ESTE É UM BLOG DE ARQUIVO

ESTE BLOG É UM ARQUIVO DE ESTÓRIAS E CONTOS DO BLOG CARLOS ESPÍRITA - Visite: http://carlosespirita.blogspot.com/ Todo conteúdo deste blog é publico. Copie, imprima ou poste textos e imagens daqui em outros blogs. Vamos divulgar o Espiritismo.

sábado, 25 de dezembro de 2010


VIVEREMOS SEMPRE


Filho, não humilhes os ignorantes e os fracos, todos somos viajores da vida eterna.

Do berço ao túmulo atravessamos apenas um ato de imenso drama de nossa evolução para Deus.

Por vezes, o senhor veste o traje pobre do operário humilde para conhecer-lhe as duras necessidades, e o operário humilde veste o suntuoso traje do senhor para conhecer-lhe as duras obrigações na tarefa administrativa.

Quando um homem menospreza as oportunidades de tempo e dinheiro que o Céu lhe confia, volta ao mundo em outro corpo, experimentando a escassez de tudo.

Não escarneças do aleijado. Tua boca poderá cobrir-se de cicatrizes.

Não recolhas is bens que te não pertencem. Teus braços são suscetíveis de caírem paralíticos, sem que possas acariciar o que é teu provisoriamente.

Não caminhes ao encontro do mal, porque o mal dispõe de recursos para surpreender-te, talvez com a perturbação e com a morte.

Ajuda e passa adiante, expandido um coração compassivo para com todas as dores e cheio de amor e perdão para todas as ofensas.

Quando não puderes, louvar cala-te e espera, porque a língua viciada na definição dos defeitos alheios regressa ao mundo em plena mudes.

Quem chega através de um berço risonho, na maioria dos casos é alguém que torna ao campo da carne a fim de restaurar-se e aprender.

Assim como a flor se destina ao fruto que alimenta, o teu conhecimento deve produzir a bondade que constrói e santifica.

Lembra-te de que longo é o caminho e que necessitaremos trocar de corpo. Na direção da vitória final, tantas vezes quantas forem precisas, até que a indispensabilidade da vestimenta física se desvaneça com as encarnações sucessivas...

Colheremos da sementeira que fizermos. Não desprezes, assim, os menos felizes.

O malfeitor e o vagabundo que se deixaram escravizar pelos demônios da preguiça são igualmente nossos irmãos. Ajudemo-los, através de todos os meios ao nosso alcance.

Nem sempre o verdadeiro infortunado é aquele que se debate num leito de sofrimento. Não olvides o infeliz bem trajado que cruza as avenidas da ignorância, sem paz e sem luz.

Filho meu, voltaremos ainda a terra, provavelmente, muitas vezes... O serviço de redenção assim o exige. Ama a todos. Auxilia indistintamente. Semeia o bem, à margem de todas as estradas.

Recorreremos ao amparo de muitos. É da Lei do Senhor que não avancemos sem os braços fraternos uns dos outros.

Prepara, desde agora, a colaboração de que necessitarás, a fim de prosseguirmos, em paz, montanha acima! Se irmão de todos, para que te sintas, desde hoje, no centro da grande família humana, e o Senhor Supremo de abençoará.


Livro: Alvorada Cristã – Médium: Chico Xavier – Espírito: Néio Lúcio.

sábado, 18 de dezembro de 2010


MENSAGEM DA CRIANÇA AO HOMEM


Construísse palácios que assombram a Terra; entretanto, se me largas ao relento, porque me faltem recursos para pagar hospedagem; é possível que a noite me enregele de frio.

Multiplicaste os celeiros de frutos e cereais, garantindo os próprios tesouros; contudo, se me negas lugar à mesa, porque eu não tenha dinheiro a fim de pagar o pão, receio morrer de fome.

Levantaste universidades maravilhosas, mas, se me fechas a porta da educação, porque eu não possua uma chave de ouro, temo abraçar o crime, sem perceber.

