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sábado, 29 de março de 2014

A PANELA

A velha empregada de minha família era uma negra.

Chico, o neto dela – como é costume acontecer quando não temos irmãos, era o meu companheiro constante de brincadeiras e folguedos.

Em tudo quanto fazíamos, à parte de Chico era sempre a mais pesada, secundária e passiva.

Ele tinha sempre que dar e, nunca, que receber.

Um dia corri para casa, à saída da escola porque Chico e eu tínhamos projetado construir uma vala que fosse do poço à lavanderia.

Sem darmos por isso, cada um de nós assumiu logo o seu papel, como de costume.

Chico era o “condenado” a trabalhos forçados, suando e repetindo esforços. E eu o implacável guarda, com uma vara na mão!

A maneira como eu estava maltratando aquele menino negro, era quase digna de um adulto imbuído de preconceitos de cor.

Foi quando a nossa preta velha chamou-nos:

- Crianças, venham pôr a minha panela no fogão!

Corremos para a cozinha. A panela estava no chão e nós a agarramos com ambas as mãos. Mas com um grito a largamos, perplexos de que ela nos tivesse mandado pegar uma coisa que, era evidente que sabia, estava extremamente quente.

Em seguida, em graves brandas palavras, tão nítidas e simples que até hoje as posso escutar, partindo do fundo do tempo, disse-nos assim:

- Ora! Vocês dois se queimaram. Que coisa mais engraçada! A cor da pele de vocês é tão diferente, mas a dor que estão sentindo é igual para ambos, não é verdade?

Concordamos que sim.

E nunca mais pude me esquecer desse episódio que sem dúvida alguma, fez de mim uma pessoa diferente.

Da Obra: Para o resto da Vida de Wallace Leal V. Rodrigues.

Fonte do texto e imagem: Internet Google.

sábado, 15 de março de 2014

APRENDENDO A REPARTIR

Bruno era um menino que pensava apenas em si mesmo. Não repartia nada com ninguém. Quando ganhava dos avós ou dos tios algum doce, chocolate ou balas escondia tudo no seu armário. E tão bem fazia que ninguém conhecia seu esconderijo, nem sua mãe. Era seu tesouro. Sabem para quê?

Para poder comer tudo depois, na hora em que estivesse sozinho.

A mãe reprovava seu comportamento dizendo:

- Bruno, meu filho, temos que aprender a repartir o que temos com os outros. Não podemos ser egoístas e desejar tudo para nós. À medida que a gente dá, também recebe.

Mas o garoto respondia mal-educado:

- Eu, hein! Se fui eu que ganhei, tudo é meu! Não abro mão.

Seus irmãozinhos menores, Breno e Bianca comiam os doces que tinham ganhado e Bruno ficava só olhando, pensando no prazer que teria depois ao apreciar tudo sozinho no seu quarto. Porém, Bruno ia brincar e se distraía, esquecendo que havia guardado os presentes.

E o tempo ia passando.

Um belo dia, os irmãos de Bruno entraram em casa trazendo um pacote de balas e de pirulitos cada um. Vinham contentes, exibindo os doces que tinham ganhado de um senhor que passara na rua distribuindo guloseimas para as crianças.

Bruno, que estava dentro de casa, nada ganhou, e fez bico:

- Eu quero também! Eu quero! Dá um pouco pra mim?

Mas Breno retrucou, decidido, com a aprovação de Bianca, a menorzinha:

- Não dou não. Você nunca reparte nada com ninguém!

Bruno, irritado e com cara de choro, respondeu:

- Egoístas! Não faz mal. Tenho muita coisa guardada. Não preciso de nada! Vocês vão ver!

E correu para o quarto, seguido de perto pelos irmãos, curioso de ver onde ficava o esconderijo que Bruno escondia tão cuidadosamente e que eles nunca tinham conseguido descobrir. Bruno abriu a porta do guarda-roupa, retirou uma gaveta e, no fundo, num espaço vago, bem escondidinho, lá estava tudo o que ele tinha ganhado e que conservara.

Com ar de triunfo, enfiou a mão e foi retirando chocolates, doces, bolos, balas, diante dos olhos arregalados dos pequenos.

Mas, ó surpresa! Com espanto, Bruno notou que os seus doces estavam com aspecto muito feio: os chocolates estavam velhos, os doces tinham se estragado, os bolos estavam azedos, as balas meladas.

Terrivelmente decepcionado, Bruno percebeu naquele instante que, em virtude do seu egoísmo, não repartira nada para ninguém. E, pior que isso, constatou que ele mesmo não aproveitara as coisas tão gostosas que lhe tinham dado com tanto carinho. Agora, infelizmente, esta tudo estragado e teria que ser jogado no lixo.

Sentou-se na cama e, cobrindo a cabeça com as mãos, começou a chorar.

Seus irmãos, que apesar de pequenos, tinham bom coração, aproximaram-se dele e Breno disse:

- Não fique triste, Bruno.

E, sob seu olhar surpreso, repartiram fraternalmente com ele tudo o que tinham ganhado naquele dia.

- Eu não mereço a generosidade de vocês.

Aprendi nesse momento importante lição. Entendo agora o que mamãe quer dizer quando afirma que à medida que a gente dá, recebe. Eu nunca dei nada e nada mereço, mas vocês provaram que têm um bom coração.

A partir de hoje, vou procurar ser menos egoísta.

Prometo!

Autor: Tia Célia (Célia Xavier de Camargo) - Publicado no Jornal O Imortal – Agosto de 2000.
Fonte do texto e imagem: Internet Google.