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sábado, 15 de abril de 2023

A Caixa de Bombons

Dinho, menino de cinco anos, não conseguia parar quieto. Impaciente, andava de um lado para outro, com expressão de sofrimento.

Percebendo a inquietação do menino, a mãe perguntou:

— O que está acontecendo, meu filho?

Com as mãos apertando a barriga o garotinho reclamou, em lágrimas:

— Minha barriga dói, mamãe! Ai! Ui! Ai! Não aguento mais!...

Cheia de ternura, a mãezinha colocou o pequeno no colo e passou a massagear- lhe a região da dor, enquanto ele se aconchegava ao seu seio.

— Por que, mamãe, estou sofrendo tanto? Será que o Papai do Céu não gosta mais de mim? — perguntou, com a voz entrecortada pelos soluços.

Acalentando-o ainda mais junto ao peito, a mãezinha explicou:

— Não é nada disso, meu filho. Deus ama a todos nós da mesma maneira: a você, a mim e às outras pessoas. Nós é que, muitas vezes, com nossas atitudes, causamos o próprio sofrimento.

Fez uma pausa, para ver se o garoto estava entendendo, e perguntou:

— Vejamos: o que foi que você comeu hoje?

Dinho, que prestava atenção no que a mãe dizia, franziu a testa no esforço de se lembrar, e, parando de chorar, respondeu:

— Quando levantei, tomei um copo de leite e comi bolachas.

— Ótimo! E na hora do almoço?

— Comi arroz, feijão, bife e batatinha frita, que gosto muito!

— Muito bem! E foi só isso? Será que não esqueceu alguma coisa?

O menino concentrou-se e depois acrescentou, satisfeito:

— Tomei sorvete de morango!

— Isso mesmo, Dinho. Mais alguma coisa?

— Não. Só comi isso.

— Pense bem, meu filho!

Dinho não saberia dizer se foi o olhar da mãe que parecia saber tudo, mas a verdade é que baixou a cabeça, com o rosto vermelho, sentindo-se descoberto. Lembrou-se de que, na parte da tarde, foi até o armário onde sua mãe guardava as guloseimas para repartir com a família, pegou uma caixa de bombons e comeu tudo, tudo, tudo, sozinho, escondido atrás da casa.

Esfregando as mãos, com medo da reação da mãe, ele contou o que tinha feito.

Sem reprovar o comportamento do menino, ela considerou:

— Está vendo, Dinho? A dor não foi mandada por Deus, meu filho. Ela é consequência da sua gulodice. Se você tivesse repartido com seus irmãos a caixa de chocolates, não estaria passando mal e sentindo dor.

Nesse momento, ouviram o barulho de um trem que chegava. De longe escutaram seu apito estridente: PIUIIIIII... PIUIIIII...

A mãezinha aproveitou a oportunidade e explicou:

— Está escutando o apito do trem?

— Estou.

— Pois bem! O maquinista está comunicando a todos que o trem está se aproximando da cidade e que é preciso tomar cuidado. É um aviso! Da mesma forma, meu filho, a dor também é um alerta do nosso corpo avisando que algo não vai bem dentro dele e que é preciso tomar cuidado. Entendeu?

— Entendi, mamãe. A dor é nossa amiga! É por isso que a gente vai ao médico?

— Isso mesmo, meu filho! Normalmente, quando estamos com algum problema, procuramos o médico que saberá nos ajudar.

— Então, hoje nós iremos ao médico?

A mãezinha sorriu, completando:

— Neste caso, não há necessidade. O doutor, que conhece você muito bem e sabe da sua gulodice, já prescreveu um remédio natural para essas ocasiões. Agora, vou dar-lhe algumas gotinhas que ajudarão seu organismo a melhorar, amenizando a dor. Está bem?

Dinho sorriu, confiante e satisfeito. Sentia-se seguro, porque o Pai do Céu o amava e porque tinha uma mãezinha tão sabida e tão boa.

Autoria: Célia Xavier Camargo
Imagem meramente ilustrativa – Fonte: Internet Google.
 

sábado, 1 de abril de 2023

A Banda

Numa classe, a professora estava tendo dificuldade em explicar aos seus pequenos alunos sobre os cuidados que se deve ter com o próprio corpo. Dizia ela:

— É preciso cuidarmos de nosso corpo para que ele possa funcionar bem. Cada órgão tem uma função própria e trabalha para executar a sua tarefa, obedecendo à harmonia do conjunto. Por exemplo: o coração é responsável por bombear o sangue, levando-o a todas as partes do corpo através das artérias; o estômago processa a comida; os rins filtram o sangue; os pulmões cuidam da respiração. Tudo isso sob o comando do cérebro. Entenderam?