Criaste hospitais gigantes; no entanto, se não me defendes contra as garras da enfermidade, porque eu não te apresente uma ficha de crédito, descerei bem cedo ao torvelinho da morte.

Proclamas o bem por base da evolução; todavia, se não tens paciência para comigo, porque eu te aborreça, provavelmente ainda hoje cairei na armadilha do mal, como ave desprevenida no laço do caçador.

Em nome de Deus que dizes amar, compadece-te de mim!

Ajuda-me hoje para que eu te ajude amanhã.

Não te peço o máximo que alguém te venha a solicitar em meu benefício...

Rogo apenas o mínimo do que me podes dar para que eu possa viver e aprender.


Livro: Antologia da Criança – Médium: Chico Xavier – Espírito: Meimei.

sábado, 11 de dezembro de 2010


O MAIOR SERVIDOR


Presente à reunião familiar, Filipe, em dado instante, perguntou ao Divino Mestre: — Senhor, qual é o maior servidor do Pai entre os homens na Terra? Jesus refletiu alguns minutos e contou: — Grande multidão se congregava em extenso campo, quando aí estacionou famoso guerreiro carregado de espadas e medalhas, que passou a dar lições de tática militar, concitando os circunstantes ao aprendizado da defesa.

O povo começou a fazer exercícios laboriosos, dando saltos e entregando-se a perigosas corridas, sem proveito real; todavia, continuou como dantes, sem rumo e sem júbilo, perdendo muitos jovens nas atividades preparatórias de guerra provável.

Logo depois, apareceu na mesma região um grande político, com pesada bagagem de códigos, e dividiu a massa em vários partidos, declarando-se os moços contra os velhos, os lares pobres contra os ricos, os servos contra os mordomos, e, não obstante a sementeira de benefícios materiais, introduzidos na zona pela competição dos grupos entre si, o político seguiu adiante, deixando escuros espinheiros de ódio, desengano e discórdia entre os seus colaboradores.

Depois dele, surgiu um filósofo, sobraçando volumosos alfarrábios e dividiu o povo em variadas escolas de crença que, em breve, propagavam infrutíferas discussões nos círculos de toda gente; a multidão duvidou de tudo, até mesmo da existência de si própria.

A filosofia, sem dúvida, apresentava singulares vantagens, destacando-se a do estímulo ao pensamento, mas as perturbações de que se fazia acompanhar eram das mais lastimáveis, legando o filósofo muitas indagações inúteis aos cérebros menos aptos ao esforço de elevação.

Em seguida, compareceu um sacerdote, munido de roupagens e símbolos, que forneceu muitas regras de adoração ao Pai.

O povo aprendeu a dobrar os joelhos, a lavar-se e a suplicar a proteção divina, em horas certas.

Entretanto, todos os problemas fundamentais da comunidade permaneceram sem alteração.

No extenso domínio, não havia diretrizes ao trabalho, nem ânimo consciente, nem valor, nem alegria.

A doença e a morte, a necessidade e a ignorância eram fantasmas de toda a gente.

Certo dia, porém, apareceu ali um homem simples.

Não trazia armas, nem escrituras, nem discussões e nem imagens, mas pelo sorriso espontâneo revelava um coração cheio de boa-vontade, guiando as mãos operosas.

Não pregava doutrinas espetacularmente; todavia, nos gestos de bondade pura e constante, rendia culto sincero ao Todo-Poderoso.

Começou a evidenciar-se, lavrando uma nesga do campo e adornando-a de flores e frutos preciosos.

Conversava com os seus companheiros de luta, aproveitando as horas no ensinamento fraterno e edificante e transmitia suas experiências a todos os que se propusessem ouvi-lo.

Aperfeiçoou a madeira, plantou árvores benfeitoras, construiu casas e instalou uma escola modesta.

Em breve, ao redor dele, viçavam a saúde e a paz, a fraternidade e as bênçãos do serviço, a prosperidade e o contentamento de viver.

