filhinhos continuavam desesperados com o que acontecera. Foi quando vários animais, ouvindo lamentações, aproximaram-se, perguntando o que houve.

- A águia levou para o pico da montanha um de meus filhinhos!

Ajudem-me! Por favor, ajudem-me! Quero meu filhinho mais novo de volta!

Os animais entreolharam-se...

- Eu gostaria de ajudá-la, disse o tamanduá. Mas não posso, não tenho forças para subir a montanha, que é muito alta!

- E o senhor Quati?

- Eu?

- Sim, pode me ajudar?

O Quati sacudiu a cabeça, negativamente.

- Ah, não posso... Tenho medo de dona Águia!

Nesse momento, aproximou-se devagarzinho o jabuti conhecido pelo apelido de "Capacete", devido à sua casca. E foi logo dizendo:

- Se a dona Porca quiser, estou aqui para ajudá-la.

Os animais deram uma gargalhada.

- Ajudar com essas pernas curtinhas e esse corpo pesado? Exclamou o tamanduá rindo.

- Você não conseguirá com essas perninhas e com esse peso chegar ao pico da montanha! É melhor desistir, acrescentou o quati, achando, também graça.

O jabuti, muito sério, respondeu:

- Deus ajuda quem tem boa vontade. Eu sou pesado e tenho as pernas curtas, é verdade. Mas com minha vontade hei de trazer de volta o filhinho de dona Porca.

E começou lentamente a subir a montanha. Gastou muito tempo para chegar ao alto. A águia, felizmente, fora buscar alimentos, longe... O porquinho, ao ver o jabuti, saiu do ninho e correu ao seu encontro.

- Graças a Deus alguém veio me salvar! Rezei tanto para isso! Como está minha mãezinha?

- Sua mãe e seus irmãos estão bem, respondeu o jabuti, respirando com dificuldade. Eu é que não estou... Deixe-me respirar um pouco... Pronto! Agora sim, estou ótimo!

- Como fugir daqui? Não sei o caminho de volta e você, Capacete, não consegue correr. A águia nos pegará... Ela vai voltar de um momento para o outro!

- Tenha fé em Deus e encontraremos uma solução.

- Olhe! Exclamou de repente o porquinho, arregalando os olhos. Veja aquela nuvem negra... É a águia! Ela chegará dentro de pouco tempo! O que fazer?

- Orar meu amiguinho. A prece remove montanhas! E nós estamos em uma montanha... Oremos já!

E começaram a orar o Pai Nosso. Após a prece, ambos viram aparecer o espírito luminoso do pai do jabuti, que disse:

- Ouvi o pedido de socorro e vou ajudá-los. Ao pé desta montanha existe um grande lago de águas azuis.

Vocês devem mergulhar nele.

- Eu sei nadar muito bem. Foi o senhor que me ensinou! Respondeu o jabuti.

- Depressa meu filho. Faça o que eu disse! A águia já está chegando. Mergulhe no lago com seu amiguinho... Coragem!

O jabuti pediu que o porquinho se agarrasse firme em seu casco.

- Segure com mais força. Assim!

E ambos se atiraram no lago... Tibum! Exatamente quando a águia pousava no ninho.

Dona porca, quando viu o filhinho chegar carregado pelo jabuti, correu ao seu encontro, chorando de alegria.

O jabuti, humilde, olhava os dois.

- Deus lhe pague pelo que fez! Disse dona Porca. Realizou uma façanha que muitos animais grandes e ligeiros não seriam capazes!

Como conseguiu?

- Com a minha fé! Respondeu o jabuti.

E, lentamente, afastou- se, enquanto pensava:

- Eu nada sou, mas, estando com Deus, que pode o mundo contra mim?


Livro "O Besouro Casca Dura" – Fonte da imagem: Internet Google.

sábado, 1 de abril de 2017

A LIÇÃO DO CARVALHO

Era um velho carvalho no meio de uma grande floresta. Há alguns anos, uma enorme tempestade o deixara quebrado e feio. Jamais conseguira se reerguer, como as demais árvores.

Quando a primavera chegava, o adornava de flores novas e verdes e o outono tomava o cuidado de pintá-las todas de cor avermelhada.

Mas os ventos inclementes sopravam e levavam todas as folhas e nada mais podia disfarçar a sua feiura.

A árvore foi se sentindo esquecida, abandonada, sem utilidade. E um enorme vazio tomou conta dela.

Quando o vento do outono passou por ali, ela se lamentou: "ninguém mais me quer. Não sirvo para nada. Sou um velho inútil".

Mais alguns dias se passaram e, na proximidade do inverno, um pica-pau sentou-se em seu tronco e começou a bicá-lo, de forma insistente.

Tanto bicou que conseguiu fazer um pequeno furo, uma portinha de entrada para sua residência de inverno, no tronco oco do carvalho.

Arrumou tudo com muito bom gosto. Aliás, estava praticamente tudo arrumado. As paredes eram quentinhas, aconchegantes e havia muitos bichinhos que poderiam alimentá-lo e aos seus filhotes.

– Como estou feliz em ter encontrado esta árvore oca! Ela será a salvação para mim e minha família no frio que se aproxima.

Pouco tempo depois, um esquilo aproximou-se e ficou correndo pelo tronco envelhecido, até achar um buraco redondo, que seria a janelinha da sua casa.

Forrou por dentro com musgo e arrumou pilhas e pilhas de nozes que o deveriam alimentar durante toda a estação de ventos gelados.

– Como estou agradecido, falou o esquilo, por ter encontrado esta árvore oca.

O carvalho passou a sentir umas coisas estranhas. As asas dos passarinhos roçando em sua intimidade, o coração alegre do esquilo, suas patas miúdas apalpando o tronco diariamente fizeram com que a árvore se sentisse feliz.

Seus ramos passaram a cantar felicidade. Quando chegou a época das chuvas, deixou-se molhar, permitindo que as gotas escorressem por seus galhos, lentamente. Aceitou a neve que a envolveu em seu manto por muitas semanas, agradeceu os raios do sol e a luz das estrelas.

Tudo era motivo de felicidade. A velha árvore redescobrira a alegria de servir.

***

Ninguém há que nada possua para dar. Ninguém existe que não possa fazer algo a benefício do seu irmão. Um sorriso, uma prece, um gesto, um abraço, um agasalho, um pão.

Há tanto que se fazer na terra. Existem tantos aguardando a cota do nosso gesto de ternura. Ninguém é inútil ou desprezível. Cabe- nos redescobrir a riqueza que em nós existe e distribui-la a quem dela necessite ou espere.

Se nos sentirmos solitários, em meio às dificuldades que nos alcancem, aprendamos a estender sorrisos nos caminhos por onde passarmos.

Antes de nos amargurarmos e cobrar gestos de carinho de amigos e parentes, antecipemo-nos e doemos a nossa cota de amor, ainda hoje, permitindo-nos usufruir a alegria de dar e dar-se.


Fonte: O Livro das Virtudes II – Fonte da imagem: Internet Google.