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quarta-feira, 15 de setembro de 2021

Enfermidade Providencial

Pedrinho brincava com seus amigos no jardim jogando bolinhas de gude. Eram garotos levados, mas Pedrinho gostava deles. Cansado da brincadeira, um deles disse, fazendo careta:

— Que dia mais chato! Nada temos para fazer.

Chutando umas pedras, Pedrinho concordou:

— Chato mesmo. Que tal se nós brincássemos de pega-pega?

Dedé, balançando a cabeça, respondeu:

— Outra vez? Já fizemos isso hoje!

— Que tal amarrarmos o rabo do gato e atearmos fogo para vê-lo correr? — sugeriu Joãozinho, maldoso, com os olhos brilhando de animação.

— Nada feito! — retrucou Dedé — Esqueceram que já fizemos isso? Meu gato está todo queimado e minha mãe ficou muito brava comigo.

Pedrinho concordou:

— É verdade. Temos que inventar coisas diferentes.

— Mas, o quê? — Dedé perguntou. — Já jogamos bola, corremos atrás do cachorro do Pedrinho, sujamos as roupas do varal da dona Antônia, tomamos sorvete...

— Já sei! — falou Joãozinho com ar inteligente e maroto — Vamos roubar frutas na chácara do velho Simão.

Todos bateram palmas. Afinal, tinham encontrado algo diferente para fazer. Nisso, a mãe de Pedrinho chamou-o para tomar banho e jantar. Como fosse tarde, resolveram deixar a brincadeira para o dia seguinte.

À noite, Pedrinho colocou o pijama e deitou-se. Sua mãe veio dar-lhe boa noite e juntos fizeram uma prece.

Naquele momento, envolvido pelas bênçãos da prece, Pedrinho sentiu remorso de tudo o que fizera e desejoso de realmente mudar.

O garoto orou a Jesus pedindo-lhe que o transformasse num menino bonzinho e o livrasse das tentações do mal.

Todavia, lembrando que os amigos ficariam esperando por ele, pediu à mãe que o acordasse cedo, e explicou:

— Combinei encontrar-me com o Dedé e o Joãozinho.

A mãezinha, preocupada, aconselhou:

— Olha lá, meu filho, o que vão fazer. Não gosto que ande na companhia desses meninos. São muito arteiros.

— Não se preocupe, mamãe. Não vamos fazer nada errado.

A mãe despediu-se, dando-lhe um beijo no rosto:

— Está bem, meu filho. Boa noite! Que o seu anjo da guarda o proteja e lhe inspire bons pensamentos.

Na manhã seguinte, Pedrinho amanheceu muito indisposto. Passou mal à noite, teve febre, calafrios. A mãe examinou-o e, pelas manchas no corpo, achou que poderia ser catapora, pois tinha ouvido dizer que várias crianças estavam com essa doença.

Pedrinho não conseguiu levantar-se para ir ao encontro dos amiguinhos.

Mais tarde, um vizinho veio vê-lo e perguntou:

— Vocês sabem da novidade? Hoje pela manhã dois garotos entraram no pomar do velho Simão para roubar frutas e foram apanhados pelos cachorros quando tentavam pular o muro.

Preocupada, a mãe de Pedrinho perguntou:

— E os meninos?

— Estão bem, embora um pouco machucados. Levaram um susto terrível! Poderiam até ter morrido!

Pedrinho, assustado, ouvia a conversa. Depois, não se conteve e começou a chorar, falando com voz entrecortada de pranto:

— Ainda bem que fiquei doente!

E confessou tudo para sua mãe, que o ouviu em silêncio.

— Está vendo, meu filho, do que você se livrou? Agradeça a Jesus e ao seu anjo da guarda que o protegeram. Lembra-se da prece que fez ontem ao deitar? A oração nos protege sempre, e é ajuda preciosa nas dificuldades e perigos deste mundo. Procure sempre ser bom para merecer o amparo dos Amigos Espirituais.

