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domingo, 15 de outubro de 2023

A Bola Colorida

Brincando no quintal, Susana, de seis anos, viu seu amigo Érico do outro lado da cerca.

Feliz por ver o vizinho, ela o chamou:

– Érico, venha brincar comigo! Acabo de ganhar uma linda bola colorida!

Com os olhos brilhantes de animação, o pequeno pulou a cerca baixa, indo ao encontro da amiguinha.

Susana segurava a bola com as mãos e o menino ficou encantado.

Era realmente uma bola de plástico de belo colorido, que chamaria a atenção de qualquer criança.

Puseram-se a brincar no gramado.

Érico tinha um cão. Um vira-lata caramelo e branco, vivo e inteligente, que gostava de brincar e de passear com eles.

De repente Bob, cachorro de Érico viu os dois brincando e não teve dúvida. Passou por um buraco na cerca e, latindo alegremente, avançou, querendo participar da brincadeira. Em disparada, pulou sobre a bola e suas garras afiadas a alcançaram no ar. Para espanto das crianças e do próprio cão, que não sabia o que estava acontecendo, a linda bola colorida caiu na grama, murcha, vazia, rasgada, enquanto o cachorro gania, frustrado.

Susana, surpresa, não queria acreditar no que estava vendo. Num momento, a bola estava no ar, cheia e linda; no momento seguinte, era um trapo qualquer, vazio e sem graça.

Revoltada por ter perdido o brinquedo novo, começou a chorar, acusando Érico pelo acidente:

– Buááá!... Está vendo o que você fez?

– Não tive culpa, Susana. Desculpe-me. Foi o Bob que quis brincar conosco. Coitado! Ele também não teve intenção de estragar sua bola. Veja como está triste!

– Não interessa. O cachorro é seu e, portanto, a culpa é sua. Quem mandou deixá-lo entrar no meu quintal? A partir de agora você não é mais meu amigo. Vá embora!

O menino e o cachorro estavam desolados. Érico tentou explicar, mas Susana não o deixou falar. Apesar das lágrimas do garoto e dos uivos do cão, a menina não reconsiderou sua atitude.

Virou-lhe as costas e entrou em casa muito zangada, enquanto Érico e o cachorro ficavam parados, tristes.

Susana, cheia de indignação, contou para a mãe o que tinha acontecido, pedindo-lhe que tomasse uma atitude contra o vizinho.

A senhora, serena, considerou:

– Minha filha, entendo que você esteja lamentando a perda da sua bola. Contudo, é só um brinquedo, e, pelo que entendi, a culpa não foi de ninguém. Seu pai lhe comprará outra, fique tranquila.

– Não quero! Quero aquela bola! Nunca mais falo com Érico. Nunca mais quero vê-lo!

A mãezinha calou-se, compreendendo que não adiantaria falar mais nada naquela hora.

Os dias se passaram. Susana, da janela da cozinha, via Érico encostado na cerca, tristinho de fazer dó. Porém não amolecia o coração.

Certo dia, uma semana depois, a mãe lhe disse:

– Minha filha, vejo que você anda meio chateada, não brinca mais...

– Não tenho vontade, mamãe. Sozinha não tem graça.

– Chame o Érico. Ele está lá do outro lado da cerca – sugeriu.

– Não. Não quero.

– Ele não é seu melhor amigo? Vocês sempre se deram tão bem!

– Era! Agora não é mais.

A mãe pensou um pouco, chamou a filha, sentou-a no colo com carinho, e considerou:

– Minha filha, amizade é um tesouro de valor incalculável. E você está perdendo esse tesouro por uma colorida bola de plástico, frágil, que estragou na primeira brincadeira? Pense bem! Bola igual àquela você encontra em qualquer loja, mas uma amizade valiosa, não.

Susana ficou pensativa por alguns instantes. Depois, decidiu-se.

Abriu a porta e voou para o quintal. Aproximou-se da cerca, convidando:

– Vamos brincar?

O garoto, meio sem jeito, perguntou:

– Não está mais zangada comigo? Afinal, por minha culpa perdeu sua bola nova. Mas, não se preocupe. Falei com minha mãe e ela vai lhe comprar outra.

Susana sorriu, já esquecida do incidente:

– Isso não tem importância. Sua amizade vale muito mais!

Autoria: Célia Xavier Camargo
Imagem meramente ilustrativa – Fonte: Internet Google.
 

domingo, 1 de outubro de 2023

Lágrimas de Arrependimento

Ciro gostava muito de brincar no quintal de sua casa. À sombra acolhedora de uma grande árvore, ele passava horas, distraído com seus brinquedos.

