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sábado, 30 de novembro de 2019

NINA E A ASSOMBRAÇÃO


Naquela tarde, ao chegar da escola, Nina não entrou correndo pela porta da sala para abraçar mamãe e fazer festinhas em seu gatinho Bóris. Ela estava meio "jururu", e, pelos seus olhinhos, parecia ter chorado. Que teria acontecido?

Mamãe esperou quando Nina foi lanchar e falou, carinhosa:

- Então, filhinha, não quer me contar o que aconteceu?

- Não aconteceu nada...

- E desde quando nada faz a gente chorar?

- Está bem, mãe, vou lhe contar... Foi o Beto, aquele bobalhão lá da escola...

- O filho de D. Adelaide? Que foi que ele fez?

- A D. Carolina, da secretaria, foi até nossa sala para preencher uns dados que faltavam nas fichas de matrícula.

Quando ela perguntou qual era minha religião, eu disse: sou espírita.

- Muito bem, e daí?

- E daí que na hora do recreio o Beto se juntou com outros meninos e começaram a rir de mim, dizendo:

- A Nina é espírita... Ela acredita em alma do outro mundo, ela acredita em assombração...

- E você se aborreceu com isto?

- No princípio não, mas depois eles me "encheram" tanto que tive vontade de dar um soco neles. . .

- Por que, ao invés de dar um soco neles, você não pensou em lhes explicar que não acredita em assombrações, mas sim em Espíritos?

- Mas como eu poderia explicar o que é um Espírito?

Pegando Nina pela mão, mamãe a levou até seu quarto. Abrindo o armário, de lá tirou um álbum de retratos. E mostrou à garota duas fotografias, perguntando:

- Sabe quem é esta, Nina?

- A do lado direito eu sei: é a Vovó Marita, que já desencarnou.

- Pois está do lado esquerdo também é a vovó; só que bem mais nova.

- Puxa, como a vovó era bonita...

- E você sabe, Nina, onde está vovó Marita agora, depois que desencarnou?

- Eu sei; ela está no Mundo Espiritual. Perdeu seu corpo de carne, mas continua a ser a vovó Marita em Espírito.

- E se pudéssemos tirar um retrato da vovó, no Mundo Espiritual, como acha que ela apareceria na fotografia?

Como um fantasma, aquela figura que aprece vestir um lençol branco?

- Claro que não, Mamãe. Ela apareceria em um retrato não muito diferente do que era quando encarnada...

- Pois é, minha querida. O Espírito é assim. Alguém que desencarnou, mas guarda as qualidades que possuía. E, geralmente, a aparência da última reencarnação.

- Gostei desta explicação, mãe. Acho até que vou levar os retratos da vovó Marita para o Beto ver. E vou perguntar pra ele se a avó dele, que também já desencarnou, virou fantasma. Aposto que ele vai achar muito melhor e mais certo dizer que ela é um Espírito desencarnado, alguém do jeitinho que ele conheceu...

Mamãe sorriu da ideia de Nina e a achou interessante.

Fonte: CVDEE - Centro Virtual de Divulgação e Estudo do Espiritismo.
Fonte da imagem: Internet Google.

sexta-feira, 15 de novembro de 2019

JOAQUIM E OS FRUTOS


Joaquim é o filho mais novo de D. Clotilde e também o que dá mais trabalho a ela na hora do almoço.

Sabem por que? Porque ele não gosta de comer verduras e legumes... E, na hora do almoço ou da janta, viiixee!!! É aquele problemão.

- Joaquim, olha que cenourinha tão bonitinha, ela está enfeitando seu pratinho, mas se você a comer, você ficará mais forte, mais coradinho!... – dizia sua mãe.

- Argh! Que coisa ruim. Não sei pra que existe isso... – respondia o menino, retirando as rodelas de cenoura e as jogando no chão!!

Sua mãe o repreendia, então, dizendo se não as comesse, ao menos no chão não deveria jogar, porque chão não é local de lixo e comida não se desfaz assim. Mas o menino... Ah! Ele nem estava aí...

Ele não queria saber de batata, alface, espinafre, nada nadinha... E ainda por cima vivia pegando a batata da cesta e a chutando como se fosse bola de futebol.

Sua mãe vivia lhe dizendo sobre quem criou as verduras, os legumes, as frutas, os alimentos.... Vocês sabem quem foi? Isso mesmo, foi Deus e Ele os criou para nos auxiliar, pois através da alimentação saudável ficamos fortes, crescemos e auxiliamos nossa inteligência a se desenvolver também através dos alimentos. Por isso não devemos estragar os alimentos.

O Joaquim, no entanto, ah que menino danado! Nem liga para o que a mamãe explica.

Um dia, Joaquim estava brincando no quintal e viu seu pai pegar uma porção de carocinhos e enterrá-los na terra. E pensou:

- Por que será que papai enterrou aqueles carocinhos? Iixee... acho que ele ficou biruta!!!!!

Joaquim gostava muito de jogar bola com seus irmãos no quintal de casa, mas um dia... beeem, um dia, estava chovendo muuuuito e eles não puderam brincar de bola no quintal e Joaquim olhava pela janela para o quintal e pensava:

- Que chuva mais chata! Só serve para estragar nossa brincadeira! Não vale pra nada!

No dia seguinte, de manhãzinha... Joaquim pegou sua bola, foi para o quintal e.... Oh! Surpresa! Que era aquilo ?! No lugar onde o papai enterrara os carocinhos, naquele outro dia, agora tinha uma porção de plantinhas!