Com o espírito de trabalho e educação que ele difundia, a defesa era boa, a política ajudava, a filosofia era preciosa e o sacerdócio era útil, porque todas as ações, no campo, permaneciam agora presididas pelo santo imperativo da execução do dever pessoal no bem de todos.

Calou-se o Cristo, mas a assistência reduzida não ousou qualquer indagação.

Após contemplar o horizonte longínquo, em longos instantes de pensamento mudo, o Mestre terminou: — Em verdade, há muitos trabalhadores no mundo que merecem a bênção do Céu pelo bem que proporcionam ao corpo e à mente das criaturas, mas aquele que educa o espírito eterno, ensinando e servindo, paira acima de todos.


Livro: Jesus no Lar, lição 7 – Médium: Chico Xavier – Espírito: Néio Lúcio.

sábado, 4 de dezembro de 2010


O REMÉDIO IMPREVISTO


O pequeno príncipe Julião andava doente e abatido.

Não brincava, não estudava, não comia. Perdera o gosto de colher os pêssegos saborosos do pomar. Esquecera a peteca e o cavalo.

Vivia tristonho e calado no quarto, esparramado numa espreguiçadeira.

Enquanto a mãezinha, aflita, se desvelava junto dele, o rei experimentava muitos médicos.

Os facultativos, porém, chegavam e saíam, sem resultados satisfatórios.

O menino sentia grande mal-estar. Quando se lhe aliviava a dor de cabeça, vinha-lhe a dor nos braços. Quando os braços melhoravam, as pernas se punham a doer.

O soberano, preocupado, fez convite público aos cientistas do País. Recompensaria nababescamente a quem lhe curasse o filho.

Depois de muitos médicos famosos ensaiarem, embalde, apareceu um velhinho humilde que propôs ao monarca diferente medicação. Não exigia pagamento. Reclamava tão somente plena autoridade sobre o doentinho. Julião deveria fazer o que lhe fosse determinado.

O pai aceitou as condições e, no dia imediato, o menino foi entregue ao ancião.

O sábio anônimo conduziu-o a pequeno trato de terra e recomendou-lhe arrancasse a erva daninha que ameaçava um tomateiro.

— Não posso! Estou doente! — gritou o menino.

O velhinho, contudo, convenceu-o, sem impaciência, de que o esforço era viável e, em minutos breves, ambos libertavam as plantas da erva invasora.

Veio o Sol, passou o vento; as nuvens, no alto, rondavam a terra, como a reparar onde estava o campo mais necessitado de chuva...

Um pouco antes do meio-dia, Julião disse ao velho que sentia fome, O sábio humilde sorriu, contente, enxugou-lhe o suor copioso e levou-o a almoçar.

O jovem devorou a sopa e as frutas, gostosamente.

Após ligeiro descanso, voltaram a trabalhar.

No dia seguinte, o ancião levou o príncipe a servir na construção de pequena parede.

Julião aprendeu a manejar os instrumentos menores de um pedreiro e alimentou-se ainda melhor.

Finda a primeira semana, o orientador traçou-lhe novo programa. Levantava-se de manhã para o banho frio, obrigava-se a cavar a terra com uma enxada, almoçava e repousava. Logo após, antes do entardecer, tomava livros e cadernos para estudar e, à noitinha, terminada a última refeição, brincava e passeava, em companhia de outros jovens da mesma idade.

Transcorridos dois meses, Julião era restituído à autoridade paternal, rosado, robusto e feliz. Ardia, agora, em desejos de ser útil, ansioso por fazer algo de bom. Descobrira, enfim, que o serviço para o bem é a mais rica fonte de saúde.

O rei, muito satisfeito, tentou recompensar o velhinho.

Todavia, o ancião esquivou-se, acrescentando:

— Grande soberano, o maior salário de um homem reside na execução da Vontade de Deus, através do trabalho digno. Ensina a glória do serviço aos teus filhos e tutelados e o teu reino será abençoado, forte e feliz.

Dito isto, desapareceu na multidão e ninguém mais o viu.


Livro: Alvorada Cristã – Médium: Chico Xavier – Espírito: Néio Lúcio.