— É verdade, mamãe. Procurarei ser um menino diferente de hoje em diante, eu prometo.

E completou com um suspiro aliviado:

— Bendita catapora!

Autoria: Célia Xavier Camargo – Imagem: Internet Google.
 

quarta-feira, 1 de setembro de 2021

O Cavalinho de Pau

Como toda criança, Antônio tinha seus sonhos. Desejava muito ter um cavalinho de pau para brincar de viajar, de mocinho e bandido, de fazendeiro.

Sua família, contudo, era muito pobre e seu pai não tinha recursos para comprar-lhe o brinquedo tão almejado. E Toninho, sabendo disso e sendo um menino muito compreensivo, não pedia nada. Sonhava apenas.

À noite, antes de dormir, sempre dava rédeas à imaginação e fazia de conta que estava cavalgando um lindo cavalo de madeira.

No dia do seu aniversário, quando fez oito anos, o pai lhe trouxe de presente uma pequena bola de borracha. Não era o cavalinho de pau com que ele sonhava tanto, mas era uma linda bola colorida e ele ficou feliz, porque sabia quanto representava para o pai aquele sacrifício.

Certo dia, brincando com a bola nova na rua, Toninho viu um garotinho que olhava fixamente para a bola colorida.

Cheio de compaixão, pois tinha um coração muito bom, Toninho aproximou-se do menino de bola na mão. Os olhos do pequeno estavam brilhantes quando ele disse:

— Que linda bola! Sempre sonhei ter uma igual a essa.

Levado por um impulso generoso, Toninho estendeu-lhe as mãos, dizendo:

— É sua. Pode levar.

O menino estava surpreso.

— Você está me dando a sua linda bola?! — indagou, ainda não acreditando em tamanha felicidade.

Como Toninho confirmasse, ele agradeceu e, agarrando a bola com as duas mãos, virou-se e saiu correndo e gritando de alegria.

Toninho sorriu também, contente. Por que não satisfazer o desejo do garoto? Afinal, ele bem que sabia o que era desejar uma coisa e não poder ter.

Quando o pai chegou do trabalho de tardezinha, ele contou o que fizera.

— Fez muito bem, meu filho, não devemos ser egoístas. Mas, não sentirá falta da sua bola?

— Não, meu pai, brincarei com outras coisas. E depois, Jesus não ensinou que deveríamos fazer aos outros aquilo que gostaríamos que os outros nos fizessem? Assim, se eu estivesse no lugar daquele menino eu gostaria de ganhar a bola, por isso resolvi dá-la a ele. Então, estou feliz!

O pai fitou o filho com admiração e falou, emocionado:

— Jesus deve estar muito contente com você, meu filho, e o recompensará por isso, pode ter certeza.

Dois dias depois, voltando para casa após as aulas, Toninho entrou no seu quarto para guardar o material e trocar de roupa, quando teve uma grande surpresa.

Bem no meio do aposento, entre outros brinquedos, estava o mais lindo cavalo de madeira que Toninho jamais vira!

Cheio de espanto, aproximou-se dele acariciando-o ternamente, temendo vê-lo desaparecer.

O pai entrava no quarto neste momento e ele virou-se, indagando com o olhar ansioso o que significava “aquilo”.

— Minha patroa mandou-lhe estes brinquedos. Eram do filho dela, mas ele está muito crescido e não brinca mais. Então, resolveu dá-los a você. Gosta?

— Se gosto? É a coisa mais linda que já vi na minha vida, papai! — disse Toninho, abraçando o cavalinho pelo pescoço e beijando a crina de barbante.

Depois se levantou e, limpando as lágrimas com as costas das mãos, afirmou:

— Acho que Jesus deve ter realmente ficado contente comigo, papai, para mandar-me este presente!

Autoria: Célia Xavier Camargo – Imagem: Internet Google.