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sábado, 1 de janeiro de 2022

A Semente

Olavo, menino de sete anos, irrequieto e sem paciência, não conseguia realizar suas pequenas tarefas, reclamando de tudo.

Sentava-se para fazer os deveres da escola, mas em poucos minutos largava o lápis, irritado, alegando:

— Esta tarefa é muito difícil! Não sei fazer.

Convidado pelos colegas para assistir a um filme, logo se mostrava impaciente, reclamando:

— Este filme é muito comprido! Não aguento mais!

Ao ser chamado para jogar bola, em pouco tempo estava cansado da brincadeira:

— Este jogo não acaba nunca! Vamos brincar de outra coisa?

A mãe, preocupada com o comportamento do filho, ouvia suas reclamações, aconselhava-o a ter paciência e a se esforçar mais, sem conseguir resultado algum.

Certo dia ela resolveu levá-lo para passear.

Era primavera. Caminhando por uma praça, Olavo ficou encantado com uma árvore florida e exclamou:

— Veja mamãe, que árvore grande e bela! Suas flores são lindas e perfumadas!

Mais adiante, Olavo parou diante de uma estátua recentemente inaugurada. A escultura homenageava um pioneiro da cidade, reproduzindo sua figura em tamanho natural. Olavo, admirado diante da estátua, comentou:

— Veja mamãe, que estátua bonita. Parece ter vida!

Logo em seguida, passaram por uma grande pedra que compunha a ornamentação do jardim, e o menino considerou:

— Já esta pedra não serve para nada!

A mãezinha, aproveitando a ocasião, explicou:

— Engana-se, meu filho. De uma pedra bruta como esta é que o artista fez aquela escultura que você admirava há pouco.

— Como será que o artista consegue fazer um trabalho tão bonito?

A mãe sorriu e respondeu:

— Certamente gasta muito esforço e tempo.

E apanhando uma vagem no chão, abriu-a, retirou uma das sementes e colocou-a na palma da mão do menino, considerando:

— Tudo na vida depende de esforço, meu filho. De uma pequena semente como esta é que nasceu a árvore enorme e bela que você está vendo. Representa o esforço conjugado da natureza e do homem, pois alguém cuidou dela para que se desenvolvesse.

O garoto teve uma ideia e disse, animado:

— Vou levar esta semente e plantá-la em nossa casa. Quero vê-la crescer logo!

— Boa ideia, meu filho. Porém, não tenha pressa. Serão precisos muitos anos para que esta pequena semente se transforme em uma árvore. Mas você terá a oportunidade de vê-la nascer, crescer e se desenvolver.

Olavo ficou decepcionado.

— Gostaria que crescesse logo!

— Nada acontece de um dia para o outro, meu filho. Tudo que formos fazer demanda esforço, tempo e boa vontade. Você já viu um prédio surgir de repente, uma ponte ser construída do dia para a noite?

— Não. Nem a tarefa da escola se revolve sozinha.

— Isso mesmo. A natureza precisa de tempo para realizar seu trabalho, e nós também. Então, vá em frente. Plante sua semente e verá como é lindo vê-la crescer.

Delicadamente, Olavo levou a semente em sua mão. Chegando em casa, sob a orientação da mãe, ele abriu um buraco, depositou a semente, cobriu-a com terra e regou.

Todos os dias, logo ao acordar, Olavo ia ver o local onde tinha plantado sua semente. Um dia, deu pulos de alegria: um brotinho estava apontando.

Depois, com satisfação Olavo acompanhou o desenvolvimento da plantinha, que todo dia crescia um pouco, até que passou em muito a altura de Olavo.

Aquele menino irrequieto e impaciente aprendeu com aquela semente que tudo tem um tempo certo na vida e que não adianta atropelar as coisas.

Olavo tornou-se bom aluno na escola e alguns anos depois, já moço, foi estudar em outra cidade.

Ao voltar, encantou-se com o que viu. Sua sementinha transformara-se numa linda e frondosa árvore, cheia de perfumadas flores.

Olhando o tronco possante, os galhos frondosos que permitiam sombra e frescor, as lindas flores que enfeitavam a frente de sua casa, Olavo disse à sua árvore, emocionado:

— Nós dois crescemos e já estamos produzindo. Eu, porque consegui terminar a faculdade, e você, porque nos alegra com suas flores e sua sombra. Aprendi muito com você, querida amiga. Obrigado!

Aproximou-se e, abraçando o belo tronco, encheu-o de beijos.

Autoria: Célia Xavier Camargo – Imagem: Internet Google.