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sexta-feira, 15 de outubro de 2021

O Coelhinho Barnabé

O Coelhinho Barnabé morava num lindo sítio cercado de árvores, de flores, e nada lhe faltava. Tinha tenras cenouras e frescas folhas de alface que lhe davam para comer todos os dias, apanhadas da horta, e tinha água fresca à vontade.

No sítio moravam muitos outros animais: vacas, bois, cabras, galinhas, galos, patos, cavalos, jumentos e um cachorro que era muito seu amigo, de nome Tico.

Barnabé e seus pais ocupavam uma confortável casinha de madeira, construída especialmente para eles, dentro do terreiro. Porém o Coelhinho Barnabé queria muito mais.

Certo dia chegou uma ratazana contando maravilhas da cidade de onde viera.

Dona Ratazana falava do grande movimento de carros nas ruas, da comida que era encontrada em qualquer lugar e ninguém passava fome. Falou das pessoas que passavam e atiravam restos de comida e guloseimas no chão, e que ela se banqueteava todos os dias.

Os olhos de Barnabé ficaram brilhantes de animação e seu focinho tremeu todo de desejo de conhecer a tal cidade.

Começou a achar muito sem graça a vida no campo, sem movimento, sem pessoas. E a partir desse dia, passou a sonhar em ir para a cidade.

Como fazer isso? Seus pais não permitiriam, com certeza. Sempre lhe diziam que o melhor lugar para se ficar é a casa onde mora a família, isto é, o Lar.

Pensou... pensou... pensou... e resolveu. Sairia durante a noite, quando seus pais estivessem dormindo.

Assim resolveu, assim fez.

No dia seguinte economizou algumas cenouras, umas folhas de alface, e, colocando tudo numa mochila, preparou-se para fugir.

Quando a noite chegou, fingiu que estava dormindo, e esperou que tudo se aquietasse. Depois, pegou a pequena mochila e saiu aos pulos, desaparecendo na escuridão.

Fez um longo trajeto, seguindo o rumo que dona Ratazana havia indicado. Mas nada de chegar à cidade. Barnabé já estava cansado, sem forças para prosseguir e faminto.

Resolveu parar para descansar e alimentar-se. Estava tão cansado que dormiu debaixo de um arbusto. De repente, acordou assustado. Tinha ouvido uns ruídos estranhos e ficou com medo. Tremia da cabeça aos pés.

Eu quero minha mãe! — gritou, chorando.

Com saudade de casa, soluçou até pegar no sono de novo. Acordou com dia claro e, como o medo tivesse desaparecido como a escuridão, resolveu prosseguir viagem.

Não demorou muito, começou a ver ao longe umas construções enormes, altas; deveriam ser os prédios da cidade. Ficou feliz. Conseguira chegar, afinal!

Acelerou os pulos e logo estava andando nas ruas da cidade. Ficou surpreso. Era tudo muito bonito, as casas eram tão altas que pareciam alcançar o céu; as ruas tinham bastante movimento de carros e de pessoas.

Barnabé, que estava um pouco assustado com o barulho, e andava se escondendo, ficou mais corajoso e confiante, saindo para observar.

Percebeu que as pessoas, ao vê-lo, ficavam surpresas; umas gritavam, outras riam, e outras tentaram apanhá-lo. Apavorado, escondeu-se. Com medo, não podia sair do seu esconderijo e conseguir mais comida, pois a que levara já tinha acabado, e ele estava faminto.

E Barnabé, triste no seu canto, passou a ver outras coisas que não tinha percebido antes. Viu passar crianças maltrapilhas esmolando pão, velhinhos dormindo nas calçadas, cachorros sendo espancados pelas pessoas, homens doentes se arrastando na sarjeta, pobres mães carregando seus filhinhos e suplicando algumas moedas para comprar leite. Barnabé viu isso e muito mais. E ficou cada vez mais triste.

Não, esse não era um lugar bom para se morar. Sentia saudade do sítio, de sua casa, de seus pais, de seus amigos. Lá, nunca tinha passado fome. Todos eram bem tratados.

E decidido, resolveu: — Vou voltar.

Aproveitando-se da escuridão da noite, partiu de retorno a sua casa.

Quando se aproximou, os animais o viram e vieram correndo ao seu encontro.

Seus pais, de braços abertos, o acolheram com amor.

— Por que, meu filho, você fugiu de casa nem dizer nada, sem avisar?

— Perdoe-me, papai. Cometi um erro, mas espero que o senhor me perdoe.

E contou que ficou iludido com as narrativas de dona Ratazana, e quis conhecer a cidade.