Os alunos olhavam com cara de dúvida, mas o pequeno Rogério meneou a cabeça, afirmando, convicto:

— Não.

A professora tentou explicar de novo, de maneira diferente, mas viu que eles continuavam sem entender direito.

Aí ela teve uma ideia. Aproveitando o desejo de realizar um projeto que tinha em mente, perguntou:

— Vocês têm em casa algum instrumento musical de brinquedo?

Muitos levantaram a mão.

— Eu tenho um tamborzinho, professora! — disse Rogério.

— E eu, um pianinho! — afirmou Aline.

— Tenho uma sanfona! — gritou Maurício, do fundo da sala.

Assim, apareceram mais três cornetas, duas flautas, uma gaita, um prato e duas violas.

Satisfeita, a professora pediu que trouxessem os brinquedos no dia seguinte. Apesar de não saberem qual a intenção da professora, as crianças obedeceram.

No dia seguinte chegaram, curiosas, portando seus instrumentos musicais.

Entrando na sala, a professora explicou:

— Com esses instrumentos, vamos formar uma banda. O que acham?

As crianças adoraram. A professora ordenou:

— Muito bem! Agora prestem atenção! Quando eu der sinal, vocês começam a tocar.

E assim ela fez. Disse “já”, e todos começaram a tocar ao mesmo tempo.

Foi uma confusão! Barulho ensurdecedor tomou conta da classe.

A outro sinal, elas pararam.

Os alunos estavam horrorizados. Alguns até taparam os ouvidos para o ruído infernal que se fizera.

— O que acharam? — perguntou a professora.

— Horrível! — respondeu o pequeno Rogério, ao que todos concordaram.

A professora sorriu e explicou:

— Realmente, estava muito ruim. Para tocar em conjunto, é preciso aprender. Só assim teremos um som bonito e harmonioso. Mas, não se preocupem. Vocês vão aprender!

Dali em diante passou a orientá-los, ensinando como cada um deveria tocar seu instrumento até que estivessem todos afinados. Muitos dias depois, quando já estavam em condições de tocar em conjunto, ela resolveu fazer o ensaio geral.

Sob a regência da professora, eles começaram a tocar o que tinham aprendido. Ficou lindo! Os sons saíram dos instrumentos na hora certa, na medida exata, numa integração harmoniosa e agradável ao ouvido.

As crianças estavam maravilhadas! Jamais esperavam que pudesse sair tão bonita a melodia simples que tocaram.

Bateram palmas, se abraçaram, pulando de satisfação e de alegria.

Quando os alunos se acalmaram, a professora perguntou:

— E então? Perceberam a diferença? É que, agora, ninguém toca o que quer, como quer. Cada um toca uma parte diferente da mesma música, seguindo uma ordem e com disciplina. Isto é um conjunto!

Fez uma pausa e indagou:

— Será que essa bandinha tem alguma relação com nosso corpo?

Para sua satisfação, foi Rogério quem respondeu:

— Claro que tem, professora! Acho que os músicos são como os órgãos do corpo! E eu sou o coração, porque toco tambor e dou o ritmo!

— Isso mesmo! Parabéns, Rogério!

O regente representa o cérebro, que comanda o corpo, não é professora? — concluiu outra aluna.

— Certo! Vocês entenderam muito bem! Então, para que o corpo funcione bem é preciso que cada parte, cada órgão, cumpra direitinho sua função. Já pensaram se cada órgão do corpo resolver trabalhar como quiser? Seria um caos! Assim, temos que cuidar da higiene, nos alimentarmos de forma sadia, protegendo e cuidando do corpo que Deus nos concedeu, para termos saúde orgânica. Manter o pensamento elevado, cultivar a paz, para termos equilíbrio e saúde espiritual. Entenderam?

Todos tinham entendido.

A partir desse dia, o sucesso da bandinha foi tanto que passaram a se apresentar em todas as festas da escola, agradando a todos. Deram até um nome para a banda: CORPO MUSICAL.

Autoria: Célia Xavier Camargo
Imagem meramente ilustrativa – Fonte: Internet Google.