Era um lugar fresco e agradável, onde a luz do sol filtrava-se suavemente, e onde, muitas vezes, ele até adormecia com a cabeça apoiada em suas raízes possantes, cansado de brincar.

A árvore era uma linda mangueira e dava frutos saborosos, que Ciro colhia com as próprias mãos ao sentir fome.

Apesar de tudo isso, Ciro era um menino cheio de vontades, e certo dia começou a implicar com a árvore, desejando cortá-la.

Chegando até sua mãe, ele disse:

— Mãe, eu quero que a senhora mande cortar a mangueira.

Surpresa, a mãe retrucou:

— Por que, meu filho? Você sempre gostou tanto dela!

Batendo o pé no chão o garoto respondeu:

— Não gosto mais, ora essa. Ela toma muito espaço, faz muita sombra e está atrapalhando no quintal.

Espantada, a senhora considerou:

— Pense bem, meu filho. As árvores devem ser preservadas, pois são muito úteis e levam anos para crescer e produzir. Essa nossa mangueira dá mangas deliciosas e em seus galhos acolhedores os pássaros fazem seus ninhos, e...

— Não adianta, minha mãe! — interrompeu-a o garoto caprichoso. — Quero que a ponha abaixo.

Quando o pai chegou, após o serviço, foi informado da exigência do filho.

Novo diálogo se estabeleceu tentando fazê-lo desistir da ideia. Tudo em vão. Não valeram conselhos e ponderações, argumentos e reprimendas. Ciro estava irredutível.

Tanto ele gritou, chorou e reclamou que seus pais, apesar de considerarem um absurdo o seu desejo, resolveram fazer-lhe a vontade.

Afinal, era filho único! E o que é que ele pedia que os pais não lhe davam?

No dia seguinte, o pai mandou cortar a bela árvore com o coração amargurado.

Ciro estava feliz. A cada golpe desfechado no tronco ele sorria. Afinal, o homem deu por terminado o serviço. Da bela mangueira só restara um toco.

Ciro deu-se por satisfeito e foi brincar.

Contudo, o sol muito forte doía-lhe os olhos e o calor era excessivo. Em poucos minutos estava cansado e todo cheio de suor. Resolveu entrar.

A mãe, que o observava de longe, perguntou:

— Não vai brincar mais, Ciro?

Desapontado, o garoto respondeu:

— Estou cansado. O sol está muito quente hoje.

— Quer comer alguma coisa? — tornou a mãe, carinhosa.

— Sim, mamãe. Gostaria de chupar uma manga.

— Ah, meu filho, não temos mais mangas. Esqueceu que a mangueira foi destruída? As últimas que sobraram dei para o jardineiro levar!

Despeitado, Ciro sentou-se nos degraus da porta da cozinha, olhando o quintal que lhe parecia tão estranhamente vazio agora.

Observou muitos passarinhos que pareciam voar a esmo, sem lugar para ficar.

Ciro lembrou-se que tinha visto, nos galhos derrubados, vários ninhos e compreendeu que aqueles pássaros haviam perdido suas casinhas. Também notou que estavam famintos, procurando migalhas no chão para comer.

Com o passar dos dias, Ciro foi ficando cada vez mais arrependido da decisão que tomara.

Não brincava mais no quintal. Tudo ficara sem graça, não tinha mais árvore para subir, o sol era inclemente e queimava tudo.

Suspirando, um dia aproximou-se do toco, agora escuro e ressequido e, abraçando o que sobrara da mangueira, deu vazão à sua tristeza. Em lágrimas, ele começou a dizer.

— Estou muito arrependido, minha amiga. Você não sabe a falta que me faz. Não sabia que você era tão importante para nós e agora nada mais tem graça. Não tenho mais sombra para brincar e o sol me queima. Os passarinhos ficaram sem saber o que fazer, como eu, e foram embora, em busca de outros galhos acolhedores. Ah! Se eu pudesse voltar atrás! Agora compreendo porque dizem que é preciso cuidar da ecologia, preservando as árvores. Sem vocês, tudo fica árido e feio...

Ciro chorou... chorou muito, abraçado aos restos da sua velha companheira.

Suas lágrimas de arrependimento, contudo, umedeceram o tronco ressequido e, alguns dias depois, ao aproximar-se dele, Ciro teve uma grande surpresa.

Do meio do tronco, brotos frágeis e verdinhos surgiam como esperança de uma nova vida em seu âmago.

Cheio de alegria, Ciro percebeu que o milagre da vida se repetia, e que a árvore voltaria a crescer, com a bênção de Deus!

Autoria: Célia Xavier Camargo
Imagem meramente ilustrativa – Fonte: Internet Google.