O pai, botando as mãos na cintura, perguntou:

— E se lá na cidade era tão bom assim, meu filho, dona Ratazana teria vindo morar no sítio?

Dona Ratazana, que ouvia a conversa, baixou a cabeça, envergonhada.

Barnabé concordou:

— Agora sei disso, meu pai. Por isso, voltei. O melhor lugar para morar é o nosso Lar.

Aquele dia, os animais fizeram uma grande festa no terreiro para comemorar a volta do coelhinho Barnabé.

Autoria: Célia Xavier Camargo – Imagem: Internet Google.
 

sexta-feira, 1 de outubro de 2021

Jujuba o Leãozinho

Habitando uma grande floresta, Jujuba, o leãozinho, crescia forte e sabido.

Sua mãe, Dona Leoa, cuidava dele com muito carinho: dava-lhe banho, penteava-lhe o pelo, aparava-lhe as unhas e alimentava-o.

Muito amorosa, sua mãe defendia-o contra os perigos da floresta, não permitindo que se afastasse muito da toca.

Mas Jujuba, vivendo sempre sozinho, sentia falta de amigos, desejava ter com quem brincar.

Certo dia Jujuba resolveu sair de casa para encontrar um amigo.

Encantado com tudo o que via, embrenhou-se na mata, afastando-se da toca.

Um pouco adiante viu um coelhinho escondido entre as árvores e perguntou:

– Olá! Quer ser meu amigo?

O coelho ao ver quem lhe dirigia a palavra arregalou os olhos, assustado, e gritou, sumindo no meio do mato:

– Um leão!...

Jujuba não entendeu a atitude do coelho, mas não desanimou.

Andando mais um pouco encontrou um veadinho que pastava tranquilamente. Aproximou-se e disse:

– Olá! Quer ser meu amigo?

Com as pernas bambas de medo, o animal fez meia-volta e desapareceu no meio da floresta, gritando:

– Fujam! Um leão! Um leão!...

Jujuba, triste, ainda não desanimou. Continuou andando e procurando. Mais adiante olhou para cima e viu um macaco enroscado num galho de árvore.

– Quer brincar comigo? – perguntou esperançoso.

Ao vê-lo, o macaco assustou-se e foi embora, pulando de galho em galho. O filhote de leão, muito chateado e infeliz, pôs-se a chorar.

– Buá... Buá... Buá.

Ouvindo o choro, alguns animais que estavam escondidos se aproximaram. O leãozinho chorava de cortar o coração e eles se condoeram das suas lágrimas.

– Por que está chorando? – perguntou um enorme sapo.

Ao ouvir aquela voz, Jujuba parou de chorar e enxugou as lágrimas.

– Você está falando comigo? – estranhou, pois quisera conversar com ele.

– Sim, é com você mesmo! – confirmou o sapo. – O que aconteceu?

– Por que está chorando? – perguntou um enorme sapo.

E Jujuba, mais animado, explicou:

– Saí de casa para procurar um amigo. Alguém que quisesse brincar comigo. Mas ninguém gosta de mim...

E recomeçou a chorar: Buá... buá...

Ouvindo a reclamação do leãozinho, feita em voz macia e terna, o sapo olhou os outros animais, que abaixaram a cabeça.

– Não se envergonham de ter medo de um pequeno filhote? — perguntou-lhes o sapo.

O coelho, ainda tremendo de susto, indagou mais corajoso:

– É só isso que deseja? Não vai atacar-nos depois?

– Não! Por que iria atacá-los? Quero que sejamos amigos e que brinquem comigo. Sinto-me tão sozinho!

Então os animais perceberam que Jujuba era apenas um leãozinho delicado e gentil, incapaz de fazer mal a alguém. E disseram envergonhados:

– Perdoe-nos. Nós o julgamos mal sem conhecê-lo e sem saber quem era você. Queremos ser seus amigos, Jujuba. Pode contar conosco.

Satisfeito, o leãozinho agradeceu a todos e olhou em torno, preocupado.

– E agora? Creio que me afastei demais e acho que não sei voltar para casa!

Mas os bichos o tranquilizaram, afirmando-lhe:

– Não se preocupe. Nós o levaremos para casa.

Feliz, Jujuba retornou ao lar com um enorme acompanhamento de bichos e, desse dia em diante, tornaram-se grandes amigos e sempre brincavam juntos.

E os animais da floresta entenderam que não se deve julgar as criaturas pela aparência, sem conhecê-las. Que somos, na verdade, todos irmãos, filhos de um mesmo Pai, que nos criou, e que poderemos viver todos juntos em paz e harmonia, se tivermos boa vontade.

Autoria: Célia Xavier Camargo – Imagem: Internet Google.