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sexta-feira, 15 de julho de 2022

Necessidade do Perdão

O dia estava lindo e agradável. Marcelo, porém, chegou em casa irritado e nervoso.

Entrou pisando duro, bateu a porta com força e jogou a mochila numa cadeira.

A mãe, que o observava, aproximou-se serena perguntando:

— Por que todo esse mal humor, meu filho? O sol está brilhando lá fora e a vida é bela! O que aconteceu de tão grave que justifique a maneira desagradável com que entrou em casa hoje?

Carrancudo, o menino respondeu:

— Estou zangado com o Gabriel. Além de rasgar meu livro de estimação, ainda brigou comigo. Não vou perdoá-lo nunca!

A mãezinha enlaçou-o carinhosamente e aconselhou:

— Não diga isso, meu filho. Todos nós precisamos do perdão, pois também erramos. Jesus ensinou que devemos perdoar não sete vezes apenas, mas setenta vezes sete vezes. Isto é, ensinou que devemos perdoar sempre. Além disso, também não devemos julgar ninguém. Será que o Gabriel rasgou seu livro de propósito?

— Não sei e nem me interessa. Não quero mais a amizade dele — afirmou o garoto, categórico.

A mãe passou a mão pelos cabelos do filho e ponderou:

— Tente perdoar, Marcelo. Enquanto você não esquecer a ofensa, não terá felicidade e paz.

— Não consigo, mamãe. Acho que não sei perdoar.

A senhora pareceu meditar por alguns instantes e depois falou:

— Lembra-se de quando você ganhou a bicicleta?

— Como não? — respondeu Marcelo. — Quantas vezes caí até conseguir equilibrar-me e sair andando!

— É verdade, meu filho. Hoje, porém, você não se lembra mais disso quando sai para passear. E quando aprendeu a nadar?

— Também me custou muito esforço! — lembrou o menino.

— E quando entrou na escola para ser alfabetizado? — insistiu a mãe.

— Ah, foi muito difícil. Graças a Deus já sei ler e escrever direitinho — respondeu o garoto contente consigo mesmo.

— Então, meu filho, nada se consegue sem esforço. Também as nossas imperfeições precisam de muita boa vontade da nossa parte para ser tiradas do nosso íntimo. E o ressentimento é uma delas. Precisamos aprender a perdoar.

— Ah! Já entendi. A senhora quer dizer que preciso exercitar o perdão, não é?

— Exatamente.

— Está bem, mamãe. Vou tentar.

No dia seguinte, muito a propósito, Marcelo foi brincar com um vizinho e, sem querer, quebrou um carrinho de estimação do garoto.

Triste, mas conformado, o menino aceitou seu pedido de desculpas, dizendo:

— Não tem importância, Marcelo. Sei que você não fez de propósito.

Ao ouvir as palavras do amigo, que com justa razão deveria estar zangado com ele, Marcelo lembrou-se das palavras da mãe quando afirmou que todos precisamos de perdão.

Naquele mesmo dia, procurou o colega na escola e, com um sorriso alegre, disse:

— Quero que você me desculpe se fui grosseiro outro dia, Gabriel.

— Você tinha razão, Marcelo. Eu rasguei seu livro — respondeu o menino.

— Mas tenho certeza de que não fez por querer — afirmou convicto.

— É verdade. Ele caiu das minhas mãos e, tentando segurá-lo, eu o rasguei.

Abraçaram-se contentes, prometendo mútua amizade.

Depois das aulas, Marcelo levou Gabriel até sua casa e apresentou-o à sua mãe.

— Mamãe, este é o meu “amigo” Gabriel — falou, acentuando a palavra.

Muito satisfeita, pelo sorriso do filho a mãe percebeu que o mal-entendido terminara e que Marcelo havia aprendido a perdoar.

Autoria: Célia Xavier Camargo – Imagem meramente ilustrativa - Fonte: Internet Google.
 

sexta-feira, 1 de julho de 2022

O Circo Chegou

Geraldinho andava sem destino pelas ruas, chutando pedras.

Ao virar uma esquina, deparou com um grande cartaz colorido onde se via um leão e um domador.

— Oba! O circo chegou!

Geraldinho sempre tivera grande atração por circos, mas dificilmente aparecia algum em sua pequena cidade.

Imediatamente o menino revirou os bolsos da bermuda a ver se encontrava alguma moeda. Nada. Só algumas figurinhas, um pedregulho bem polido e um estilingue.

