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sábado, 24 de dezembro de 2011

O PROBLEMA DIFÍCIL


Entre os comentários da noite, um dos companheiros mostrou-se interessado em conhecer a questão mais difícil de resolver, nos serviços referentes à procura da Luz Divina.


Em que setor da luta espiritual se colocaria o mais complicado problema? Depois de assinalar variadas considerações, ao redor do assunto, o Mestre fixou no semblante uma atitude profundamente compreensiva e contou: — Um grande sábio possuía três filhos jovens, inteligentes e consagrados à sabedoria.


Em certa manhã, eles altercavam a propósito do obstáculo mais difícil de vencer no grande caminho da vida.


No auge da discussão, prevendo talvez conseqüências desagradáveis, o genitor benevolente chamou-os a si e confiou-lhes curiosa tarefa.


Iriam os três ao palácio do príncipe governante, conduzindo algumas dádivas que muito lhes honraria o espírito de cordialidade e gentileza.


O primeiro seria o portador de rico vaso de argila preciosa.


O segundo levaria uma corça rara.


O terceiro transportaria um bolo primoroso da família.


O trio fraterno recebeu a missão com entusiástica promessa de serviço para a pequena viagem de três milhas; no entanto, a meio do caminho, principiaram a discutir.


O depositário do vaso não concordou com a maneira pela qual o irmão puxava a corça delicada, e o responsável pelo animal dava instruções ao carregador do bolo, a fim de que não tropeçasse, perdendo o manjar; este último aconselhava o portador do vaso valioso, para que não caísse.


O pequeno séquito seguia, estrada afora, dificilmente, porquanto cada viajor permanecia atento a obrigações que diziam respeito aos outros, através de observações acaloradas e incessantes.


Em dado momento, o irmão que conduzia o animalzinho olvida a própria tarefa, a fim de consertar a posição da peça de argila nos braços do companheiro, e o vaso, premido pelas inquietações de ambos, escorrega, de súbito, para espatifar-se no cascalho poeirento.


Com o choque, o distraído orientador da corça perde o governo do animal, que foge espantado, abrigando-se em floresta próxima.


O carregador do bolo avança para sustar-lhe a fuga, internando-se pelo mato a dentro, e o conteúdo de prateada bandeja se perde totalmente no chão.


Desapontados e irritadiços, os três rapazes tornam à presença paterna, apresentando cada qual a sua queixa e a sua derrota.


O sábio, porém, sorriu e explicou-lhes: — Aproveitem o ensinamento da estrada.


Se cada um de vocês estivesse vigilante na própria tarefa, não colheriam as sombras do fracasso.


O mais intrincado problema do mundo, meus filhos, é o de cada homem cuidar dos próprios negócios, sem intrometer-se nas atividades alheias.


Enquanto cogitamos de responsabilidades que competem aos outros, as nossas viverão esquecidas.


Jesus calou-se, pensativo, e uma prece de amor e reconhecimento completou a lição.


Livro: Jesus no Lar, lição 36 – Médium: Chico Xavier – Espírito: Néio Lúcio.
Fonte da imagem: Internet Google.

sábado, 17 de dezembro de 2011

A NECESSIDADE DE ENTENDIMENTO


Um dos companheiros trazia ao culto evangélico enorme expressão de abatimento.


Ante as indagações fraternas do Senhor, esclareceu que fora rudemente tratado na via pública.


Vários devedores, por ele convidados a pagamento, responderam com ingratidão e grosseria.


Não se internou o Cristo através da consolação individual, mas, exortando evidentemente todos os companheiros, narrou, benevolente:


— Um grande explicador dos textos de Job possuía singulares disposições para os serviços da compreensão e da bondade, e, talvez por isso, organizou uma escola em que pontificava com indiscutível sabedoria.


Amparando, certa ocasião, um aprendiz irrequieto que freqüentes vezes se lamuriava de maus tratos que recebia na praça pública, saiu pacientemente em companhia do discípulo, pelas ruas de Jerusalém, implorando esmolas para determinados serviços do Templo.


A maioria dos transeuntes dava ou negava, com indiferença, mas, numa esquina movimentada, um homem vigoroso respondeu-lhes à rogativa com aspereza e zombaria.


O mestre tomou o aprendiz pela mão e ambos o seguiram, cuidadosos.


Não andaram muito tempo e viram-no cair ao solo, ralado de dor violenta, provocando o socorro geral.


Verificaram, em breve, que o irmão irritado sofria de cólicas mortais.


