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sábado, 30 de maio de 2015

O VASO

Um velho oleiro, muito dedicado ao trabalho, certa feita, adoeceu gravemente e entrou a passar enormes necessidades.

Os parentes, aos quais ele mais servira, moravam em regiões distantes e pareciam haver perdido a memória…

Sem ninguém que o auxiliasse, passou a viver da caridade pública, mas, quando esmolava, caiu na via pública e quebrou uma das pernas, sendo obrigado a recolher-se à cama, por longo tempo.

Chorando, amargurado, fez uma prece e rogou a Deus alguma consolação para os seus males.

Então, dormiu e sonhou que um anjo lhe apareceu, trazendo a resposta pedida.

O mensageiro do Céu conduziu-o até o antigo forno em que trabalhava, e, mostrando-lhe alguns formosos vasos de sua produção, perguntou:

- Como é que você conseguiu realizar trabalhos assim tão perfeitos?

O oleiro, orgulhoso de sua obra, informou:

- Usando o fogo com muito cuidado e com muito carinho, no serviço da perfeição. Alguns vasos voltaram ao calor intenso duas ou três vezes.

- E sem fogo você realizaria a sua tarefa? – indagou, ainda, o emissário.

- Nunca! – respondeu o velho, certo do que afirmava.

- Assim também – esclareceu o anjo bondoso, o sofrimento e a luta são as chamas invisíveis que Nosso Pai Celestial criou para o embelezamento de nossas almas que, um dia, serão vasos sublimes e perfeitos para o serviço do Céu.

Nesse instante, o doente acordou, compreendeu a Vontade Divina e rendeu graças a Deus.

Livro: Ideias e Ilustrações  - Médium: Chico Xavier – Espírito: Meimei.

Fonte da imagem: Internet Google.

sábado, 16 de maio de 2015

NÃO VALE A PENA

Antônio Sampaio Júnior, valoroso tarefeiro do Centro Espírita “Regeneração”, do Rio de Janeiro, era humilde servidor num escritório.

Zeloso, correto, madrugador.

Certa feita, mal havia espanado os móveis pela manhã, para sentar-se à máquina de escrever, foi procurado por amigo situado no comércio do Rio.

– Sampaio – disse o visitante, sem rebuços -, sei que você é espírita e esfalfa-se, há muito tempo, enfrentando dificuldades. Quanto você ganha mensalmente?

- Quatrocentos reais.

O homem fez um gesto irônico e observou:

– Não vale a pena.

E prosseguiu:

– Não ignoro que você tem deveres de caridade na instituição que frequenta, socorrendo órfãos e amparando viúvas… Como é que você arranja numerário para esse fim?

- Gasto o que posso, e, quando a despesa ultrapassa os recursos, tenho amigos… Faço listas, apelos…

- Não vale a pena. Estou informado de que você visita os infortunados nos morros, às vezes com sacrifício da própria saúde… Aproveita decerto o carro de alguém…

- Não disponho dessa facilidade. Temos bonde à porta e, depois do bonde, faz sempre bem uma caminhada a pé…

- Não vale a pena. Disseram-me – continuou o homem – que você, às vezes, passa noites à cabeceira de enfermos… Naturalmente, o diretor faz concessões… Boa cama no dia seguinte, ponto facultativo…

- Não é bem assim – falou Sampaio, humilde -, nem sempre posso visitar os doentes, mas se faço, meu dia de serviço corre normal…

O amigo meteu a mão no bolso interno, trouxe à luz um documento e abriu-se, por fim:

- Pois é, Sampaio, admirando você como sempre, resolvi auxiliá-lo de vez. É tempo de você melhorar. Preciso de um sócio para um negócio da China… Três milhões de Reais. Você assina comigo a papelada e acompanharei todo o assunto… Gastaremos talvez cinquenta mil reais na tramitação do processo… É um navio velho que vamos desencravar… Tudo pronto, você e eu ficaremos provavelmente com mais de um milhão cada um. Basta só que você assine…

Sampaio, sem desejar ofender, perguntou:

– Creio na lisura da iniciativa, mas há algum inconveniente a considerar?

-Bem, o assunto envolve alguns interesses de repartições públicas, mas temos noventa e nove probabilidades a nosso favor…

- E se falharem as noventa e nove?…

- Ah! Se vier o contra – informou o amigo, evidentemente desapontado,  – teremos entrevista no Distrito Policial.

Sampaio, sem perder a serenidade, falou simples:

– Não vale a pena.