— Como vou fazer para ir ao circo?

Pensou um pouco e descobriu:

— Já sei. Vou pedir dinheiro para a mamãe.

Voltando para casa, Geraldinho falou com a mãe, que respondeu:

— Dou sim, meu filho. Antes, porém, preciso que você me ajude varrendo o quintal.

— Varrer o quintal? Trabalhar? Nem pensar!

Geraldinho foi até a mercearia da esquina, onde o seu José era muito seu amigo.

— Seu José, poderia emprestar-me uma moeda? Quero ver o espetáculo do circo e não tenho dinheiro.

— Como não, Geraldinho? Darei a moeda se você me fizer um favor. O empregado não veio hoje e tenho algumas entregas para fazer. Poderia fazê-las para mim?

O menino, muito desapontado, foi saindo de fininho:

— Infelizmente não posso, seu José. Tenho que estudar.

Voltando para casa, Geraldinho passou defronte da residência de dona Luzia, uma vizinha muito boa e simpática. Como ela estivesse ali fora varrendo a calçada, o menino atreveu-se a pedir-lhe uma moeda emprestada.

— Claro, Geraldinho! Dar-lhe-ei a moeda, mas estou tão atarefada hoje! Minha ajudante está doente e preciso de quem me ajude a arrancar o mato do jardim. Se você me fizer essa gentileza, prometo dar-lhe não uma, mas duas moedas.

Decepcionado, o garoto respondeu:

— Infelizmente, dona Luzia, agora não dá. Minha mãe está me esperando. Até logo! — e foi embora.

Geraldinho era assim mesmo. Não gostava de fazer nada e as pessoas conhecidas sabiam disso.

Aflito, o menino via o tempo passar sem conseguir recursos para ir ao circo.

À noite, aproximou-se do local onde o circo estava montado. A lona, toda esticada, parecia um balão; o nome, em letras grandes e luminosas, piscava, convidando-o a entrar. Mas, como?

Geraldinho pensou que, se tivesse feito algum serviço, qualquer serviço, teria a alegria de assistir ao espetáculo, mas agora era tarde. Essa seria a última apresentação, e, no dia seguinte, a lona estaria desarmada e os caminhões rodando pela estrada afora.

Sentou-se no meio-fio a observar o movimento de pessoas e carros que iam e vinham.

Nisso, uma senhora idosa escorregou e caiu no chão. A sacola que carregava abriu e o conteúdo se espalhou pela calçada.

Penalizado, o garoto levantou-se imediatamente e a socorreu.

— A senhora está bem, vovó? — perguntou atencioso.

— Estou bem, meu filho, não foi nada. Graças a Deus, não me machuquei. Ficarei dolorida por alguns dias, mas é só.

O menino ajudou-a a erguer-se e, depois, recolheu as coisas dela que tinham caído no chão, colocando tudo de volta na sacola.

Refeita do susto, a senhora pediu a Geraldinho que a ajudasse a atravessar a rua.

Percebendo que a sacola estava muito pesada, ele se prontificou:

— Farei mais, vovó. Vou acompanhá-la até sua casa e carregarei a bolsa para a senhora, pois está muito pesada.

— Quanta gentileza! Mas não quero atrapalhar, meu filho. Com certeza você tem alguma coisa para fazer...

Pensando no circo, o menino suspirou, afirmando:

— Não... nada tenho para fazer.

Geraldinho levou a senhora até o portão da residência e despediu-se. A velhinha abriu a bolsa e, pegando uma linda moeda, entregou-a ao garoto:

— Agradecida, meu filho. Olhe, isto é para você. Compre o que quiser. E venha visitar-me qualquer dia desses!

Surpreso, Geraldinho fitou a moeda depositada na palma da sua mão. Era exatamente o que precisava para comprar o ingresso do circo.

Quando menos esperava, recebeu o que tanto queria. Geraldinho compreendeu que, como ajudara a velhinha, também fora ajudado. Compreendeu também que, se desejamos alguma coisa, temos que nos esforçar para obtê-la. Que, na medida em que damos, recebemos em troca.

Assim, Geraldinho comprou o ingresso e, naquela noite, divertiu-se a valer assistindo ao espetáculo do circo.

Autoria: Célia Xavier Camargo – Imagem meramente ilustrativa - Fonte: Internet Google.