Demandaram adiante, quando foram defrontados por um cavalheiro que nem se dignou responder-lhes à súplica, endereçando-lhes tão-somente um olhar rancoroso e duro.


Orientador e tutelado acompanharam-lhe os passos, e, quando a estranha personagem alcançou o domicílio que lhe era próprio, repararam que compacto grupo de pessoas chorosas o aguardava, grupo esse ao qual se uniu em copioso pranto, informando-se os dois de que o infeliz retinha no lar uma filha morta.


Prosseguiram esmolando na via pública e, a estreito passo, receberam fortes palavrões de um rapaz a quem se haviam dirigido.


Retraíram-se ambos, em expectativa, verificando, depois de meia hora de observação, que o mísero não passava de um louco.


Em seguida, ouviram atrevidas frases de um velho que lhes prometia prisão e pedradas; mas, decorridas algumas horas, souberam que o infortunado era simplesmente um negociante falido, que se convertera de senhor em escravo, em razão de débitos enormes.


Como o dia declinasse, o respeitável instrutor convocou o discípulo ao regresso e ponderou: — Guardaste a lição? Aceita a necessidade do entendimento por sagrado imperativo da vida.


Nunca mais te queixes daqueles que exibem expressões de revolta ou desespero nas ruas.


O primeiro que nos surgiu à frente era enfermo vulgar; o segundo guardava a morte em casa; o terceiro padecia loucura e o quarto experimentava a falência.


Na maioria dos casos, quem nos recebe de mau-humor permanece em estrada muito mais escura e mais espinhosa que a nossa.


E, completando o ensinamento, terminou o Senhor, diante dos companheiros espantados: — Quando encontrarmos os portadores da aflição, tenhamos piedade e auxiliemo-los na reconquista da paz íntima.


O touro retém os chifres, por não haver atingido, ainda, o dom das asas.


Reclamamos, comumente, contra a ovelha que nos perturba o repouso, balindo, atormentada; todavia, raramente nos lembramos de que o pobre animal vai seguindo, sob laço pesado, a caminho do matadouro.


Livro: Jesus no Lar, lição 35 – Médium: Chico Xavier – Espírito: Néio Lúcio.
Fonte da imagem: Internet Google.

sábado, 10 de dezembro de 2011

A SERVA ESCANDALIZADA


Ante as exclamações de Dalila, a esposa de Azor, o tecelão, quanto às maldades de alguns publicanos de mau nome que a haviam desrespeitado, em praça pública, justamente quando procurava praticar o bem, relatou Jesus, com simplicidade:


— Piedosa mulher, desejando ser mensageira do Reino Divino na Terra, bateu às portas do Paraíso, rogando trabalho.


Foi atendida, cuidadosamente, por um anjo que lhe recomendou visitasse uma taberna para salvar dois homens bons, desprevenidos, que se haviam deixado embriagar, dominados por insinuações insufladas por Espíritos das trevas.


No dia seguinte, porém, a enviada reapareceu, chorosa, explicando ao Ministro do Eterno que lhe não fora possível satisfazer-lhe à determinação, porque o recanto indicado jazia repleto de jogadores a trocarem palavras obscenas e cruéis.


O anjo, então, mandou-a a um esconderijo em floresta próxima, a fim de socorrer uma criança desamparada.


No outro dia, porém, a emissária regressou, alegando que não lhe fora exeqüível o trabalho porque a furna ocultava vários homens e mulheres seminus a lhe ferirem o pudor feminino.


O Administrador Celeste, sem desanimar, designou-a para auxiliar uma senhora agonizante, mas, decorridas poucas horas, a colaboradora voltou, ruborizada, ao ponto de origem, informando de que não pudera nem mesmo penetrar o quarto da enferma, porque na antecâmara o esposo da doente, palestrando com certa mulher de baixa procedência, projetava um assassínio para a noite próxima.


O prestimoso Ministro do Alto, embora com algum desapontamento, determinou-lhe o auxílio a dois homens dementes situados em extenso vale de imundos.


No dia imediato, a serva escandalizada retornava, célere, esclarecendo que não conseguira alcançar o objetivo, porquanto os loucos viviam impressionados com cenas de vida impura, a lhe causarem extrema repugnância.


O Preposto do Altíssimo, depois de ouvi-la com manifesta estranheza, pediu-lhe amparar uma jovem que se achava em perigo, mas, em breve, regressava a cooperadora sensitiva, exclamando que a criatura mencionada podia ser vista numa festa desregrada, em repulsiva condição moral.