E recomeçou a espanar.

Médium: Chico Xavier – Espírito: Hilário Silva.
Fonte da imagem: Internet Google.

sexta-feira, 1 de maio de 2015

A PETIÇÃO DE JESUS

… E Jesus, retido por deveres constrangedores, junto da multidão, em Cafarnaum, falou a Simão, num gesto de bênção:

– Vai, Pedro! Peço-te!… Vai à casa de Jeremias, o curtidor, para ajudar. Sara, a filha dele, prostrada no leito, tem a cabeça conturbada e o corpo abatido… Vai sem delonga, ora ao lado dela, e o Pai, a quem rogamos apoio, socorrerá a doente por tuas mãos.

Na manhã ensolarada, pôs-se o discípulo em marcha, entusiasmado e sorridente com a perspectiva de servir. À tarde, quando o Sol cedia as últimas posições à sombra noturna, vinha de retorno enunciando inquietação e pesar no rosto áspero.

– Ah! Senhor! Disse ao Mestre que lhe escutava os apontamentos – todo esforço baldado, tudo em vão!…

– Como assim?

E o apóstolo explicou amargamente, qual se fora um odre de fel a derramar-se:

– A casa de Jeremias é um antro de perdição… Antes fosse um pasto selvagem. O abastado curtidor é um homem que ajuntou dinheiro, a fim de corromper-se. De entrada, dei com ele bebericando vinho num paiol, a cuja porta bati, na esperança de obter informações para demandar o recinto doméstico. Não parecia um patriarca e sim um gozador desavergonhado. Sentava-se na palha de trigo e, de momento a momento, colava os lábios ao gargalo de pesada botelha, desferindo gargalhadas, ao pé de serva bonita e jovem, que se refestelava no chão, positivamente embriagada…

Ao receber-me, começou perguntando quantos piolhos trago à cabeça e acabou mandando-me ao primogênito… Saí à procura de Zoar, o filho mais idoso, e achei-o, enfurecido, no jogo de dados em que perdia largas somas para conhecido traficante de Jope. Acolheu-me aos berros, explicando que a sorte da irmã não lhe despertava o menor interesse… Por fim, expulsou-me aos coices, dando a ideia de uma besta-fera solta no campo…

Afastava-me, apressado, quando esbarrei com a dona da casa. Dei-lhe a razão de minha presença; contudo, antes de atender-me, passou a espancar esquelética criança menina, alegando que a criança lhe havia surrupiado um figo, enquanto a pequena chorosa tentava esclarecer que a fruta havia sido devorada por galos de estimação… Somente após ensanguentar a vítima, resolveu a megera designar o aposento em que poderia avistar-me com a filha enferma…

Ante o olhar melancólico do ouvinte, o discípulo prosseguiu:

A dificuldade, porém, não ficou nisso… Visivelmente transtornada por bagatela, a velha sovina errou na indicação, pois entrei numa alcova estreita, onde fui defrontado por Josué, o filho mais moço do curtidor, que mergulhava a mão num cofre de joias. Desagradavelmente surpreendido, fez-se amarelo de raiva, acreditando decerto que eu não passava de alguém a serviço da família, a fim de espionar lhe os movimentos. Quando ergueu o braço para esmurrar-me, supliquei considerasse a minha situação de visitante em missão de paz e socorro fraterno…

Embora contrafeito, conduziu-me ao quarto da irmã… Ah! Mestre, que tremenda desilusão!… Não duvido de que se trata de uma doente, mas, logo me viu, a estranha criatura se tornou inconveniente, articulando gestos indecorosos e pronunciando frases indignas… Não aguentei mais… Fugi, horrorizado, e regressei pelo mesmo caminho…

Observando que o Amigo Sublime se resguardava, triste e silencioso, volveu Simão, após comprido intervalo:

– Senhor, não fui, acaso, bastante claro? Porventura, não terei procurado cumprir-te honestamente os desejos? Seria justo, Mestre, pronunciar o nome de Deus, ali, entre vício e deboche, avareza e obscenidade?

Jesus, porém, depois de fitar longamente o céu, a inflamar-se de lumes distantes, fixou no companheiro o olhar profundamente lúcido e falou com serenidade:

– Pedro, conheço Jeremias, a esposa e os filhos, há muito tempo!… Quando te incumbi de ir ao encontro deles, apenas te pedi para auxiliar!…

Livro: Ideias e Ilustrações - Médium: Chico Xavier - Espírito: Irmão X.

Fonte da imagem: Internet Google.