Ele correu para dentro, chamando o paizão:

- Papai, ô Pai!! Corre! Vem ver! Lá no quintal tá cheio de matinho! Vem!!!

Papai, então, foi com Joaquim no quintal e explicou:

- Quando a gente come uma maçã, uma uva, melancia e outras frutos, verduras ou legumes que tenham caroços, se a gente pegar seus carocinhos e enterrar, com a ajuda do sol e da chuva, esses carocinhos viram uma plantinha, que mais tarde vai dar frutos para gente comer e ficar forte, forte!

- Nossa, pai, que trabalhão para nascer um frutinho!

- Para você ver, filhão. Você me ajuda a cuidar dessas plantinhas, para vermos o fruto que nascerá?

- Essa eu quero ver! Ajudo sim!

E Joaquim cuidou das plantinhas do quintal, cuidou, cuidou ... até que um dia...

- Nossa! Que linda!!!

- Que será que tinha nascido!!! Vamos ver?

- Isso, filho – comentou papai – é uma abóbora e é muito gostosa. Vamos leva-la pra mamãe cozinhá-la e nós comermos?

- Vamos! Essa abóbora acho que vou comer também – responde Joaquim – parece deliciosa e, depois, foi um trabalhão pra ela nascer, crescer, ficar gordinha e eu não posso jogá-la fora. Tanto trabalho pra nada? Está errado, né pai?

Papai sorriu, concordando com a cabeça.

Joaquim, a partir desse dia, passou a comer tudo que sua mãe colocava no seu prato. Ele tinha aprendido a respeitar a natureza, pois viu o trabalhão da mãe natureza pra fazer os frutinhos nascerem, e ele até não mais reclamou da chuva, porque sabia que ela também era importante pras plantinhas.

Autoria Desconhecida - Fonte: CVDEE - Centro Virtual de Divulgação e Estudo do Espiritismo.
Fonte da imagem: Internet Google.

sexta-feira, 1 de novembro de 2019

HISTÓRIA DE UM PÃO


Quando Barsabás, o tirano, demandou o reino da morte, buscou debalde reintegrar-se no grande palácio que lhe servira de residência.

A viúva, alegando infinita mágoa, desfizera-se da moradia, vendendo-lhe os adornos.

Viu ele, então, baixelas e candelabros, telas e jarrões, tapetes e perfumes, joias e relíquias, sob o martelo do leiloeiro, enquanto os filhos querelavam no tribunal, disputando a melhor parte da herança.

Ninguém lhe lembrava o nome, desde que não fosse para reclamar o ouro e a prata que doara a mordomos distintos.

E porque na memória de semelhantes amigos ele não passava, agora, de sombra, tentou o interesse afetivo de companheiros outros da infância...

Todavia, entre eles encontrou simplesmente a recordação dos próprios atos de malquerença e de usura.

Barsabás, entregou-se as lágrimas de tal modo, que a sombra lhe embargou, por fim, a visão, arrojando-o nas trevas.

Vagueou por muito tempo no nevoeiro, entre vozes acusadoras, até que um dia aprendeu a pedir na oração, e, como se a rogativa lhe servisse de bússola, embora caminhasse às escuras, eis que, de súbito, se lhe extingue a cegueira e ele vê, diante de seus passos, um santuário sublime, faiscante de luzes.

Milhões de estrelas e pétalas fulgurantes povoavam-no em todas as direções.

Barsabás, sem perceber, alcançara a Casa das Preces de Louvor, nas faixas inferiores do firmamento.

Não obstante deslumbrado, chorou, impulsivo, ante o Ministro espiritual que velava no pórtico.

Após ouvi-lo, generoso, o funcionário angélico falou sereno:

- Barsabás, cada fragmento luminoso que contemplas é uma prece de gratidão que subiu da Terra ...

- Ai de mim - soluçou o desventurado - eu jamais fiz o bem...

- Em verdade - prosseguiu a informante -, trazes contigo, em grandes sinais, a pranto e a sangue dos doentes e das viúvas, dos velhinhos e órfãos indefesos que despojaste, nos teus dias de invigilância e de crueldade; entretanto, tens aqui, em teu crédito, uma oração de louvor...

E apontou-lhe acanhada estrela, que brilhava a feição de pequenino disco solar.

- Há trinta e dois anos - disse, ainda, o instrutor -, deste um pão a uma criança e essa criança te agradeceu, em prece ao Senhor da Vida.

Chorando de alegria e consultando velhas lembranças, Barsabás perguntou:

- Jonakim, o enjeitado?

- Sim, ele mesmo - confirmou a missionário divino. - Segue a claridade do pão que deste, um dia, por amor, e livrar-te-ás, em definitivo, do sofrimento nas trevas.

E Barsabás acompanhou a tênue raio do tênue fulgor que se desprendia daquela gota estelar, mas, em vez de elevar-se as Alturas, encontrou-se numa carpintaria humilde da própria Terra.

Um homem calejado aí refletia, manobrando a enxó em pesado lenho...

Era Jonakim, aos quarenta de idade.

Como se estivessem os dois identificados no doce fio de luz, Barsabás abraçou-se a ele, qual viajante abatido, de volta ao calor do lar...

Decorrido um ano, Jonakim, o carpinteiro, ostentava, sorridente, nos braços, mais um filhinho, cujos louros cabelos emolduravam belos olhos azuis.

Com a benção de um pão dado a um menino triste, por espírito de amor puro, conquistara Barsabás, nas Leis Eternas, o prêmio de renascer para redimir-se.

Francisco Cândido Xavier - Da obra: O Espírito da Verdade. Ditado pelo Espírito Irmão X.
Fonte da imagem: Internet Google.