E assim a candidata ao trabalho celeste atravessou a semana, inutilmente, cultivando a ineficiência, sob variados pretextos.


Todavia, procurando de novo o anjo para solicitar-lhe serviço, dele ouviu a exortação de que se fizera merecedora: — Minha irmã, continue, por enquanto, desenvolvendo o seu esforço nas vulgaridades da Terra.


— Oh! e por quê? — indagou, perplexa.


— Não mereço abeirar-me da vida mais alta? — Seus olhos estão cheios de malícia — elucidou o Ministro, tolerante —, e, para servir ao Senhor, o servo do bem retifica o escândalo, com amor e silêncio, sem se escandalizar.


Calou-se o Mestre por minutos longos; depois, concluiu sem afetação: — Quem se demora na contemplação do mal, não está em condições de fazer o bem.


Os circunstantes entreolharam-se, espantadiços, e a oração final do culto doméstico foi pronunciada, enquanto, lá fora, a Lua muito alva, desfazendo a treva noturna, simbolizava radioso convite do Céu ao sublime combate pela vitória da luz.


Livro: Jesus no Lar, lição 34 – Médium: Chico Xavier – Espírito: Néio Lúcio.
Fonte da imagem: Internet Google.

sábado, 3 de dezembro de 2011

O APELO DIVINO


Reunidos os componentes habituais do grupo doméstico, o Senhor, de olhos melancólicos e lúcidos, surpreendendo, talvez, alguma nota de oculta revolta no coração dos ouvintes, falou sublime: — Amados, quem procura o Sol do Reino Divino há de armar-se de amor para vencer na grande batalha da luz contra as trevas.


E para armazenar o amor no coração é indispensável ampliar as fontes da piedade.


Compadeçamo-nos dos príncipes; quem se eleva muito alto, sem apoio seguro, pode experimentar a queda em desfiladeiros tenebrosos.


Ajudemos aos escravos; quem se encontra nos espinheiros do vale pode perder-se na inconformação, antes de subir a montanha redentora.


Auxiliemos a criança; a erva tenra pode ser crestada, antes do sol do meio-dia.


Amparemos o velhinho; nem sempre a noite aparece abençoada de estrelas.


Estendamos mãos fraternas ao criminoso da estrada; o remorso é um vulcão devastador.


Ajudemos aquele que nos parece irrepreensível; há uma justiça infalível, acima dos círculos humanos, e nem sempre quem morre santificado aos olhos das criaturas surge santificado no Céu.


Amparemos quem ensina; os mestres são torturados pelas próprias lições que transmitem aos outros.


Socorramos aquele que aprende; o discípulo que estuda sem proveito, adquire pesada responsabilidade diante do Eterno.


Fortaleçamos quem é bom; na Terra, a ameaça do desânimo paira sobre todos.


Ajudemos o mau; o espírito endurecido pode fazer-se perverso.


Lembremo-nos dos aflitos, abraçando-os, fraternalmente; a dor, quando incompreendida, transforma-se em fogueira de angústia.


Auxiliemos as pessoas felizes; a tempestade costuma surpreender com a morte os viajores desavisados.


A saúde reclama cooperação para não arruinar-se.


A enfermidade precisa remédio para extinguir-se.


A administração pede socorro para não desmandar-se.


A obediência exige concurso amigo para subtrair-se ao desespero.


Enquanto o Reino do Senhor não brilhar no coração e na consciência das criaturas, a Terra será uma escola para os bons, um purgatório para os maus e um hospital doloroso para os doentes de toda sorte.


Sem a lâmpada acesa da compaixão fraternal, é impossível atender à Vontade Divina.


O primeiro passo da perfeição é o entendimento com o auxílio justo...


Interrompeu-se o Mestre, ante os companheiros emudecidos.


E porque os ouvintes se conservassem calados, de olhos marejados de pranto, Ele voltou à palavra, em prece, e suplicou ao Pai luz e socorro, paz e esclarecimento para ricos e pobres, senhores e escravos, sábios e ignorantes, bons e maus, grandes e pequenos...


Quando terminou a rogativa, as brisas do lago se agitaram harmoniosas e brandas, como se a Natureza as colocasse em movimento na direção do Céu para conduzirem a súplica de Jesus ao Trono do Pai, além das estrelas...


Livro Jesus no Lar, lição 33 - Médium: Chico Xavier – Espírito: Néio Lúcio.
Fonte da imagem: Internet Google