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terça-feira, 31 de julho de 2012

A CARIDADE MAIOR

Ao Homem que alcançara o Céu, pedindo orientação sobre as tarefas de benemerência social que pretendia estender na Terra, o Anjo da Caridade falou compassivo:

– Volta ao mundo e cumpre, de boa vontade, as obrigações que o destino te assinalou!...

Para que te sintas de pé, cada dia, milhões de vidas microscópicas esforçam-se em tua carne, garantindo-te a bem-estar...

Cada órgão e cada membro de teu corpo amparam-te, abnegadamente, para que te facas abençoado discípulo da civilização.

Os olhos identificam as imagens que já podes perceber, livrando-te da desordem interior.

Os ouvidos selecionam sons e vozes para que não vivas desorientado.

A língua auxilia-te a expressar os pensamentos, enriquecendo-te de sabedoria.

As mãos realizam-te os sonhos, engrandecendo-te o caminho na ciência e na arte, no progresso e na indústria.

Os pés sustentam-te a máquina física para que te não arrojes à inércia.

A boca mastiga os alimentos para que te não condenes à inação.

Os pulmões asseguram-te o ar puro contra a asfixia.

O estômago digere as pegas com que nutrirás próprio sangue.

O fígado gera forças vitais que te entretêm a harmonia orgânica.

O coração movimenta-se sem parar, escorando-te a existência.

Vives da caridade de inúmera vidas inferiores que te obedecem a mente.

Torna, pois, ao lugar em que o Senhor te situou e satisfaze as tarefas imediatas que o mundo te reserva!...

Caridade é servir sem descanso, ainda mesmo quando a enfermidade sem importância te convoque ao repouso;

é cooperar espontaneamente nas boas obras, sem aguardar o convite dos outros;

é não incomodar quem trabalha;

é aperfeiçoar-se alguém naquilo que faz para ser mais útil;

é suportar sem revolta a bílis do companheiro;

é auxiliar os parentes, sem reprovação;

é rejubilar-se com a prosperidade do próximo;

é resumir a conversação de duas horas em três ou quatro frases;

é não afligir quem nos acompanha;

é ensurdecer-se para a difamação;

é guardar o bom-humor, cancelando a queixa de qualquer procedência;

é respeitar cada pessoa e cada coisa na posição que lhes é própria...

E por que o Homem ensaiasse inoportunas indagações, o Anjo concluiu:

– Volta ao corpo e age incessantemente no bem!...

Não percas um minuto em descabidas inquirições. Conduze os problemas que te atormentam o espírito ao teu próprio trabalho e o teu próprio trabalho liquidá-los-á...

A experiência aclara o caminho de quantos lhe adquirem o tesouro de luz. Recolhe as crianças desvalidas, ampara os doentes, consola os infelizes e socorre os necessitados. Não olvides, pois, que a execução de teus deveres para com o próximo será sempre a tua caridade maior.

Livro: Cartas e Crônicas – Médium: Chico Xavier - Espírito Irmão X.
Fonte da imagem: Internet Google.

sábado, 14 de julho de 2012

PERU PREGADOR

Um belo peru, após conviver largo tempo na intimidade duma família que dispunha de vastos conhecimentos evangélicos, aprendeu a transmitir os ensinamentos de Jesus, esperando-lhe também as divinas promessas. Tão versado ficou nas letras sagradas que passou a propagá-las entre as outras aves.

De quando em quando, era visto a falar em sua estranha linguagem “glá-glé-gli-gló-glu”. Não era, naturalmente, compreendido pelos homens. Mas os outros perus, as galinhas, os gansos e os marrecos, bem como os patos, entendiam-no perfeitamente.

Começava o comentário das lições do Evangelho e o terreiro enchia-se logo. Até os pintainhos se aquietavam sob as asas maternas, a fim de ouvi-lo.

O peru, muito confiante, assegurava que Jesus Cristo era o Salvador do Mundo, que viera alumiar o caminho de todos e que, por base de sua doutrina colocara o amor das criaturas umas para com as outras, garantindo a fórmula de verdadeira felicidade na Terra. Dizia que todos os seres, para viverem tranqüilos e contentes, deveriam perdoar aos inimigos, desculpar os transviados e socorrê-los.

As aves passaram a venerar o Evangelho; todavia, chegado o Natal do Mestre Divino, eis que alguns homens vieram aos lagos, galinheiros, currais e, depois de se referirem excessivamente ao amor que dedicavam a Jesus, laçaram frangos, patinhos e perus, matando-os ali mesmo, ante o assombro geral.

Houve muitos gritos e lamentações, mas os perseguidores, alegando a festa do Cristo, distribuíram pancadas e golpes à vontade.

Até mesmo a esposa do peru pregador foi também morta.

Quando o silêncio se fez no terreiro, ao cair da noite, havia em toda a parte enorme tristeza e irremediável angústia de coração.

As aves aflitas rodearam o doutrinador e crivaram-no de perguntas dolorosas.

Como louvar um Senhor que aceitava tantas manifestações de sangue na festa de natalício? Como explicar tanta maldade por parte dos homens que se declaravam cristãos e operavam tanta matança? Não cantavam eles hinos de homenagem ao Cristo? Não se afirmavam discípulos d´Ele? Precisavam, então, de tanta morte e tanta lágrima para reverenciarem o Senhor?

O pastor alado, muito contrafeito, prometeu responder no dia seguinte. Achava-se igualmente cansado e oprimido. Na manhã imediata, ante o Sol rutilante do Natal, esclareceu aos companheiros que a ordem de matar não vinha de Jesus, que preferira a morte ao madeiro a ter de justiçar, que deviam todos eles continuar, por isso mesmo, amando o Senhor e servindo-o, acrescentando que lhes cabia perdoar setenta vezes sete.

Explicou por fim, que os homens degoladores estavam anunciados no versículo quinze do capítulo sete, do Apóstolo Mateus, que esclarece – “Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores”.

Em seguida, o peru recitou o capítulo cinco do mesmo evangelista, comentando as bem-aventuranças prometidas pelo Divino Amigo aos que choram e padecem no mundo.

Verificou-se, então, imenso reconforto na comunidade atormentada e aflita, porque as aves se recordaram de que o próprio Senhor, para alcançar a Ressurreição Gloriosa, aceitara a morte de sacrifício igual à deles.

Livro: Alvorada Cristã – Médium: Chico Xavier – Espírito: Néio Lúcio.
Fonte da imagem: Internet Google.